Uma “nova política” e um “programa de emergência” que promova o investimento e contribua para desendividar as empresas é o que a construção e o imobiliário reclamam. Esta tarde, a fileira espera encher o Pavilhão Atlântico para o I Encontro Nacional da Construção e do Imobiliário que se pretende que seja “um momento de viragem e de combate à indiferença com que o país está a encarar o colapso iminente que o sector enfrenta”.
Organizado pela Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) sob o lema 'Promover o crescimento, defender o setor', o encontro contava ontem com mais de 1800 inscritos, sem contabilizar as inscrições online. A esta hora, estão a caminho de Lisboa, pelo menos, sete camionetas transportando sócios da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte (AICCOPN) oriundos dos distritos de Viana, Braga, Vila Real, Viseu e Guarda, Porto, Aveiro e Coimbra.
Num momento em que a construção e o imobiliário perdem, diariamente, 23 empresas e são eliminados 426 empregos, “os empresários exigem soluções para evitar o colapso do sector, que não pode continuar a ser confrontado com a inação do poder político, que nada tem feito para evitar a falência das empresas”, afirma a CPCI.
As dívidas do Estado ao sector – mais de 1,4 mil milhões de euros, dos quais 930 milhões correspondem a obras por pagar das autarquias -, a indefinição quanto ao futuro da Parque Escolar, que suspendeu os pagamentos, contribuindo para a asfixia das construtoras – são já mais de 130 milhões do créditos vencidos – e a urgência na implementação de uma taxa liberatória de 21,5% sobre os rendimentos prediais de modo a que a nova lei das rendas não seja “uma oportunidade perdida” e funcione como dinamizadora da reabilitação urbana são alguns dos temas que estarão em debate no encontro desta tarde.
“Se nada for feito para inverter a situação de emergência que as empresas enfrentam, poderão desaparecer mais 13 mil empresas e ser eliminados os 140 mil postos de trabalho que estão em risco, o que, tendo em conta o efeito multiplicador no emprego na construção, implica que a taxa de desemprego nacional venha a ultrapassar os 20%”, salienta Reis Campos, presidente da CPCI. E lembra: “A ruína do sector vai ser a ruína do Estado e da banca”.
Recorde-se que a construção representa 1/5 do Produto Interno Bruto nacional e que funcionou, durante décadas, como “financiador de grande parte das obras realizadas no país”. Para isso endividou-se e lida presentemente com compromissos de cerca de 44 milhões de euros. “Ao aumentar desta forma a sua exposição à crise financeira, o sector tornou-se, igualmente, uma das suas maiores vítimas. Nos últimos dois anos, a construção sofreu um corte violento no acesso ao crédito, na ordem dos 2,1 mil milhões de euros, o que coloca problemas acrescidos de tesouraria às empresas, mesmo que ainda economicamente viáveis”, frisa a confederação.
Fonte: Dinheiro Vivo
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