09 janeiro 2018

Comprar casa em grupo é nova forma para investir em imobiliário


Chama-se Housers e quer democratizar o investimento em imobiliário. Todos podem tirar uma fatia para rendimento. Bastam 50 euros. Um T1 de 49 metros quadrados em Campo de Ourique deu o pontapé de saída para o início da venda colaborativa de casas em Portugal. O pequeno apartamento na Rua Maria Pia foi vendido em 20 dias e não ganhou um, mas 453 novos donos. O que significa isto?


Que o bom momento vivido pelo setor colocou Portugal na rota do investimento imobiliário para obtenção de um rendimento. A diferença em relação aos modelos tradicionais de compra de casa para revenda ou arrendamento, é que neste caso a aquisição é feita num regime de crowdfunding , ou seja, financiamento coletivo. 


Este primeiro negócio foi apoiado pela Housers, uma startup financeira, que nasceu em Espanha e, depois de entrar em Itália, decidiu apostar em Portugal. Vieram atraídos pelo bom momento vivido pelo setor que em 2017, mostram dados ainda preliminares da APEMIP, cresceu em torno dos 30% em vendas, liderado por Lisboa e Porto. Os preços também voltaram a aumentar.

A contribuir para este novo recorde estão maioritariamente portugueses que procuram casa para viver, mas também há investidores (nacionais e internacionais) que olham para o imobiliário como fonte alternativa para investir as suas poupanças – os brasileiros são dos estrangeiros que mais o fazem.

Na primeira venda em Portugal, a Housers conseguiu angariar 193 mil euros em menos de um mês. O imóvel foi adquirido por 453 investidores, em que 4%, à volta de 20, já eram portugueses. O investimento médio ficou à volta dos 400 euros, mas é possível avançar com apenas 50 euros. Metade dos compradores eram espanhóis. “Nessa altura não tínhamos praticamente portugueses. A base de investidores era muito espanhola – e os espanhóis pela proximidade conhecem bem Lisboa –, por isso vinte dias, que foi um dos melhores arranques de projeto que já tivemos, revela João Távora, responsável pela Housers em Portugal. 

Para este investimento inicial, a fintech imobiliária situou a rentabilidade líquida anual desta casa em 4,05%, prevendo que ao fim de cinco anos (período previsto para arrendamento daquele espaço antes de nova venda) o valor acumulado suba para 36,37%. Os retornos, assume o responsável pelo desenvolvimento da operação, são convidativos tendo em conta os juros magros oferecidos por outras aplicações financeiras. 

“O imobiliário sempre foi um setor relativamente seguro. É claro que há picos, mas tem uma grande vantagem em relação a outro tipo de produtos ou aplicações financeiras, por exemplo, ações. Investir numa ação pode significar perder o dinheiro todo. No imobiliário, a casa pode desvalorizar? Sim. Mas nunca vai valer zero”, assume, justificando o grande interesse dos investidores, nomeadamente os espanhóis, que conhecem bem as consequências de uma bolha imobiliária. 

Em Portugal, a expectativa é captar mais investidores. Atualmente, a fintech já conta com 800 a mil portugueses, num universo total de 73 mil investidores. “O objetivo até final de 2018 é chegar aos 11 mil investidores nacionais”, diz o responsável, detalhando que as análises apontam para um crescimento do mercado imobiliário português nos próximos três a cinco anos, período durante o qual querem continuar a investir em novos imóveis, diversificando a base de investimento em Portugal, e aumentando os pontos de potencial interesse para quem investe. “Estamos a procurar imóveis para investir e Lisboa é a nossa grande aposta em Portugal”, diz, revelando que o Porto está nos planos mas ainda não encontraram “o” imóvel que dará o pontapé de saída para o negócio a Norte.

Com a subida dos preços na capital e alguma escassez de imóveis no centro, o foco agora está voltado para zonas como Graça, Ajuda ou Penha de França. Até final do ano, a Housers quer fechar a venda de 12 a 15 imóveis no País. Mas quem entra na plataforma também pode investir noutros países. “A ideia é investidores de cada país poderem investir onde quiserem, diversificando o risco, tanto de outros produtos, como dos mercados imobiliários de cada país”.

Fonte: Dinheiro Vivo | Foto: Global Imagens

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