O ano cuja reta final já estamos a percorrer não deixará lembranças por aí além à indústria turística mundial. Com efeito, segundo o estudo "Travel Industry Global Overview", do Euromonitor International, hoje apresentado, por Angelo Rossini, responsável deste instituto de pesquisa, na VIII Conferência Internacional em Hotelaria e Turismo, no Hotel Solverde, em Vila Nova de Gaia, 2012 é um ano de desaceleração global da indústria turística, com um crescimento negativo do PIB do setor na Zona Euro.
O aumento do desemprego, o abrandamento da procura interna, a crise do crédito, a probabilidade do colapso do euro explicam o fraco desempenho no conjunto dos países da moeda única.
Nenhum país passa ileso em 2012. Nem mesmo a China, que liderará o crescimento mundial do setor, mas desacelerando face a 2011.
Efetuado com o propósito de perspetivar o período 2011/2016 nas várias vertentes da indústria, o estudo conclui, por exemplo, no que respeita ao comportamento das chegadas e ao gasto médio por turista, que não há uma evolução simétrica entre os dois indicadores. Embora se viaje mais, a riqueza que se deixa no país visitado é menor. Em média, as chegadas crescerão acima de 1% e o gasto médio apenas 0,2%. Em países da Zona Euro, como a Espanha e a Alemanha, verificar-se-á mesmo uma queda acentuada no montante que o turista vai injetar na economia quando visitar o país.
No total do setor, o crescimento do gasto médio foi em 2011 negativo, saltando, em 2012, para território positivo, mantendo-se aí durante os próximos cinco anos. A Australasia é a região do mundo onde se verifica um gasto médio por viajante mais elevado: cerca de 3400 dólares (2611 euros). A América do Norte é a segunda geografia mais "beneficiada" do mundo, com pouco mais de 2000 dólares (1536 euros). A Europa Ocidental, região do mundo onde Portugal se inclui, registou, em 2011, um gasto médio de 1000 dólares (768 euros), número que se deverá manter em 2016. No conjunto das sete regiões consideradas pelo Euromonitor, a Europa de Leste é aquela onde se verifica menor injeção de rendimento no país de destino: pouco menos do que 500 dólares (384 euros). Com exceção da Europa Ocidental, onde se prevê uma estagnação, verificar-se-á um ligeiro crescimento em todas as outras regiões analisadas.
O estudo do Euromonitor revela que os turistas que mais vão subir os gastos por viagem são os brasileiros, seguidos dos chineses e dos norte-americanos. Além do Brasil, os restantes BRIC - Rússia, Índia e China -, encontram-se igualmente no grupo dos principais países emissores de turismo. Porém, enquanto os brasileiros têm como principais países de destino os EUA, a Argentina e a França, ou seja, países em três continentes, os outros três povos têm um horizonte geograficamente mais circunscrito. Os chineses vão maioritariamente a Hong Kong, Macau e Taiwan; os russos à Ucrânia, Finlândia e Cazaquistão; e os indianos a Singapura, Tailândia e Emirados Árabes Unidos.
Em 2011, Hong Kong ocupou o primeiro lugar no ranking dos dez principais destinos do mundo, com 21,83 milhões de turistas. De salientar que, no top ten, figuram seis urbes asiáticas (Singapura, Kuala Lumpur, Banguecoque, Shenzhen e Cantão, além da já referida Hong Kong), duas turcas (Istambul e Antalya) e apenas uma cidade europeia - Londres -, bem como Nova Iorque. Istambul, que ocupou a 9.º posição, registou o maior crescimento: 20,2%.
De acordo com as conclusões do estudo, o negócio das companhias aéreas low cost vai crescer em todo o mundo. Sem exceção. Crescerá nos EUA e em países como o Brasil, Filipinas, Indonésia, Austrália, Reino Unido, China, Índia, México e Alemanha. Os EUA, que lideram o negócio das low cost, com cerca de 24 mil milhões de dólares de vendas em 2011, reafirmarão a sua posição nos próximos cinco anos, devendo faturar para cima de 30 mil milhões de dólares. Brasil, as Filipinas e a Índia estão no grupo dos países que mais vão crescer até 2016.
O crescimento das companhias aéreas low cost é acompanhado pelo crescimento das reservas online. Todos os países considerados no âmbito do estudo do Euromonitor International vão crescer na compra de viagens pela Internet. Na Índia e na China, estima-se um crescimento de 16% em 2016 face a 2011. Nos EUA, maior mercado do mundo de reservas online, prevê-se que o negócio registe um crescimento na casa dos 15 mil milhões de dólares.
O crescimento da venda de viagens pela Net aumenta o protagonismo do consumidor, chocando diretamente com o negócio tradicional das agências de viagens, que para resistir serão obrigadas a inovar nos seus modelos de negócio.
A conferência
"Como criar oportunidades para o turismo nacional em 2013?" é o mote da VIII Conferência Internacional em Hotelaria e Turismo - iniciativa promovida pelo Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT), em parceria com a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal. As tendências mundiais do negócio turístico são, a par dos novos mercados, canais de distribuição e formas de comunicação no setor, os principais temas sobre os quais uma dúzia de especialistas nacionais e internacionais se vão debruçar ao longo de todo o dia.
Fonte: OJE
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