26 janeiro 2013

Com 530 mil m2 livres, escritórios já cobram menos de 10 euros


Em Miraflores e Algés há mais de 200 mil m2 vazios e as rendas chegam aos sete euros, o valor mais baixo dos últimos dez anos.

A área de escritórios vazios na Grande Lisboa atingiu um novo máximo histórico em 2012 e com 536 mil m2 de espaços livres - que é quase a mesma área que cinco centros comerciais Colombo juntos -, as rendas começaram, inevitavelmente, a cair e há já proprietários a pedir menos de 10 euros mensais por m2. 


É o caso das zonas de Miraflores e Algés, onde há hoje 210 mil m2 de escritórios vazios, na sua maioria edificios recentes ou mesmo novos, e onde as rendas já chegam aos sete euros mensais por m2, metade do que era cobrado em 2003 e o valor mais baixo dos últimos dez anos nesta zona. 

Outro exemplo é o Parque das Nações, uma zona com vários edifícios novos como o Espace e Explorer ou o Metropolis e que, com 56 mil m2 de área de escritórios livres, viu as rendas cair uns 17% em 2012. Segundo dados da consultora CBRE, recolhidos pela diretora de research, Cristina Arouca, no início do ano os preços rondavam os 17 euros e agora estão nos 14 euros. 

Até as rendas das zonas mais caras de Lisboa - avenida da Liberdade e Avenidas Novas - estão agora nos valores mais baixos dos últimos dez anos. Os preços mensais por m2 na avenida da Liberdade têm rondado os 20 euros - em 2007 chegaram mesmo aos 22/23 euros -, mas há dois anos que estão nos 18,50 euros. Já nas Avenidas Novas - onde está a segunda maior área de escritórios vazios -, há três anos as rendas eram de 18 euros e agora valem 16 euros. 

O ano passado foi, assim, a primeira vez desde, pelo menos 2003, que os preços mexeram significativamente. De acordo com o responsável da área de escritórios da Cushman & Wakefield, Carlos Oliveira, o mercado dos escritórios em Portugal, e particularmente em Lisboa, é "pequeno e pouco dinâmico" e "as oscilações de valores de renda nominais não são muito grandes". 

O que se passou em 2012, conta, foi uma maior cedência dos proprietários que, perante o aumento do desemprego e a quebra das receitas das empresas, se viram obrigados a conceder mais incentivos para atrair ou manter inquilinos. Aqui incluem-se maiores períodos de carência, contribuições para obras, contratos mais alargados e ainda valores de manutenção ou de condomínio mais baixos ou a custo zero durante um certo período. 

Rendas mais baixas, mais arrendamentos
Com rendas mais baixas e melhores condições para os inquilinos, inverteu-se a tendência de descida do número de transações e, segundo dados da Jones Lang La Salle, o ano passado foram arrendados 93 mil m2 de escritórios, mais 6% que em 2011, mas na sua maioria mudanças de instalações. "Estando na presença de níveis de preços historicamente muito baixos, naturalmente que isso constitui um estímulo à mudança", disse ao Dinheiro Vivo o diretor do departamento de escritórios da Aguirre Newman, Eduardo Fonseca. 

No entanto, quando se trata de mudar de escritório, as empresas não têm escolhido as zonas mais baratas, mas sim as mais centrais e com melhores acessos e mais bem servidas de transportes públicos. É por isso que Miraflores e Algés estão com tantos espaços vazios, porque alguns dos inquilinos decidiram mudar-se para Lisboa, para onde os seus empregados não têm de se deslocar de carro. 

É por isso que a maior parte dos 10 novos edifícios que estão previstos ficar prontos este ano são na avenida da Liberdade, na Rosa Araújo, Duarte Pacheco e Avenidas Novas e são reabilitações ou recuperações de prédios antigos.


Fonte: Dinheiro Vivo

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