19 dezembro 2012

Avenida da Liberdade igual a luxo


As marcas de luxo continuam a apostar no mercado português, apesar da crise que o País atravessa. A Avenida da Liberdade permanece a localização por excelência no segmento, segundo a edição deste ano do "Business Briefing" da Cushman & Wakefield.


O comércio de rua continua a demonstrar um crescimento significativo em Portugal, em contra-ciclo com a indústria dos conjuntos comerciais, de acordo com a 3.ª edição do "Business Briefing" da Cushman & Wakefield (C&W) sobre o comércio de luxo em Lisboa e no Porto. A consultora relembra que, nos últimos anos, insígnias como a Prada, Marc Jacobs, Loewe ou Gucci abriram lojas na capital portuguesa, acrescentando que se aguarda, para breve, a inauguração de outras marcas de relevo, como a Cartier ou a Max Mara.

As localizações por excelência do segmento de luxo são a Avenida da Liberdade em Lisboa "e, ainda que com menor afirmação", a zona de Avis no Porto. No caso da capital, "o crescente fenómeno de revitalização do Chiado também tem atraído marcas que beneficiam do fluxo de turistas de que a zona é alvo ao longo do ano", denota a C&W. Ao contrário dos restantes setores do mercado de retalho, estas zonas de comércio de rua têm vindo a tornar-se cada vez mais atrativas, com maior fluxo de compradores e, consequentemente, com um aumento da procura por parte dos operadores, refere a consultora imobiliária. Para tal "tem contribuído uma cada vez maior consciencialização da necessidade de promover as principais artérias deste tipo de comércio através de uma gestão integrada por parte dos seus principais intervenientes, como sejam lojistas, hoteleiros e empresários de restauração".

Eixo Avenida da Liberdade/Chiado
Desde a última edição do business briefing da C&W, em dezembro de 2011, registaram-se novas aberturas de marcas de luxo em Lisboa. A maioria escolheu a Avenida da Liberdade, entre elas a Gucci, a Stivali, a Boutique dos Relógios Plus, a Officine Panerai ou, acabada de inaugurar na semana passada, a Miu Miu. A artéria conta hoje com um total de operadores múltiplos e internacionais cuja área de venda ascende a mais de 17 mil m2, dos quais cerca de 80% são marcas provenientes do exterior. Analisando por setor, a moda tem uma clara predominância, ao absorver 64% da área total.

O Chiado continua a ser a área mais trendy da capital portuguesa, procurado por turistas, pessoas ligadas ao mundo da cultura e das artes. A análise da C&W refere que, ainda que sem expressão dominante, o retalho de luxo nesta parte da cidade de Lisboa "mistura-se em perfeita harmonia com outras marcas internacionais de posicionamento não tão elevado". E dá o exemplo da Hermès ou da Swarovski, que escolheram esta zona para se instalarem. No total, entre operadores múltiplos e internacionais, estão ocupados mais de 20 500 m2 de área de venda, dos quais as marcas internacionais representam 65%. Também aqui o setor da moda é o mais relevante, com 68% do total.

Em termos dos preços no comércio de rua, a C&W refere que tem--se verificado uma manutenção dos mesmos desde o final de 2009. De momento, os valores mais elevados praticam-se na zona do Chiado, dada a falta de oferta nas artérias com maior procura, nomeadamente a Rua Garrett, situando-se nos 80 euros/m2/mês. Com estes valores, o Chiado é a 45.ª localização mais cara do mundo entre 62 cidades, de acordo com o estudo "Main Streets Across The World 2012", publicado anualmente pela C&W, tendo, no entanto, descido três posições em relação a 2011. A Avenida da Liberdade atinge os 72,5 euros/m2/mês.

A Cushman & Wakefield chama a atenção para o facto de, na zona lisboeta, uma parte importante dos clientes das lojas de retalho de luxo ser composta por turistas, em especial para aqueles que não têm este tipo de oferta nos seus países de origem ou cujo valor dos produtos é mais elevado, nomeadamente os PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e o Brasil.

Porto capta interesse
Quanto ao retalho de luxo no Porto, a oferta concentra-se na Avenida da Boavista, nomeadamente na zona do Edifício Aviz, sendo que "o sucesso da concentração deste tipo de lojas na sua galeria comercial levou a que a oferta se estendesse aos edifícios circundantes, contando com um total de cerca de 4 mil m2 de área de venda entre lojistas múltiplos e internacionais." A C&W destaca a Ermenegildo Zegna, a Rosa & Teixeira e a Max Mara, acrescentando que a distribuição entre múltiplos e internacionais é equilibrada e, mais uma vez, o setor da moda é o predominante, com 75% da área de venda mencionada.

Ainda na Invicta, mais recentemente, a reabilitação da zona dos Clérigos também atraiu "marcas trendy, restaurantes, bares e hotéis. Deste fenómeno é exemplo a Marc by Marc Jacobs, inaugurada no ano passado". O projeto Passeio dos Clérigos, resultante da reabilitação do antigo Clérigoshopping e parcialmente em funcionamento desde setembro de 2012, "pretende captar um conjunto de operadores que, muito embora não se posicionem totalmente no segmento de luxo", podem "encontrar aqui uma zona renascida e com interesse para se instalarem". A consultora acrescenta que "o crescente fluxo de turistas de que esta zona em particular, e a cidade do Porto como um todo, têm sido alvo, contribui com toda a certeza para este interesse crescente por parte dos retalhistas".

Evolução positiva
Assim, para a Cushman & Wakefield, o movimento contra cíclico do comércio de rua em Portugal, "quando comparado com os restantes setores do imobiliário e com a economia em geral, é resultado não só do subaproveitamento deste segmento nas últimas décadas, mas também da apetência natural que os operadores de luxo têm para estas localizações".

As marcas de luxo instalam-se por definição em lojas de rua, nas zonas mais nobres da cidade, com ocupação maioritariamente de escritórios e preferencialmente marcadas por fortes fluxos pedonais de turistas. Estes critérios são todos preenchidos nas localizações de comércio de rua de Lisboa e Porto.

O crescente fluxo de turistas que as cidades de Lisboa e do Porto têm registado é outro dos fatores que contribui para um maior interesse no mercado nacional por parte dos principais operadores internacionais de marcas de luxo, refere a consultora.

Por último, as mais recentes revisões à lei do arrendamento no País favorecem a instalação de operadores internacionais, cuja estrutura de funcionamento exige condições de mercado em linha com as verificadas nos países mais desenvolvidos.

Assim, e apesar da crise que Portugal atravessa, "a evolução do setor de luxo, com especial incidência" em Lisboa e no Porto, "deverá manter-se positiva no futuro, tendo em conta o potencial que ambas as cidades demonstram ainda para os operadores internacionais".

Fonte: OJE

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