Turismo e adicional ao IMI inflacionam preços no mercado. Linhas de Cascais e de Sintra e Oeiras são alguns dos locais procurados. 343 mil euros. Este foi o preço médio que cada estrangeiro pagou por casas que compraram no centro de Lisboa no último ano e meio, segundo a Confidencial Imobiliário. Perante este cenário, até quem não é português e procura uma casa mais em conta já está a fugir da cidade.
O cenário é admitido por Ricardo Sousa, administrador da Century 21 em Portugal. “As casas até 300 mil euros são cada vez mais procuradas, sobretudo em zonas fora do centro de Lisboa, como as linhas de Cascais e de Sintra, Oeiras, Odivelas, Sacavém e Infantado”, refere Ricardo Sousa.
Isto acontece depois de, nos últimos 18 meses, cerca de uma em cada cinco casas vendidas nos bairros mais antigos do centro de Lisboa ter ido parar a estrangeiros. Ou seja, 18% das 7.300 operações realizadas neste período. Para proprietários e imobiliárias, os dados mostram que a mudança no mercado veio para ficar, mas são precisas mais medidas para travar a fuga de famílias da cidade.
O administrador da Century 21 em Portugal alega que os preços das habitações em Lisboa “foram inflacionados pela oferta no segmento de luxo e muito virada para o turismo. João Pedro Pereira, da ERA Portugal, corrobora este cenário e compara a situação a metrópoles como Londres, Paris e Barcelona.
Depois de compradas por investidores, estas casas são convertidas em espaços de alojamento local, para responder ao aumento dos turistas. Neste cenário, António Frias Marques, da Associação Nacional de Proprietários (ANP) defende “quotas para estrangeiros comprarem casas na cidade” e “limites à instalação de hotéis e de alojamento local”.
Os problemas não ficam por aqui. “Isto também é resultado do adicional ao IMI, que aplica-se sobretudo aos imóveis com fins para habitação”, entende Luís Menezes Leitão, da Associação Lisbonense de Proprietários. “Há uma grande desconfiança no arrendamento, sobretudo por causa do condicionamento das rendas. Os proprietários não vão arrendar as casas se isto continuar como está.”
Este cenário também é sentido no Porto, onde o índice de preços para casas no centro histórico aumentou dos 175,7 para 198 pontos (+13%) no primeiro semestre. Cada vez mais empresas estão a instalar centros tecnológicos na cidade e pressionam o imobiliário.
Em Lisboa, para travar a escalada de preços, a câmara municipal assinou com Barcelona e Nova Iorque, uma carta conjunta em que as três cidades defendem mais poder para regular preços da habitação. A vereadora da Habitação, Paula Marques, pede uma “revisão profunda da lei do arrendamento urbano”. Este documento pelo direito à habitação defende o equilíbrio entre o turismo e a oferta residencial destas três cidades. Até lá, o município alega que apenas pode promover programas de renda acessível no centro da cidade.
Proprietários e imobiliárias são mais ambiciosos
Luís Menezes Leitão quer o fim do regime de renda condicionada, introduzido em janeiro de 2015 após a reforma da lei do arrendamento. A Century 21 defende a aposta no “arrendamento de média e grande dimensão, com a entrada de investidores e o regresso da construção, “sobretudo no segmento de casas abaixo dos 250 mil euros.
Fonte: Dinheiro Vivo
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