18 janeiro 2017

Fundador da Midas investe em estúdios


Ricardo Kendall quer liderar microapartamentos e chegar às mil unidades. A vida empresarial de Ricardo Kendall, fundador da rede de oficinas Midas Portugal é de redes de moda como a Accessorize ou Mr. Blue, deu uma grande volta em 2015, quando, após a venda aos seus sócios de 14 empresas, ficou sentado em cima de uma liquidez próxima de €20 milhões. A ideia de aplicações bancárias deixava-o "apavorado" e no momento de abrir um novo ciclo, recuperou uma paixão antiga, seguindo o rumo do imobiliário de rendimento. Mas, num segmento específico e num estádio ainda embrionário, pelo menos de modo "profissional, organizado e com dimensão".


Ricardo queria manter-se fiel a um dos seus lemas: "Sempre evitei os negócios em que toda a gente está." Tudo ponderado, optou pelo modelo de arrendamento de microapartamentos, com 15 m2, incorporando casa de banho e kitchenette. Uma versão mais ampla das residências universitárias, formatada para pessoas que vivem sozinhas ou em trânsito por uma cidade e vocacionadas para arrendamentos superiores a seis meses.

Na altura, uma consultora americana calculava em 10 mil o défice deste tipo de estúdios em Lisboa, para responder à procura só da comunidade universitária. Ricardo viajou pelas principais capitais europeias, maravilhou-se com exemplos como o que transformou a antiga sede da Shell em 1.000 estúdios, em Amesterdão, e ficou esmagado com a dimensão do líder mundial deste segmento, a americana Greystar (440 mil apartamentos). 

Ano e meio e €10 milhões de investimento depois, Ricardo consolida a marca Smart Studios, conta com quatro empreendimentos (dois em exploração) e 200 apartamentos e ambiciona atingir as mil unidades para se tornar líder destacado deste nicho de mercado. Porque, como aprendeu na Midas, "ser grande é uma grande vantagem". 

À procura de hostels 

O foco da Smart Studios é Lisboa e, no entanto, a estreia verificou-se em Coimbra, na lógica de teste e aprendizagem do negócio. Ricardo aplicou €2 milhões, comprando um edifício de 40 estúdios que já funcionava segundo o modelo que idealizara, perto de hospitais e escolas. "A taxa de ocupação é de 98% e o mercado universitário representa 70%", refere o promotor.

A conquista da capital veio depois. Primeiro, com um projeto em Campolide, adaptando um edifício municipal para acolher 30 apartamentos. A operação, incluindo a remodelação, fica por €1,6 milhões. A operação de maior fôlego centra-se na Ajuda, recuperando um bairro fabril e três prédios em altura que negociou com o BPI. Após as obras em curso, serão 90 estúdios e um investimento de €3.2 milhões. Finalmente, a última aquisição (dezembro 2016) é a primeira a chegar ao mercado. Na zona das Laranjeiras. a curta distância da Universidade Católica, um antigo palacete fora transformado num hostel. Mas, o promotor não chegou a abrir o espaço e Ricardo comprou-o. Após ligeiras adaptações, como uma segunda cozinha e esplanada, evoluiu para 53 estúdios, alguns dos quais duplos.

Ricardo Kendall acredita que, no novo cenário fiscal, o negócio dos hostels ficará menos atrativo e algumas unidades serão colocadas à venda. Esta convicção levou-o até a colocar anúncios para a aquisição de hostels em funcionamento, com o fito de os reconverter em estúdios. Nesta fase, a prioridade "é concentrar esforços em Lisboa, por ser mais rentável e evitar a dispersão, criando volume e desenvolvendo a marca". O promotor diz que segue dois projetos que se se concretizarem, representam mais 500 unidades, conduzindo a rede a uma nova dimensão.

Fonte: Expresso

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.