22 dezembro 2016

Imobiliário em 2017: Preços mantêm subida e construção nova regressa


O desequilíbrio entre a oferta e a procura, que se acentuou este ano, deverá continuar a marcar o mercado imobiliário em 2017, pressionando os preços em alta e resultando no regresso mais vincado da construção nova. Depois de um ano marcado por “um aumento substancial da procura” e “pela falta de oferta”, nas palavras de Luís Silva, sócio-gerente da mediadora Casas & Retomas, o mercado imobiliário deverá continuar a evidenciar este desequilíbrio em 2017, especialmente no segmento residencial.


Enquanto este contraste persistir, “prevemos que o mercado se torne mais dinâmico e, por conseguinte, exista uma valorização dos imóveis a nível nacional”, explica, por seu turno, Pedro Santos, administrador geral da Reallusa. Além de se manter a tendência de subida de preços já verificada em 2016 – os últimos dados do INE mostram que o preço das casas subiu 7,6% no 3º trimestre face ao período homólogo -, também o regresso da construção de produto imobiliário novo deverá ser uma marca para 2017, defende Pedro Barata, diretor de expansão da Easygest. Aliás, para Luís Silva, “apenas quando a construção de habitação nova for retomada, este desequilíbrio se irá atenuar”. Também José Araújo, diretor da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp, identifica “o reinício da construção em loteamentos bem situados” como uma das tendências para 2017, considerando a “clara falta de oferta de produto habitacional novo, e até de usado, para a classe média”. Nesta área, “temos alguns loteamentos bem localizados e a entrar no mercado brevemente”, diz José Araújo, nomeando exemplos como a Quinta do Morgadinho em Vilamoura; outro em Armação de Pera, que é “o único em primeira linha de mar no Algarve”; o Parque dos Cisnes, com 18 lotes em Miraflores/Algés; outro no Areeiro, no início da av. Afonso Costa, com enorme capacidade construtiva. A Norte, na Arrábida, em Gaia; e novamente na Grande Lisboa, na Amadora,”muito bem situado”; no Lumiar, perto do metro e das vias rápidas de ligação ao centro; e “mais alguns que a seu tempo serão divulgados, como um aldeamento em Albufeira. A grande aposta do Banco para 2017 vão ser terrenos” diz José Araújo, “já que os promotores estão a voltar e não há oferta nova”. 


Mais crédito

Para o responsável, parece claro que ”o crédito à construção começará a ter nova visibilidade”, ao mesmo tempo que “o crédito à habitação deverá continuar a crescer”. A maior acessibilidade no crédito à habitação, que, de acordo com os mediadores, foi um fator de dinamização do mercado em 2016, deverá continuar a influenciar a atividade no novo ano. Pedro Santos explica que, em 2016, “o maior nível de confiança, aliado às melhores condições de crédito oferecidas pelos Bancos, fez com que os clientes avançassem mais depressa para a decisão de compra”. O Millennium bcp, que tem sido uma das entidades bancárias mais ativas na venda de imóveis, destaca precisamente a maior celeridade na decisão de compra, embora num patamar de negócio com dimensão mais expressiva. “Tínhamos este ano também um grande desafio que era fechar de vez vários negócios mais demorados e de valor significativo”. O objetivo foi “plenamente atingido”, já que de 6 “edifícios grandes” de escritórios que “tínhamos em venda em Lisboa e no Porto no início deste ano, resta apenas um no Porto; de 3 parques de estacionamento com mais de 200 lugares, resta só um em Coimbra; em termos de lotes para construção, de 5 com dimensões consideráveis estamos convictos que dia 31 ficará só um em venda. Por isso, achamos que o mercado reagiu bem ao nosso produto e serviço integrado”, conclui José Araújo. 

Não residencial cresce

Ainda que o crescimento de procura e de preços tenha sido mais acentuado no segmento habitacional, também nos segmentos não residenciais a atividade foi positiva. De acordo com os mediadores consultados, as áreas comerciais de grande movimento nas grandes cidades, armazéns de média dimensão em zonas de boas acessibilidade, os escritórios e armazéns em Lisboa e os armazéns e lojas médias na periferia foram os produtos mais ativos. Para Pedro Barata, além da retoma económica, um dos fatores para o aumento de procura foi a “aquisição para exploração de arrendamento”, o que, na perspetiva de Luís Silva, se deve também “à falta de imóveis residenciais”, que “levou a que os investidores se voltassem para o não residencial como forma de investimento do seu capital”. 

Mas para José Araújo, a procura do não residencial “está ainda abaixo do desejável” e um dos desafios foi, precisamente, conjugar estes níveis de procura com “uma oferta ainda grande deste tipo de imóveis, especialmente terrenos para construção em altura, lojas e armazéns/ unidades industriais”, que na sua opinião, têm ainda “desencontro de preços que possibilitem aumento do volume de negócios”. 

As expetativas em relação aos preços nestes segmentos apontam para estabilidade em 2017, tendência já sentida este ano, ao contrário da habitação, onde o ritmo é de subida. José Araújo defende que os “preços devem estabilizar para que o mercado continue a funcionar com confiança e dinâmica” estando confiante de que “procura de escritórios deve manter-se”, defendendo que “em Lisboa falta também oferta de dimensão, enquanto que no Porto há ainda alguns espaços a preço interessante que podem ser aproveitados pela crescente procura”. “No nosso caso, por exemplo, na rua Latino Coelho, no Porto, temos um imóvel bem situado, com espaço ainda disponível e em muito bom estado, com um preço muito competitivo”, termina. 

Fonte: Público Imobiliário

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