09 janeiro 2013

Lagoa dos Salgados.Projecto turístico sujeito a avaliação ambiental


Lagoa dos Salgados
No mesmo dia em que entrava no Ministério da Agricultura, Mar e Ordenamento do Território uma petição com mais de 20 mil assinaturas contra a construção de um empreendimento turístico na Praia Grande, no concelho de Silves, perto da Lagoa dos Salgados, o governo confirmou que o projecto será sujeito a uma Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). O empreendimento em causa prevê a criação de 4 mil camas dispersas por três hotéis e dois aldeamentos, além da construção de um campo de golfe, tudo numa área de 359 hectares próxima da lagoa que representa um ponto de nidificação para 45 espécies de aves aquáticas.


O estudo, ontem confirmado, estaria já previsto desde Outubro, mês em que a secretaria de Estado do Ambiente e Ordenamento do Território o terá solicitado à Autoridade Nacional de AIA, apesar de tal não ser obrigatório, pois a lagoa não pertence à Rede Nacional de Áreas Protegidas. “Consideramos que é importante que possam ser identificados os impactes que resultarão da implementação das infra-estruturas e da componente edificada do referido projecto de empreendimento”, explicou o secretário do Estado, Pedro Afonso de Paulo, citado em comunicado.

Mais de uma hora antes do anúncio da decisão, cerca de 30 pessoas aguardavam na praça do Terreiro do Paço, em Lisboa, pelo desfecho da reunião entre representantes da Plataforma de Amigos da Lagoa dos Salgados com o ministério liderado por Assunção Cristas, na qual foi entregue a petição com mais de 20 mil assinaturas - metade pertencentes a cidadãos estrangeiros.

Domingos Leitão, coordenador do Programa Terrestre da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), uma de seis organizações ambientalistas que integram a plataforma, saudou como a “boa notícia do dia” a decisão de submeter à AIA o projecto previsto para a Praia Grande. “A avaliação do impacte ambiental era uma das pretensões da plataforma”, esclareceu, embora a petição exigisse igualmente a suspensão imediata do projecto, a classificação da Lagoa dos Salgados como área protegida e a implementação de um plano de gestão das águas para a região, já publicado e aprovado, mas que permanece na gaveta desde 2008. “O plano necessitava de dinheiro, que chegou a estar disponível”, lamentou o dirigente, ao lembrar a “mudança de governo” para salientar “os lobbies [que] também se mexem quando os governos mudam”.

Em situação idêntica está o Plano de Valorização e Gestão para a Lagoa, negociado no mesmo ano, que, de acordo com o movimento, não foi ainda implementado devido à “completa inércia” da Administração do governo e da Região Hidrográfica do Algarve.

A preocupação que rodeia a Lagoa dos Salgados não é exclusiva a Portugal. Talvez reflexo dos cerca de 4500 cidadãos britânicos que assinaram a petição, a SPEA tem recebido o apoio da Royal Society for the Protection of Birds, o maior grupo de protecção de aves do Reino Unido e que conta com mais de 1 milhão de sócios, segundo Domingos Leitão, que ainda deixou um desejo: “Esperamos que a manifestação de milhares de cidadãos, nacionais e estrangeiros, faça eco no Ministério do Ambiente e transforme 2013 no ano de viragem para a protecção da Lagoa dos Salgados e para a valorização da biodiversidade do Algarve”.

Fonte: iOnline

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