Contratos revistos no próximo mês ainda escapam aos aumentos. Subida nos custos suportados pelas famílias com o crédito à habitação será moderada.
As prestações do crédito da casa vão voltar a baixar. Quem tiver revisão do contrato no próximo mês verá o custo mensal do financiamento recuar. Contudo a redução será quase imperceptível, dada subida recente das Euribor. Uma tendência que deverá manter-se daqui para a frente, fazendo aumentar os encargos das famílias com a habitação em 5% até ao final do ano. Após os mínimos históricos consecutivos, as taxas que servem de referência para a generalidade dos créditos subiram este mês. Avançaram para máximos de mais de três meses fruto da "revisão das expectativas dos investidores relativamente à política monetária do BCE", diz Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio.
Mas também dada a "normalização do mercado interbancário", remata Filipe Garcia.A perspectiva é de que as taxas continuem a subir. "A nossa previsão aponta para níveis em torno de 0,3% no caso da Euribor a 3 meses e 0,45% nos 6 meses, no final do ano", diz Paula Carvalho, economista do BPI. Já o economista da IMF prevê "uma progressiva normalização para valores mais próximos da taxa do BCE (0,75%)".
Os contratos futuros sobre a Euribor a 3 meses estão a colocar a taxa nos 0,295% em Março. Em meados do ano estará em 0,39%, fechando o ano nos 0,56%. Num crédito de 100 mil euros a 30 anos, com um "spread" de 0,7%, esta taxa levará a um aumento de 5,2% nas prestações, para 333 euros.Tendo em conta a taxa para o final de 2014 (0,9%, de acordo com os dados da Bloomberg), a subida na prestação chega aos 10,3%, elevando-a para 349,90 euros. Ainda assim, caso se confirme a evolução demonstrada pelos futuros da Euribor a 3 meses, a subida no valor da prestação não será suficiente para anular na totalidade a descida sentida no último ano (a prestação caiu 13,2%).
"A subida poderá ser relativamente intensa se as Euribor convergirem para taxa directora. Neste cenário, a Euribor a 3 meses poderia subir cerca de 60 pontos-base caso voltasse a ter um ‘spread’ positivo face aos juros de referência", alerta Rui Bernardes Serra. "Seria obviamente um aperto monetário não só para as famílias portuguesas como para as de toda a Zona Euro", remata.
Descidas mínimas em Fevereiro
Esta inversão na tendência das taxas de mercado só começará a traduzir-se em aumentos nos custos com o crédito nos próximos meses. Contudo, já está a travar a queda das prestações dos contratos revistos em Fevereiro. Quem tem o crédito indexado à Euribor a 6 meses, verá a mensalidade baixar 5,95%. Nos contratos com a Euribor a 3 meses, a descida é de apenas 0,06%. Num crédito de 100 mil euros a 30 anos, com um "spread" de 0,7%, indexado à taxa a 3 meses, a diferença entre a actual e a nova prestação fica-se pelos 18 cêntimos, baixando de 317,43 para 317,25 euros.
Porta para novos cortes de juro está "fechada" Mario Draghi trouxe um BCE muito mais proactivo na resolução da crise. Prova disso foram os sucessivos cortes de juros, logo nos primeiros meses de mandato, que levaram a taxa de referência para um mínimo histórico de 0,75%. O presidente do BCE chegou a admitir ir ainda mais longe, mas já não o deverá fazer. "Penso que essa porta [novo corte de juros] está agora muito mais 'fechada'", diz Filipe Garcia, economista da IMF. Uma perspectiva partilhada pela grande maioria dos economistas consultados pela Bloomberg. Se em Dezembro 54% dos inquiridos diziam que a taxa era para manter, em Janeiro essa percentagem disparou para 82,2%. "Draghi está agora mais optimista para o comportamento da economia, em virtude do desanuviar da crise da dívida", acrescenta.
"A expectativa é de que o último trimestre de 2012 tenha sido o ponto mais baixo do ciclo. Vários indicadores apontam para uma melhoria gradual dos índices de confiança", diz Paula Carvalho. "Há um ambiente menos tenso no mercado de dívida, com os 'spreads' dos periféricos a descerem de forma sustentada". E há "sinais concretos de alívio da crise. O regresso da Irlanda e de Portugal ao mercado é um exemplo do regresso da confiança", remata.
Fonte: Negócios
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.