04 novembro 2016

Venda de casas aumentou 22% e valor total das transações disparou


Em 2015 venderam-se 120 mil imóveis urbanos, o que significou um aumento de 22% em comparação com o ano anterior. De acordo com os dados mais recentes, recolhidos junto do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), se tivermos em conta o número total de transações residenciais, ou seja, incluindo os prédios urbanos, rústicos e mistos, constatamos que no ano passado foram transacionados 173 mil unidades, o que significou um aumento de 17% em relação a 2014. Para atingirmos este número juntámos aos imóveis urbanos, as 51 mil unidades rústicas e os dois mil prédios mistos.


Um dos aspetos interessantes na análise destes números é o facto de se constatar que o valor total das transações de imóveis aumentou significativamente. Assim, verificamos um aumento de 25%, em comparação com o ano de 2014. 

Verificou-se também um aumento do valor médio de venda dos imóveis urbanos e outros, tanto a nível nacional, como na cidade de Lisboa.

O aumento do valor médio nas transações de imóveis em 2015 deve-se sobretudo ao fator estrangeiros, destaca Miguel Poisson, diretor-geral da ERA Portugal. Na sua opinião, o aumento da procura por parte dos estrangeiros, e o facto dessa procura se situar num segmento médio-alto - localizada no centro das principais cidades -, cuja oferta é cada vez mais escassa, faz com que o que existe atinja valores elevados. 

É o caso do concelho de Lisboa, onde o número de transações aumentou 31%, em 2015. Contudo, no caso do valor total dos imóveis transacionados, o aumento foi mais significativo, sendo superior a 41%. 

Forte valorização em Lisboa 

O concelho de Lisboa é uma das zonas do país onde os preços dos imóveis apresentam uma maior valorização. Os valores médios rondam os três mil euros o metro quadrado (m2), contudo, em certas zonas da cidade atingem preços que rondam os cinco mil euros, o m2. Na capital, a valorização do imobiliário continuará a ser uma realidade devido à escassez de oferta e à grande procura que continua a fazer-se sentir. 

Segundo Miguel Poisson, “Portugal vai assumir-se, de uma forma estrutural, como um destino do turismo na Europa”. Considera, “que o nosso país terá no turismo a principal fonte de rendimento. Por isso, a procura por parte de estrangeiros de casa para residir, tanto em Lisboa, como em outras localidades do país, vai continuar a aumentar”. 

Contudo, alerta, a oferta de casas não está a acompanhar esta procura, o que faz disparar os preços. 

Outro aspeto interessante é o facto de que os países que estão a liderar esta procura apresentarem um potencial de crescimento muito significativo. É o caso das famílias oriundas de França, Brasil e mesmo da Venezuela, que estão a intensificar a aquisição de imóveis para viver, movidos especialmente por razões de segurança. “São cada vez mais os casais brasileiros que procuram residência no país para trabalhar e para colocar os filhos a estudar, destaca. Em relação à Venezuela verifica-se especialmente o retorno dos emigrantes. 

Outro aspeto a destacar é o facto de o investidor ter garantido o retorno do seu investimento, tendo em conta que mesmo no período de crise do setor, os preços da habitação nos concelhos de Lisboa não terem sofrido uma grande desvalorização, o que dá uma grande segurança a quem compra casa em Portugal. 

“Atualmente muitos ingleses estão a procura imóveis na zona Euro, em particular no Algarve, para se defenderem de futuras desvalorizações adicionais da libra”, destaca Miguel Poisson.

A necessidade de encontrar o equilíbrio nas cidades 

“Temos que caminhar para soluções equilibradas de coabitação dos estrangeiros com as populações locais”, considera Miguel Poisson. Na sua opinião, as autarquias e o próprio Estado, deveriam colocar no mercado muitos dos seus imóveis que estão atualmente devolutos, muitos deles degradados, de forma a aumentar a oferta existente e tornar ainda mais agradável o centro das cidades. Destaca, como exemplo, o caso de um edifício na Rua do Marquês de Fronteira, que atualmente funciona como prisão. “Não faz sentido ter um estabelecimento prisional no centro da cidade. Podia-se tirar melhor partido de um imóvel com estas caraterísticas”, destaca.

Número de imóveis transacionados em 2015
Fonte: caderno imobiliário do jornal Vida Económica de 4 de novembro de 2016

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