Os emigrantes, especialmente oriundos da Venezuela, e os estrangeiros, finlandeses sobretudo, são, ainda, os dois grupos de clientes que continuam a comprar casa no Funchal e arredores. Os casais dos países do Norte da Europa, alguns ingleses e, nos últimos tempos, os russos são clientes habituais das empresas de mediação imobiliária a trabalhar o mercado. “Pode ser uma casa nova ou usada, mas tem de ter vista de mar, com muito sol e praia”, explica Ilídio Gonçalves, gerente da Imokantus.
Embora a oferta de casas, tanto novas como usadas, seja uma realidade no mercado madeirense – fruto da construção massiva dos últimos anos - a verdade é que nem sempre é fácil conseguir boas casas com boas localizações. Um facto que leva as empresas a aumentar o raio de atuação e a optarem por outras localidades, como é a zona da Calheta, onde há “um bom clima, sol e, praticamente, com boas vistas de mar em todo o lado”, acrescenta Ilídio Gonçalves.
Santos Silva, gerente da Predifunchal, confirma o interesse dos estrangeiros em casas com vistas de mar e, por isso, muito raramente optam por casas localizadas no centro do Funchal. “Procuram moradias tipo tradicional, bem localizadas, porque o objetivo é passar cá o Inverno”.
Na opinião de Ilídio Gonçalves, os estrangeiros quando gostam da casa e o produto é de qualidade pagam pelo seu valor, mas, em média, os preços das frações rondam os 200 mil euros.
Opinião semelhante tem Santos Silva. Considera que com a quebra dos preços na habitação, entre os 20% a 30%, é possível encontrar boas casas entre os 150 a 200 mil euros.
Emigrantes investem
No caso dos emigrantes, especialmente os que são oriundos da Venezuela, mas também dos países de África, França e América do Norte, o investimento em habitação tem duas vertentes distintas. Por um lado, os emigrantes que compram as casas para passar as férias, ou para mais tarde, quando regressarem de vez e, neste caso, os valores das moradias ou apartamentos podem ultrapassar o meio milhão de euros.
Por outro, quando os investimentos no imobiliário são direcionados para o mercado do arrendamento ou como rentabilidade futura. Na opinião de Ilídio Gonçalves, “especialmente os emigrantes a viver na Venezuela compram para rentabilizar, para colocar no mercado do arrendamento”. Na sua opinião, preferem frações de 100 mil euros, com o objetivo de colocar no mercado do arrendamento.
Também Santos Silva confirma a aquisição de casas usadas, tanto para reabilitação, no centro da cidade do Funchal, e destinadas ao arrendamento. No entanto, “gostam de comprar uma casa nova e que seja só deles”, quando a aposta é na aquisição de uma fração de habitação própria. E, nestes casos, os valores finais são normalmente superiores, porque a motivação para comprar uma casa que é só deles é também superior, alerta o mediador.
Arrendar por obrigação
Embora os emigrantes e estrangeiros tenham representado cerca de 80% das vendas de casas na Madeira, no último ano, este valor representou menos de metade das aquisições realizadas em 2010.
De acordo com Dino Rodrigues, gerente da RE/MAX Vida, “a quebra na procura de casas começou em 2011, com as vendas a descer 51%, em relação ao ano anterior”. Acrescenta que, em 2012, o decréscimo foi de 28%. Ou seja, a quebra de vendas na Madeira atingiu, no final deste ano, cerca de 80%, em comparação com 2010.
O decréscimo das vendas deve-se, especialmente, ao facto de os casais madeirenses terem deixado de ter possibilidade de comprar casa, em consequência das condições impostas na concessão de crédito à habitação. “Há ainda alguns investidores a comprar, outros compram devido às razões relacionadas com roturas, como os divórcios, mas em 2012 a opção passou a ser o arrendamento, por causa das dificuldades de financiamento”, acrescenta Dino Rodrigues.
De acordo com o Censos de 2011, há 17.500 casas vazias na Madeira. Uma parte são casas novas que resultam do excesso de construção da última década, localizadas em empreendimentos recentes, especialmente nos arredores do Funchal.
Fonte: Público
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.