
Incentivos fiscais pesam menos na escolha do investimento para local efetivo de residência, refere Gustavo Soares, managing director da Sotheby’s Portugal. O ano transato foram comercializadas 7.480 propriedades de luxo em todo o território nacional, representando aproximadamente 6% do total de casas vendidas em Portugal. Nesse sentido, e dado tratar-se de “um nicho muito específico”, impõe-se “uma forte especialização” do segmento.
Este mercado, onde se inserem as propriedades transacionadas acima dos 400 mil euros, encontra como locais “mais relevantes” o eixo Lisboa, Cascais e Sintra, o “triângulo formado pela Quinta do Lago, Vale do Lobo e Vilamoura”, no Algarve, o Porto, Madeira e, de novo, no Algarve “o eixo Carvoeiro, Portimão e Lagos”.
De acordo com Gustavo Soares, managing director da Sotheby’s Portugal, “o conjunto de locais englobados por Lisboa, Cascais e Sintra e o Algarve representam, no seu conjunto, 50% do total de transações de luxo que se realizam em Portugal”.
Os restantes 50% “estão dispersos pelo grande Porto, responsável por 9% das transações”, seguido de zonas geograficamente extensas como Alentejo, Madeira e Oeste. Por sua vez, “o Douro ainda não ganhou a relevância que seria de esperar ao nível do luxo, ao contrário do que seria de esperar de um local absolutamente único e considerado património mundial da Unesco”, refere.
O preço médio de venda de uma propriedade do segmento de luxo situa-se nos 620 mil euros, sendo que a diferença entre propriedades novas e usadas cifra-se em cerca de 30%, “percentagem não tão acentuada como nos restantes segmentos, fundamentalmente pelo maior nível de qualidade dos materiais inicialmente incluídos na construção e pelo nível de investimento aplicado na manutenção e conservação das propriedades”, refere o mesmo operador. No caso da Portugal Sotheby´s International Realty, o preço médio de venda de uma propriedade foi de 762 mil euros, “22% acima da média do mercado”.
Segundo dados da Sotheby’s Portugal, no eixo Vilamoura/Quinta do Lago/Vale do Lobo, o preço médio de venda foi de 1,357 milhões de euros, contra 877 mil em Lisboa, 8092 mil euros em Cascais, 775 mil em Oeiras, 635 mil euros no Porto e 540 mil no Carvoeiro.
O mercado imobiliário “tem uma componente cada vez mais internacional”. A “crescente globalização dos negócios” e o “desenvolvimento de redes de contactos cada vez mais internacionais” movem os compradores na sua aquisição de propriedades para “mercados cada vez mais globais, invertendo a tendência de aquisição de segundas ou terceiras propriedades, nos seus países de residência, para outros países”, refere Gustavo Soares.
Nos últimos anos esta tendência cresceu mais de 40%, fazendo com que o peso de segundas ou terceiras residências no estrangeiro se situe agora em níveis de 16% contra 11% nos anos anteriores. 80% destes compradores detêm no mínimo duas propriedades e cerca de metade destes detêm mais de três propriedades.
Os 10 países mais procurados a nível global para compra de “aditional properties” são EUA, Reino Unido, Suíça, China, França, Austrália, Hong Kong, Monaco, Singapura e Índia. Estes países podem ser vistos como principais opções e concorrentes em relação à compra de propriedades de luxo em Portugal.
Miami, Genebra e Long Island surgem a nível global como “destinos ou locais com maior crescimento no que respeita à procura por parte de compradores internacionais”. Tradicionalmente, estas propriedades eram adquiridas fundamentalmente por razões de lazer, sendo que a esta “juntam-se outras, relacionadas com segurança, estabilidade e razões profissionais”.
O incremento no tempo de permanência nessas propriedades induz outro conjunto de preocupações, reforça Gustavo Soares: “No momento da aquisição, ao local e proximidade ao mar ou outras amenities, juntam-se outras cada vez mais consideradas no momento da decisão, como as chamadas Green Homes, Smart Homes ou Serviced Apartments”.
Verificou-se ainda a manutenção das principais nacionalidades de compradores em relação ao ano anterior, o que revela “a sustentabilidade real de algumas nacionalidades verem de facto Portugal como um destino privilegiado para viverem e adquirem as suas duas habitações”. Começa a revelar-se como uma tendência o facto de cada vez mais estrangeiros escolherem Portugal para local efetivo de residência, “motivados não só por incentivos fiscais, como também pelas características únicas do país”.
Perfil dos
compradores
Em relação ao perfil de
compra, os clientes franceses
procuram essencialmente
casas antigas com charme,
reabilitadas ou para reabilitar
essencialmente no centro
antigo das cidades, refere
Gustavo Soares. “São clientes
muito exigentes, acima dos 50
anos e com orçamentos entre
um e dois milhões de euros,
que procuram uma segunda
habitação para passaram
grande parte do ano”.
Quanto aos ingleses,
“continuamos a ter a procura
clássica por produto de
lazer essencialmente no
Algarve, com Golf e Praia,
mas começam também a
procurar investir em edifícios
para reabilitar no centro das
cidades”.
Os clientes do Médio
Oriente e China procuram
essencialmente o visto
dourado: “São aquisições
apenas para beneficiar da
permissão de livre circulação
no espaço Schengen, não
compram para habitar
mas sim para beneficiar de
rentabilidade associada ao
imóvel”. Os seus orçamentos
“centram-se próximo dos 500
mil euros”.
Por fim, “os brasileiros
centram-se essencialmente
em apartamentos novos e de
arquitetura contemporânea,
com tipologias acima dos três
quartos e orçamentos acima
de um milhão de euros”. Estes
“não procuram para viver
permanentemente mas como
ponte para os negócios na
Europa”, conclui o mesmo
operador.
Fonte: Público
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