25 dezembro 2016

Seguro Multirriscos Habitação. Provavelmente... o mais importante de todos


Quando importa segurar um bem crucial como a habitação, o multirriscos vai mais além, desde dando resposta para aqueles momentos em que se pensa "que só acontece aos outros". A prevenção de riscos como este é uma questão de responsabilidade social, enquanto a previdência está ao alcance de todos, bastando para tal proteger os bens através de um contrato de seguro que corresponda às necessidades de segurança.

Em termos legais, para as propriedades horizontais só é obrigatório ter a cobertura de incêndio, mas a verdade é que numa casa muito pode acontecer para além desse incidente. Para mostrar aos consumidores portugueses algumas soluções que podem salvaguardar a sua habitação, a plataforma independente de comparação de produtos financeiros ComparaJá.pt analisou o mercado dos seguros multirriscos e os fatores a considerar na sua contratação.

Até onde vai esta oferta?

Um seguro multirriscos habitação possui caráter indemnizatório, ressarcindo o tomador do seguro de qualquer prejuízo efetivamente sofrido, cobrindo os danos causados num imóvel e/ou no seu recheio em virtude de incidentes como catástrofes naturais, incêndios, explosões, indemnização por furto/roubo, estragos causados por água, problemas elétricos, entre outros.

Portanto, este é um seguro que vai muito para além da apálice que é obrigatória por lei, que cobre apenas os danos diretamente causados por incêndios em edifícios em propriedade horizontal (sendo muito limitado). Na eventualidade de este tipo de problemas não acontecerem só aos outros, é possível ter um nível de segurança em casa muito maior ao contratar um seguro multirriscos habitação.

Imaginando que a máquina de lavar tem uma avaria enquanto se está fora de casa, provocado uma inundação no andar de baixo, estragando todos os eletrodomésticos e inclusive o chão de madeira do vizinho. Suponha-se ainda uma descarga elétrica que queima os eletrodomésticos. Ou um cobertor elétrico (tão útil nos meses de inverno) que fica ligado por esquecimento e origina um incêndio no quarto. E se um dia chegar a casa e tiver sido vítima de furto por arrombamento? São apenas exemplos de coisas que podem acontecer e das quais o consumidor só é compensado se tiver um seguro multirriscos.

Multirriscos habitação. Como fazer?

Este seguro pode ser feito tanto para o edifício como para o recheio do imóvel (ou mesmo para ambos), sendo que o capital a segurar deve ser o do valor de reconstrução da casa, ou seja, o valor que o consumidor teria de assumir em caso de destruição total.

Para calcular o valor de reconstrução recorre-se à seguinte fórmula: "área do imóvel vezes o preço do m2 na localização da casa". Para saber o valor do m2 correspondente à zona da habitação, recorre-se aos valores emitidos pela Associação Portuguesa dos Peritos Avaliadores de Engenharia (APAE) relativos ao valor do m2 de reconstrução por zonas. Quem vive numa moradia deve englobar quaisquer anexos contíguos, garagem, piscina, jardim e afins na contratação da apólice. Já quem mora num apartamento deve incluir o valor proporcional das partes comuns do prédio (como elevadores e telhado).

Há que ter ainda atenção à chamada "regra proporcionai", que se aplica quando o capital seguro é inferior ao custo da reconstrução (no caso de edifícios) ou ao custo de substituição de um equipamento ou móvel por um novo. Neste caso, à data do sinistro, a seguradora só pagará a parte dos prejuízos proporcional à relação entre o custo de reconstrução ou de substituição e o capital seguro.

A título exemplificativo, se o custo de reconstrução de um edifício for de 100 mil euros e este estiver seguro por 80 mil euros, neste caso a seguradora será responsável apenas por 80% dos prejuízos causados, ficando os restantes 20% a cargo do segurado. Caso se verifique o oposto - capital seguro superior ao valor de reconstrução ou substituição - a seguradora indemnizará apenas até ao limite máximo do valor de reconstrução ou substituição. 

