31 maio 2017

Preço das casas: Lisboa, Porto e Algarve recuperam mais, mas concelhos limítrofes também já crescem


Crescimento da procura e a falta de oferta são os principais fatores apontados para a subida dos preços. Entre os 15 mercados em Portugal onde os preços das casas mais valorizaram desde que foi atingido o ponto mais baixo, contam-se Lisboa, Porto e dez concelhos do Algarve. A lista foi apurada pela Confidencial Imobiliário (Ci), que explica que “as subidas que estes concelhos registam, refletem as quedas anteriores”, nas palavras de Ricardo Guimarães, diretor desta entidade, já que, olhando para os números, “vemos que todas as cidades desvalorizaram, mesmo Lisboa e Porto. Não houve mercados que tivessem ficado abrigados da crise”.


Além disso, estas subidas estão também associadas ao facto de “inevitavelmente, uma recuperação do mercado habitacional ter começado, e ser mais expressiva, nas principais cidades”, diz Ricardo Guimarães. Por isso, também José Araújo, Diretor da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp, Banco que tem uma carteira de imóveis para venda em todo o país, não estranha, que “depois de Lisboa e Porto, o Algarve seja um dos destinos naturais onde se evidencia mais o crescimento dos preços”.


De acordo com os dados da Ci, Lisboa foi o concelho onde os preços mais recuperaram desde que o mercado atingiu o seu mínimo, apresentando uma variação acumulada de 45% entre esse período (algures entre meados de 2013 e início de 2014) e o 3º trimestre de 2016, para um preço médio de venda de €2.318/ m2. Já o Porto apresenta uma recuperação acumulada nesse período de 17% (com o preço médio de venda na cidade a atingir os € 1.265/m2), enquanto que no Algarve, as recuperações deste top 15 estão entre os 31% e os 16%, abrangendo os concelhos de Faro, Olhão, Loulé, Lagoa, Silves, Albufeira, Portimão, Lagos, Tavira e Vila Real de Santo António, sendo que dos concelhos algarvios, apenas Faro e Olhão, que são os líderes algarvios no ritmo de recuperação, apresentam valores médios de venda abaixo dos €1.000/m2. Este top 15 é ainda integrado por Cascais e Oeiras (com recuperações de 24% e 22%, respetivamente) e por Braga, onde os preços subiram 16% desde o ponto mais baixo do mercado.

Concelhos limítrofes também já sobem

Esta recuperação também já se sente nas zonas limítrofes das duas principais cidades. “A falta de oferta nos centros das duas principais cidades do país e a reabilitação pura e dura a preços acima da média fez com que, inteligentemente, as pessoas procurem zonas e cidades limítrofes onde há ainda bom produto e a bons preços”, defende José Araújo.

Diogo Severino, Gestor do Grupo Remax Vantagem, nota que, face à recuperação mais acentuada de Lisboa, “muitas famílias optam por adquirir imóveis nos concelhos periféricos, como Alenquer ou Vila Franca, fazendo com que os preços também aumentem nestas zonas” refere, estimando que as subidas nos dois concelhos estejam entre 10 e 15%. Também “mercados periféricos do grande aglomerado de Lisboa” como Odivelas e Póvoa de Santa Iria apresentam dinâmicas semelhantes, “com uma recuperação significativa nos preços médios de venda”, refere Rui Filipe, Sócio gerente da Century 21 Serrurbana. De acordo com a CI, desde o ponto mais baixo do mercado, Odivelas terá recuperado cerca de 14%, um nível não muito longe dos 11% estimados pelo mediador. Em relação ao Porto, Nuno Torgal, gerente da NT SIM, que controla as agências ERA de Boavista/Foz, Matosinhos, Leça da Palmeira, São Mamede de Infesta e Senhora da Hora, também sente o aumento dos preços nos concelhos vizinhos, embora não consiga avançar uma ordem de grandeza. “Ficamos com a sensação de que o aumento dos preços é uma onda que se vai espraiando à volta do Porto”, diz.

Mais procura e pouca oferta

Para Ricardo Guimarães, “a generalização da recuperação dos preços decorre da estabilização do sistema financeiro e do sucessivo incremento do crédito à habitação, mas também do crescente desequilíbrio entre uma procura que continua a aumentar e a escassez de oferta adequada às famílias portuguesas, que estão hoje mais confiantes e descongelaram as suas decisões de compra”. Rui Filipe, da Century 21, confirma que “a procura de imóveis ultrapassa, em larga escala, a oferta existente”, pelo que a recuperação sentida nos preços reflete “a mais pura forma da lei da oferta e da procura”. Parece claro que “quando a procura é maior que a oferta, os preços ajustam”, defende também José Araújo.

Este desencontro é, segundo Vítor Silva, diretor geral da Easygest para o Algarve, o principal motor da valorização dos preços das casas na região. Ainda que os motivadores da procura possam ser diferentes em cada concelho, os preços “têm subido porque, em geral, há falta de produto disponível para uma procura que cresce cada vez mais. Há muito pouca construção nova e também vai havendo cada vez menos usados para venda”, refere. Os concelhos de Tavira e Portimão são, segundo este profissional, aqueles onde “em 2016, no Algarve, mais dispararam os preços por falta de produto”, e Lagos já sente essa pressão desde finais de 2014. Tavira e Lagos são, na sua opinião, alvo de maior procura “porque estão na moda e são destinos turísticos emergentes”, despertando crescente interesse dos estrangeiros. Já Portimão, “é uma cidade de referência no Algarve, que se mantém sempre apetecível e com ótima relação qualidade/preço”.

A melhoria das condições económicas, o aumento da confiança dos portugueses e melhores condições na concessão de crédito têm contribuído para o aumento da procura de casas, mas não deixa de ser claro que “muita da atual dinâmica do mercado começou com a confiança trazida pelo investimento estrangeiro, naturalmente reforçada pelo aumento do fluxo de turismo”, termina José Araújo. 

Fonte: Público

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