06 junho 2012

Globalização impulsiona recuperação do mercado de retalho

Os países emergentes são cada vez mais os impulsionadores do crescimento do retalho, mas as bases do setor ainda são os mercados maduros, revela um estudo da Cushman & Wakefield. Portugal mantém-se em contraciclo.

A globalização no mercado de retalho é cada vez mais uma tendência. De acordo com o novo estudo sobre retalho a nível global da Cushman & Wakefield (C&W), denominado "A Global Perspective on Retail Revival", se por um lado as bases do setor ainda se mantêm nos mercados maduros como as cidades de Nova Iorque, Paris ou Londres, por outro, os países emergentes têm sido os impulsionadores do crescimento. O documento revela que "existe uma oportunidade evidente nestes mercados, retratada pelo crescimento exponencial das famílias de classe média, que contam com um poder de compra em forte evolução, e estão a dar origem a uma nova população de potenciais compradores".


O estudo adianta que o crescimento económico esperado para os mercados emergentes - na ordem de 6,3% em 2012, face aos 2,1% previstos para as economias maduras - irá permitir uma evolução muito favorável no rendimento disponível das famílias. Por exemplo, para o período de 2010-2020, o rendimento per capita na Índia e na China tem um crescimento esperado de 200 e 125%, respetivamente, enquanto no Reino Unido e nos EUA, o mesmo indicador deverá registar uma evolução de apenas 20%.

Luxo e hard discount rendem mais
Este novo enquadramento do mercado de retalho mundial teve um efeito positivo nos setores de luxo e de hard discount no último ano, tendo-se registado um crescimento considerável nas vendas em termos mundiais. O crescimento do retalho de luxo foi suportado pelos mercados emergentes, enquanto o setor de hard discount teve uma performance muito positiva nos mercados maduros, efeito da crise económica que se fez sentir. Os retalhistas a operarem no segmento médio tiveram crescimentos consideravelmente mais modestos, tendência que se espera ver invertida com o incremento da entrada destes operadores nos mercados emergentes.

A opção pelo comércio online tem sido uma tendência em crescimento nos mercados emergentes. Na Índia, as estimativas apontam para um crescimento próximo dos 60% neste segmento no período 2011-2016.

O mercado de investimento acompanhou a tendência sentida no mercado ocupacional. Após ter atingido um mínimo em 2009, o investimento mundial no setor de retalho tem vindo a crescer de forma sustentável. Os valores retratam uma melhor performance dos mercados emergentes, com as yields a manterem-se estáveis na América do Norte e na Europa, e a registarem uma tendência descendente nas regiões asiáticas e da América do Sul.

As rendas de retalho evidenciam de igual modo esta tendência, sendo de referir os crescimentos recorde atingidos durante 2011 em Pequim (110%), no Rio de Janeiro (52%) e em Hong Kong (49%).

Mercado português em queda
Em relação a Portugal, Marta Esteves Costa, associate e diretora do departamento de research e consultoria da C&W, comenta que "a tendência desde 2009 é dramaticamente oposta à verificada em termos mundiais, registando-se quebras consideráveis e sucessivas no volume de vendas dos retalhistas". A responsável refere que "é a resposta da população a um poder de compra em forte quebra. A dinâmica do mercado imobiliário nacional sentiu esta evolução negativa da operação dos retalhistas, registando quebras nos volumes de procura e nos valores de renda praticados, bem como subidas nas taxas de desocupação e nas yields de mercado". No entanto, a tendência de melhoria nos setores de luxo e hard discount foi também sentida no mercado português, sendo de referir o crescimento sustentado na procura de lojas de rua nas melhores localizações das cidades de Lisboa e Porto.

Fonte: OJE

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