Quanto ao recheio, o consumidor deve calcular o montante que seria necessário para substituir os utensílios (vestuário, eletrodomésticos e outros) que a casa contém caso ocorresse um sinistro, tendo em atenção que objetos como tapeçarias, armas, jóias, peças de coleção e equipamentos de som e fotografia são considerados como "objetos especiais". 

Todo o conteúdo deve estar corretamente discriminado na apólice, caso contrário a seguradora apenas pagará um valor máximo que não ultrapassa 1.500 euros. É-de salientar que o prémio poderá ser agravado se os objetos especiais ultrapassarem o valor total do recheio em 30%.

A contas com a realidade

Para saber qual é a oferta do mercado ao nível destes produtos, recorreu-se ao perfil da proprietária Inês Vicente, que possui um apartamento T4, construído em 2000, com 187 m2, na cidade do Porto junto ao centro. Esta proprietária pretende segurar tanto o próprio edifício em 150 mil euros como o seu conteúdo em 10 mil euros (5 mil euros para equipamentos e outros 5 mil euros para mobiliário) com uma opção base que detenha as coberturas complementares de fenómenos sísmicos (com franquia de 5%) e de riscos elétricos com capital de 2.500 euros. 

De um modo geral, as seguradoras disponibilizam três pacotes deste produto: um básico, um intermédio (que acrescenta algumas coberturas ao plano mais simples) e um mais completo. 

Ainda assim, mesmo um plano básico de um seguro multirriscos habitação já oferece um vasto leque de coberturas, sendo que as dez apresentadas na tabela abaixo são as que devem ser consideradas pelo consumidor como sendo prioritárias e imprescindíveis para a proteção da sua casa ou de danos causados a terceiros em virtude de sinistros na sua habitação.

Para efeitos de análise, consideraram-se quatro das vinte seguradoras que mais cresceram em 2015 relativamente à oferta destes seguros para particulares: Mapfre, Allianz, Caravela e Ocidental.

Dentro das opções apresentadas, a mais completa é a da Caravela Lar - Opção Base, que inclui todas as coberturas essenciais por 157,92 euros anuais. A solução mais acessível é a Mapfre "Netcasa Base", cujo prémio anual é de 90,26 euros representando uma poupança de 142,75€ face à mais cara, a Ocidental "HOMIN Base" - mas não inclui indemnização por furto/roubo, danos por água e riscos elétricos. 

Sobre esta análise comparativa, Sérgio Pereira, diretor geral da ComparaJá.pt, realça que "no caso da cobertura de fenómenos sísmicos, esta é altamente recomendada pelo facto de cobrir os danos que venham a emergir de um tremor de terra, maremoto ou até erupção vulcânica. Além disso, nos contratos de crédito à habitação, os bancos obrigam a subscrever esta garantia. No entanto, esta é uma proteção muitas vezes subestimada pelos consumidores, que não a identificam como uma necessidade no seu dia-a-dia, mas a sua contratação é crucial, pois dificilmente uma família conseguirá cobrir os danos que uma catástrofe como um terramoto provoca". E ainda neste contexto acrescenta: "É, claro que se às coberturas essenciais se adicionarem outras, seja avulso ou, num pacote mais amplo, o prémio do seguro ficará mais caro. Não obstante, existem formas de o consumidor conseguir reduzi-lo através de soluções que servem para prevenção de risco, tais como fechaduras de alta segurança, uma porta de entrada blindada ou extintores e sistema de deteção de incêndio. Todos estes pormenores são avaliados pelas seguradoras para efeitos de definição do risco e cálculo do prémio. Da mesma forma, imóveis em zonas isoladas (o que não é o caso do perfil utilizado nesta análise) ou que sejam sede de alguma atividade comercial sofrem agravamentos nos prémios".


Fonte: Jornal Económico

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