28 novembro 2012

Portugal agrava incobráveis nos setores da construção, indústria e comércio, aponta estudo


Portugal tem vindo a registar um "agravamento dos incobráveis", nomeadamente nos setores da construção, indústria e comércio, tendo atingido, no total, 6 mil milhões de euros em 2012, refere um estudo da consultora Intrum Justitia.

Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Justitia, afirmou hoje numa apresentação aos jornalistas que o relatório 'EPI 2012 Industry White Paper' indica que também o setor da saúde e serviços "é dos mais afetados" no que toca a atrasos ou não pagamento.



"A maior parte das pessoas, não as empresas, querem pagar, mas não têm é como pagar", referiu Luís Salvaterra, adiantando que quando pagam, "o valor médio de pagamentos vai diminuindo porque as pessoas têm menor rendimento disponível".
Segundo o estudo, o setor industrial aumentou a sua taxa de incobráveis em 0,9 pontos percentuais, passando de 3,0% para 3,9%, enquanto que na construção o índice passou de 4,4% para 4,7%.

Segundo o estudo, a média de incobráveis em Portugal aumentou de 3,2% do total de pagamentos em 2011 para 3,6% até aos 6 mil milhões de euros, quando a média na União Europeia se situa nos 2,8%, atingindo os 340 mil milhões de euros, sendo que os incobráveis na Europa aumentaram 28 mil milhões nos últimos 12 meses.

A nível europeu, os incobráveis na saúde dispararam de 1,8% dos valores em pagamento em 2008 para 3,4% em 2012, uma situação que o diretor-geral da Intrum Justitia classifica como um mau desempenho do Estado, que demora a liquidar as suas dívidas e não aos utentes.

No setor dos serviços profissionais, como contabilistas, advogados, arquitetos, os incobráveis são de 4,2%, "um valor relativamente elevado e cuja tendência se tem mantido ao longo dos últimos anos".

Luís Salvaterra adiantou que "embora o cenário possa parecer sombrio, existem medidas que as empresas podem tomar para reduzirem os riscos e protegerem-se", como, por exemplo criar uma política de crédito sólida para gerir os riscos e definir uma estratégia de cobranças.

Em maio, a Intrum Justitia revelou que Portugal, juntamente com a Grécia, era o país onde o risco de pagamento estava mais elevado num conjunto de 28 Estados europeus.
De acordo com a consultora sueca, que inquiriu 7.800 empresas europeias, o índice de risco de Portugal tinha subido de 186 para 190 entre 2011 e 2012, posicionando-se em primeiro lugar a par da Grécia, e bem acima da média europeia, que registou um índice de 170.

A Intrum Justitia referiu na altura que mais de 80% das empresas portuguesas têm problemas de liquidez devido a atrasos nos pagamentos.

Fonte: Jornal da Madeira

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.