A compra de casa a crédito deve ser bem ponderada. Por um lado, o mercado imobiliário está em crise, sendo possível encontrar imóveis mais baratos. Por outro, o crédito está mais caro. Dificilmente os spreads voltarão aos valores praticados há 4 anos, quando se contratava abaixo de 0,5%, mas poderão descer dos atuais 5 e 6 por cento. Quem não quer prescindir da condição de proprietário, deve considerar os imóveis dos bancos. Podem ser novos, quando o construtor não os consegue vender e os entrega ao banco que financiou a construção, ou usados, de clientes em incumprimento. Para estes casos, os bancos oferecem spreads muito mais baixos e financiamentos a 100 por cento. Se pode adiar a compra, a opção pelo arrendamento é a alternativa mais sensata.
A um passo da usura
Dada a subida vertiginosa dos spreads no crédito à habitação, é tempo de perguntar qual é o limite. Uma família que, em meados de 2008, pedisse um empréstimo de 144 mil euros, pagaria entre 850 e 950 euros, com um spread entre 0,7% e 1,7% (ou até inferior). Quem contratar o mesmo empréstimo hoje obterá uma prestação semelhante, mas com um spread muito superior. Significa isto que, quando aumentar o valor do indexante (a médio ou longo prazo, deverá ser inevitável), a prestação subirá algumas centenas de euros. Resultado: mais famílias poderão ter dificuldade em pagar os empréstimos. Assim, num momento em que já são muitos os casos de sobreendividamento, é essencial criar limites às taxas de juro do crédito à habitação.
Feitiço virou-se contra o feiticeiro
Para travar a subida do custo dos créditos ao consumo, foram fixados, em 2009, tetos máximos para as taxas anuais efetivas de encargos globais (TAEG) dos contratos que entraram em vigor a partir de 2010. Os limites são indexados à média das taxas dos contratos realizados nos últimos 3 meses, acrescidas de 1/3, e revistos trimestralmente.
Contudo, essa metodologia acabou por gerar um efeito perverso, já que há uma tendência constante de subida em todos os segmentos do crédito ao consumo. Por exemplo, se entre janeiro e março de 2010 a taxa de juro máxima dos cartões de crédito era de 32,8%, no segundo trimestre de 2012, o teto passou para 36,5 por cento.
O modelo usado não só não reduziu as elevadas taxas praticadas, como permitiu que estas se agravassem. Um dos motivos poderá ser a excessiva segmentação do mercado do crédito ao consumo - existe uma taxa para os cartões de crédito, outra para o crédito pessoal, outra para o crédito automóvel... Na prática, isto não permitiu o desejado, isto é, que os créditos que já eram os mais caros fossem travados pelas taxas de juro dos mais baixos.
Por outro lado, o facto de os tetos estarem indexados a uma média de mercado permite que, pouco a pouco, as médias possam subir. Se algumas instituições aumentarem ligeiramente as taxas, outras seguirão o exemplo, o que resulta num aumento gradual. Perigo: no limite, a escalada das taxas pode não ter fim.
Muitos países europeus, como a Itália, a França ou a Alemanha, têm, para todos os empréstimos, um sistema idêntico ao português no crédito ao consumo. Outros têm um limite definido administrativamente. A Bélgica, por exemplo, fixa limites (não há indexação) para cada tipo de crédito. Na Polónia, há uma indexação à taxa do banco central, acrescida de 300%, que é válida tanto para o crédito ao consumo como para a habitação. Um exemplo interessante é o da Holanda: há uma indexação a uma taxa controlada pelo Estado no crédito ao consumo, o que limita as subidas.
Fonte: Negócios
A um passo da usura
Dada a subida vertiginosa dos spreads no crédito à habitação, é tempo de perguntar qual é o limite. Uma família que, em meados de 2008, pedisse um empréstimo de 144 mil euros, pagaria entre 850 e 950 euros, com um spread entre 0,7% e 1,7% (ou até inferior). Quem contratar o mesmo empréstimo hoje obterá uma prestação semelhante, mas com um spread muito superior. Significa isto que, quando aumentar o valor do indexante (a médio ou longo prazo, deverá ser inevitável), a prestação subirá algumas centenas de euros. Resultado: mais famílias poderão ter dificuldade em pagar os empréstimos. Assim, num momento em que já são muitos os casos de sobreendividamento, é essencial criar limites às taxas de juro do crédito à habitação.
Feitiço virou-se contra o feiticeiro
Para travar a subida do custo dos créditos ao consumo, foram fixados, em 2009, tetos máximos para as taxas anuais efetivas de encargos globais (TAEG) dos contratos que entraram em vigor a partir de 2010. Os limites são indexados à média das taxas dos contratos realizados nos últimos 3 meses, acrescidas de 1/3, e revistos trimestralmente.
Contudo, essa metodologia acabou por gerar um efeito perverso, já que há uma tendência constante de subida em todos os segmentos do crédito ao consumo. Por exemplo, se entre janeiro e março de 2010 a taxa de juro máxima dos cartões de crédito era de 32,8%, no segundo trimestre de 2012, o teto passou para 36,5 por cento.
O modelo usado não só não reduziu as elevadas taxas praticadas, como permitiu que estas se agravassem. Um dos motivos poderá ser a excessiva segmentação do mercado do crédito ao consumo - existe uma taxa para os cartões de crédito, outra para o crédito pessoal, outra para o crédito automóvel... Na prática, isto não permitiu o desejado, isto é, que os créditos que já eram os mais caros fossem travados pelas taxas de juro dos mais baixos.
Por outro lado, o facto de os tetos estarem indexados a uma média de mercado permite que, pouco a pouco, as médias possam subir. Se algumas instituições aumentarem ligeiramente as taxas, outras seguirão o exemplo, o que resulta num aumento gradual. Perigo: no limite, a escalada das taxas pode não ter fim.
Muitos países europeus, como a Itália, a França ou a Alemanha, têm, para todos os empréstimos, um sistema idêntico ao português no crédito ao consumo. Outros têm um limite definido administrativamente. A Bélgica, por exemplo, fixa limites (não há indexação) para cada tipo de crédito. Na Polónia, há uma indexação à taxa do banco central, acrescida de 300%, que é válida tanto para o crédito ao consumo como para a habitação. Um exemplo interessante é o da Holanda: há uma indexação a uma taxa controlada pelo Estado no crédito ao consumo, o que limita as subidas.
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