A oferta de casas para arrendar, especialmente destinadas a um segmento médio e médio baixo da população, é a caraterística dominante do mercado habitacional do concelho de Setúbal. A par desta situação verifica-se o facto de existir uma grande oferta de casas usadas para venda, com valores que rondam os 40 a 50 mil euros, que estão a ser compradas por investidores, com o objetivo de serem colocadas no mercado de arrendamento.
“Neste momento existe uma grande oferta de casas para arrendamento, que em certas localidades é três vezes superior à procura”, refere Júlio Santos, sócio-gerente da sociedade de mediação imobiliária J F Santos. Na sua opinião, o facto de o arrendamento ainda acarretar muitas despesas e grandes encargos fiscais para o proprietário, leva-os a pedir valores de rendas mais elevadas, que não estão ajustadas às condições financeiras que apresentam a grande maioria dos arrendatários atuais.
Este facto leva a que parte dos casais interessados em arrendar casa no mercado não apresente condições para o fazer e tenha de recorrer ao apoio da autarquia e das instituições sociais, neste caso, à Misericórdia de Setúbal.
De acordo com o site da autarquia de Setúbal, “neste momento existem cerca de dois mil agregados familiares identificados no ficheiro municipal de famílias carenciadas de habitação (FACHA), espécie de observatório da exclusão habitacional no concelho de Setúbal”. Segundo a autarquia, “são famílias excluídas do mercado de arrendamento e sem possibilidade de aquisição em regime de crédito bancário”.
Também a maior dificuldade em vender as casas novas leva alguns promotores a colocar as frações no arrendamento, com opção de compra. De acordo com Manuel Capote, sócio-gerente da sociedade de mediação Capote e Neto, “neste momento há alguns empreendimentos onde os promotores estão a fazer arrendamentos, com opção de compra, por dois a três anos, que depois, caso se concretize a venda, tem as rendas deduzidas no valor da compra”.
Na sua opinião, nesta altura, as poucas operações que se realizam neste mercado dizem respeito ao arrendamento. As vendas acontecem com algumas frações usadas, com valores entre os 40 a 50 mil euros, mas que são pagas com dinheiro a pronto, por parte de investidores.
Fogos usados com grande peso
De acordo com a Confidencial Imobiliária, Setúbal apresenta uma oferta de fogos para venda de 4205,sendo que cerca de duas mil destas frações localizam-se na freguesia de São Sebastião, a mais populosa do concelho. Parte significativa da oferta para venda no concelho, perto de 65%, é usada, sendo o restante constituída por casas novas. O peso das casas usadas destinadas a venda é ainda mais significativa na freguesia de São Sebastião, já que atinge 72% da oferta total disponível.
Contudo, na estrutura da procura, é visível que a opção pelas frações usadas tem um forte peso nas várias freguesias de Setúbal, já que significa 81% do total. É, ainda, mais significativa na freguesia de São Sebastião onde a procura das casas usadas para venda atinge os 91%.
Os apartamentos mais procurados no concelho são os T2 e os T3, com 36% e 29%, respetivamente. Contudo na freguesia de São Sebastião essa procura incide, contrariamente, nos T3, com 50%, e em seguida nos T2, com 32%.
Se compararmos com a estrutura de oferta por tipologia verificamos que, no caso da freguesia de São Sebastião, a oferta existente está de certa forma desajustada da procura. Assim, são os T2 que aparecem em maior quantidade (45%), seguidos do T3, com 35%. Já no resto do concelho, a oferta e a procura de tipologias apresentam-se mais ajustadas. Os T2, com 34%, e os T3, com 29%, são as tipologias que apresentam maior oferta.
Quanto ao mercado de arrendamento residencial verifica-se que a oferta ao nível do concelho é de 535 frações, enquanto na freguesia de São Sebastião atinge as 291 frações. O valor de renda mês ronda os cinco euros o m2.
Fonte: Público
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