31 dezembro 2012

A febre dos imóveis de luxo da Flórida


Casas na Disney ou coberturas à beira-mar atraem brasileiros pelas mordomias.

Com os preços do mercado imobiliário brasileiro na estratosfera, pode-se dizer que ficou relativamente barato comprar uma mansão ou apartamento de padrão alto em alguns dos lugares mais luxuosos do mundo. Executivos ou empresários interessados numa casa de férias, por exemplo, gastam menos comprando imóveis de padrão alto na Flórida do que em bairros valorizados do Rio de Janeiro, como Leblon ou Ipanema, beneficiados pela crise que se abateu sobre o setor nos Estados Unidos. Apartamentos em South Beach, o bairro “in” de Miami, casas na exclusiva Palm Beach, reduto de milionários americanos, ou ainda residências nas descoladas Florida Keys encontram compradores entre endinheirados brasileiros, russos e chineses.


Como na Toscana: no condomínio Golden Oak, os projetos reproduzirão estilos arquitetónicos do mundo todo, como este, inspirado nas villas italianas.

Pela proximidade, os brasileiros são os maiores clientes dos corretores imobiliários na Flórida. Para compradores brasileiros, que nem pensam em tomar crédito para pagar pelo imóvel e quase sempre o pagam à vista, o que atrai são os serviços e a exclusividade que muitos empreendimentos na Flórida oferecem, pelo mesmo preço de um imóvel nas cidades mais caras do País. Um exemplo é o primeiro empreendimento lançado na área de resorts da Disney, em Orlando. O condomínio fechado Golden Oak tem apenas casas, com um mínimo de 280 metros quadrados de área construída e três dormitórios. No bairro cada área terá uma característica arquitetónica definida e será possível escolher entre diversos modelos pré-aprovados, que formarão um conjunto harmónico.

O cuidado arquitetónico chega aos mínimos detalhes, desde a escolha de pedras para a construção de casas inspiradas em vilas da Toscana italiana até a reprodução de materiais utilizados em casas coloniais ou da Provence francesa. As residências mais simples custam US$ 1,5 milhão, o que equivale a um apartamento de 200 metros quadrados no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. O diferencial é que os compradores das casas do Golden Oak têm uma série de mordomias. A principal é a entrada livre – acompanhada por guias VIPs, que garantem que não será necessário enfrentar filas – de todos os moradores e seus convidados nos parques da Disney. O condomínio terá ainda serviços de concierge para reservas, motoristas e carros à disposição.

A primeira fase, de dois “bairros” do condomínio, foi praticamente toda vendida. “Nossos clientes são em sua maioria empresários que compram os imóveis pensando na diversão dos filhos e netos”, diz o vice-presidente da Disney, Page Pierce. A maior parte dos compradores é de americanos; entre os estrangeiros, os brasileiros são o maior grupo. Um cliente famoso é o cantor Luciano Di Camargo, da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, além de outros empresários mais discretos.Para os adultos, o condomínio oferece uma espécie de clube, onde haverá restaurante, academia de ginástica, piscinas e espaços para eventos como casamentos ou festas. O spa ficará no hotel Four Seasons que será construído dentro do Golden Oak.

A terceira fase do condomínio será lançada com casas que custarão até US$ 8 milhões – mais ou menos o preço de apartamentos luxuosos de frente para o mar em Ipanema. Segundo o vice-presidente da Disney, o Golden Oak não terá investidores – será proibido alugar as casas, que poderão ser apenas emprestadas a amigos. “A maior parte dos compradores vê os imóveis como uma segunda ou terceira casa, para férias”, diz Pierce. As primeiras casas devem ser entregues no início do ano que vem, e todo o condomínio terá 450 unidades. É verdade que os preços na Flórida já não são mais a pechincha que eram há pouco mais de um ano, quando os bancos começaram a despejar no mercado imóveis retomados de mutuários inadimplentes.

Luxo nas alturas: futuro morador da cobertura do The Mansions at Acqualina, de 1.500 m2, terá adega particular e Rolls-Royce à disposição.

Segundo uma pesquisa divulgada pela corretora de imóveis Douglas Elliman Florida, o preço do metro quadrado subiu 20% nos últimos 12 meses. A procura dos estrangeiros pelos imóveis na região, principalmente de milionários da América do Sul, estimulou uma mudança no tipo de imóvel no sul da Flórida. A construção de apartamentos destinados ao comprador de classe média está parada, mas já voltaram a todo vapor os empreendimentos de altíssimo padrão. Um bom exemplo é o residencial The Mansions at Acqualina, uma torre de 47 andares construída pelo grupo imobiliário de Donald Trump em Sunny Isles Beach. A cobertura, de 1,5 mil metros quadrados, é uma das mais caras da Flórida: já mobiliada com produtos da Casa Fendi, deve sair por US$ 50 milhões.

O duplex terá oito quartos, sauna, piscina particular, duas cozinhas, biblioteca e adega, entre outros detalhes exclusivos. A torre tem 79 apartamentos que custam a partir de US$ 6 milhões – embora o prédio só fique pronto em 2015, a maior parte das unidades está vendida. “Mais de 10% dos compradores até agora são brasileiros”, afirma o gerente do prédio, Michael Goldstein. Russos, chineses e americanos também são grandes clientes. Mais recentemente, argentinos que conseguiram driblar as restrições do governo de Cristina Kirchner e tirar dinheiro do país também vêm se juntando a esse grupo. Goldstein, que trabalha na área imobiliária de Miami há 30 anos, diz que o perfil dos brasileiros que estão adquirindo casas de alto padrão mudou bastante nos últimos anos, com a geração de novas fortunas no País.

“Há muita gente mais jovem, principalmente empreendedores a partir dos 35 anos”, afirma. Segundo ele, esse pessoal está atraído pelas mordomias proporcionadas pelo Acqualina, que são muitas. O morador que quiser sair às compras terá à disposição um Rolls-Royce com motorista. Além de um espaço para eventos, sala de provas de vinhos e café bar, o prédio tem até um cinema privativo. No resort anexo ao prédio, há um spa e três restaurantes. Como em outros empreendimentos de luxo na Flórida, todos os compradores estão pagando à vista. Também não deve haver muitos investidores no The Mansions – não se alugam casas tão luxuosamente mobiliadas.

Embora esse não seja o motivo principal das aquisições, há compradores que acreditam numa valorização futura dos seus imóveis. “Não há muito mais terrenos disponíveis de frente para o mar”, diz Goldstein. O mercado da Flórida voltado aos estrangeiros endinheirados está muito aquecido. Segundo o jornal The New York Times, um italiano comprou por US$ 25 milhões uma das maiores coberturas em South Beach. Um russo pagou US$ 47 milhões por uma casa em Indian Creek e a mansão onde o estilista Gianni Versace foi assassinado está à venda por US$ 125 milhões. Goldstein afirma que o The Mansions teve um resultado inédito dentro do grupo Trump. “Vendemos em alguns meses US$ 340 milhões”, afirma o executivo.

Fonte: BuyHouse

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