Sempre que me deparo com declarações deste tipo, levo as mãos à cabeça e pergunto-me em que dados se baseiam estas pessoas para proferir tais afirmações tão graves para o imobiliário nacional.
É verdade que o sector imobiliário já viu melhores dias no nosso país. Mas, também é verdade que em Portugal os preços das casas não sofrem, há anos, qualquer processo inflacionário, facto que revela que não existe qualquer indício de formação de uma bolha imobiliária.
O que existe em Portugal é uma grande dificuldade na promoção do encontro da oferta com a procura no mercado imobiliário – existem interessados, existem imóveis nos sítios que as pessoas querem comprar… mas não existe dinheiro – não existem capitais próprios que permitam às pessoas adquirir um imóvel e o crédito à habitação é cada vez mais uma miragem.
O facto de não termos passado por uma bolha imobiliária dramática, tal como a Espanha ou a Irlanda, é prova de que o temos condições competitivas para o investimento no setor.
Vejamos os números: segundo o portal imobiliário Property Guide, os valores da habitação por m2 em Portugal rondam os 2.213€.
Em Espanha, por exemplo, estes valores rondam os 4.022€, praticamente o dobro. Na Itália, 7.213€. Na França, 13.380€.
Fazendo uma análise comparativa destes números, não restam dúvidas de que o imobiliário português é dos que oferece melhores preços na Europa e que, alicerçado à qualidade da construção, da nossa história, do nosso povo, do clima, das praias parece reunir tudo o que é necessário para a captação de investimento.
Só que estas condições não resultam por si só. Devem ser acompanhadas de medidas que promovam o real investimento, que garantam uma verdadeira aposta, e que coloquem o nosso imobiliário num patamar em que possa funcionar como força motriz para a recuperação económica do país.
Para isso, não se podem retardar as boas decisões de investimento no sector, em prol das falsas promessas daqueles que continuam à espera que os preços desçam drasticamente.
Quem tem interesse nisto? Os especuladores? Os fundos que oferecem menos 50% ou 60% do preço real das carteiras imobiliárias? Porque não propõem estes descontos nos outros países? Aproveitamento desavergonhado da conjuntura atual?
Recordo que um cenário deste tipo apenas contribuirá para agravar a situação económica do sector e do país.
Esforcemo-nos por potenciar este setor. Que as organizações que representam esta fileira possam aceder aos apoios previstos pelo QREN para avançar com ações concretas no esforço da internacionalização.
Divulguemos o que há de melhor em Portugal, em vez de lançarmos alertas injustificados que podem prejudicar, e muito, o nosso Portugal.
Luís Lima - Presidente da APEMIP (luis.lima@apemip.pt)
Artigo exclusivo para o Blog IMOnews Portugal
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