06 janeiro 2017

ERA. “Famílias portuguesas continuam a representar mais de 80% das vendas”


O crescimento das vendas no setor imobiliário deveu-se ao aumento da procura por parte dos estrangeiros, mas também das famílias portuguesas, que representam parte significativa dos clientes da ERA Portugal.


Como avalia o desempenho do setor em 2016? 
O ano 2016 foi um ano muito positivo que beneficiou de uma conjugação de ingredientes fundamentais para o crescimento do setor: um aumento sólido da procura - não só dos tão falados estrangeiros como sobretudo das famílias portuguesas que continuam a representar mais de 80% das nossas vendas -, um aumento de cerca de 50% da concessão de crédito, que permitiu a vários compradores formalizar a compra de uma casa, o que não tinha sido possível nos anos anteriores, e, finalmente, uma atmosfera de maior confiança na economia portuguesa que deu mais segurança às pessoas (famílias e investidores portugueses e estrangeiros) de investirem no imobiliário. Obviamente que o facto de os investimentos financeiros, em particular os habituais depósitos a prazo, terem atualmente retornos quase nulos levou a uma mudança de focus dos investidores, que perceberam que é muito difícil, nos dias que correm, obter retornos superiores aos que são obtidos no setor imobiliário. Para não falar do risco que é muitíssimo inferior no setor imobiliário do que noutros investimentos alternativos… 

Estão reunidas as condições para que 2017 seja um bom ano para o setor imobiliário? 
Sim. A procura vai continuar a ser forte, sobretudo por parte de cidadãos estrangeiros que fogem da insegurança nos seus países, caso do Brasil, França, Venezuela, a concessão de crédito vai continuar a crescer de forma controlada, como tem acontecido - recorde-se que a concessão de crédito à habitação está ainda 70% inferior aos níveis de 2007, o que indicia uma margem de manobra importante sem deixar de manter critérios sólidos de análise de risco -, e espera-se que a economia portuguesa continue a crescer. Portugal vai continuar no radar dos turistas e dos investidores estrangeiros, o que tem uma relação direta com o crescimento do setor imobiliário no qual veremos em 2017 um aumento na área da construção, já que, em muitas zonas do país, começa a escassear a oferta de casas novas. Nas grandes cidades, a reabilitação urbana vai continuar, o que é muito importante para tornar as nossas cidades cada vez mais atrativas e agradáveis.

Qual é a reação do mercado às novas medidas fiscais e legislativas incluídas no OE 2017?
De uma forma geral, a reação é negativa. É sabido que o setor imobiliário tem crescido muito acima da economia portuguesa e tem mesmo funcionado como um dos motores que arrastam a economia para patamares superiores de crescimento. Tem havido um claro “ataque” fiscal a este setor e o receio que todos os profissionais que trabalham nesta área têm é que se “mate a galinha dos ovos de ouro” ao criar instabilidade fiscal (esta incerteza é dos fatores mais “eficazes” para afastar os investidores do nosso país, que acabam por poder escolher outras geografias onde isto não acontece de forma tão recorrente). Este setor cria muito emprego, na medida em que a atividade imobiliária tem impactos nas empresas de construção, engenharia, arquitetura, advocacia, mediação imobiliária, materiais de construção, notários, etc., etc., etc. Uma dose excessiva de impostos pode ser fatal e poderemos um dia acordar para esta realidade e ser já demasiado tarde… Faria sentido, tal como é pedido em muitos outros setores, que exista um “master plan” a médio e longo prazo em todos os tipos de impostos relacionados com o imobiliário, para dar a segurança suficiente às pessoas para tomarem decisões com segurança sem que as regras sejam alteradas a meio do jogo. No caso do adicional do IMI, é no mínimo surpreendente que o imposto incida também sobre o capital em dívida (no caso dos imóveis que são comprados, pelas famílias, com recurso a financiamento – ou seja, é taxada uma parte do imóvel que ainda “pertence” parcialmente a uma entidade bancária quando a ideia é taxar a riqueza/posse dos imóveis) e, tratando-se de uma alteração das regras a meio do jogo (quem investiu no imobiliário não contava com este imposto adicional), nem sequer é concedido, a essas pessoas, um prazo mínimo de 1 ou 2 anos para que haja tempo para desinvestir no imobiliário para quem o decida fazer. Medidas desequilibradas acabam por prejudicar Portugal e os portugueses. 

É possível prever quais são os segmentos do mercado com maior potencial de crescimento?
O segmento habitacional vai continuar a crescer porque a concessão de crédito vai continuar a aumentar. Esperemos que isto seja feito com uma boa análise de risco. Aproveito para referir que uma má política de análise de risco dos bancos pode, no curto prazo, aumentar as vendas, mas acaba, no médio e longo prazo, por penalizar as próprias empresas de mediação imobiliária. O alojamento local poderá continuar a crescer se não forem colocadas restrições legais. A razão é simples: Portugal continua a ser um país tranquilo, que proporciona uma boa qualidade de vida e com uma política fiscal atrativa para os estrangeiros que aqui queiram residir. Ou seja, Portugal continua a ser visto como uma excelente destino de férias e, mais do que isso, um excelente local para residir. O arrendamento tradicional continuará a ser baixo (em comparação com a compra) porque as rendas são elevadas e porque o crédito está mais competitivo do que nunca para quem recorre ao crédito à habitação. 

Em relação à ERA Portugal, como está a ser preparado o ano de 2017?
O ano 2016 fica para a história como o melhor ano de sempre da ERA. O nosso plano de negócios para 2017 indica um crescimento a dois dígitos. Vamos continuar a integrar na nossa rede empresários que façam a diferença neste setor e que possam levar a marca ERA aos locais onde podemos melhorar a nossa presença. Estamos a apostar totalmente na qualidade e não na quantidade. Este é o caminho para mantermos e reforçarmos a liderança em todos os mercados onde estamos presentes.

Quais são os principais projetos que a ERA tem em estudo e preparação para o próximo ano?
São vários os projetos que iremos lançar. Vamos continuar a apostar em duas vertentes muito importantes: queremos, por um lado, superar as melhores expetativas dos clientes finais da ERA e, por outro lado, para os empresários que decidem juntar-se à nossa marca, queremos garantir que continuem a beneficiar do modelo mais rentável da mediação imobiliária em Portugal. Iremos continuar a desenvolver a vertente tecnológica do nosso negócio, tornar o marketing cada vez mais diferenciado, proporcionar uma excelente formação aos nossos colaboradores, atrair e reter recursos humanos preparados para enfrentar os desafios de um mercado cada vez mais exigente e, “last but not least”, tornar a nossa organização cada vez mais organizada e sólida para poder responder com celeridade e rigor.

Fonte: Vida Económica

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