12 fevereiro 2013

Arrendar é investir a médio prazo


Depois das transacções imobiliárias terem caído abruptamente nos últimos meses, o arrendamento começa a surgir como um mercado emergente. Apesar disso, o crescimento ainda acontece de forma tímida. Em Novembro de 2012, verificou-se mesmo um abrandamento e só em Dezembro voltou a subir. A procura para arrendamento está a voltar a aumentar, bem como as expectativas em relação às transacções, segundo o Portuguese Housing Market Survey (PHMS) de Dezembro de 2012, elaborado pelo RICS e pela Confidencial Imobiliário (CI).

Contudo, o valor das rendas continuou o seu percurso de descida e as expectativas em relação à evolução não são positivas, embora tenham apresentado uma ligeira recuperação face ao mês anterior. De acordo com o relatório, esta situação poderá ser reflexo de um excesso de oferta, embora as limitações no rendimento das famílias sejam também uma questão relevante. Além disso, existe um desencontro do tipo de stock actual entre a oferta e a procura. «A nova lei das rendas entrou em vigor em Dezembro. Apesar de cautelosos, os agentes estão relativamente optimistas quanto ao seu impacto na atracção de investimento. O regime fiscal mais favorável e o novo procedimento de despejo são aspectos considerados favoráveis», explica Ricardo Guimarães, director da CI.

Lei das rendas vai animar mercado

Também o mais recente estudo da consultora CBRE sobre o impacto da nova lei do arrendamento urbano revela que a legislação vem dinamizar o mercado. No inquérito, 71% dos inquiridos acreditam que a reforma vem potenciar o investimento no sector imobiliário. E 70% dão uma nota positiva ou muito positiva à nova lei, sendo que a maioria está ‘muito familiarizada’ (21%) ou ‘familiarizada’ (29%) com a reforma. Apenas 2% confessam estar pouco informados das alterações.

Ainda segundo a CBRE, o impacto da lei na valorização do património é avaliado positivamente. 71% dos inquiridos verificam a possibilidade de valorização nos próximos cinco anos, e 40% entendem que será no prazo de um ano.

Francisco Sottomayor, director de Promoção da CBRE, revela que o estudo demonstra que a maioria dos proprietários está bem informada sobre a nova lei das rendas e que fazem uma avaliação positiva. Não deixam, porém, de ser realistas quanto aos seus impactos no curto prazo. «A principal mais-valia desta reforma é o incentivo ao investimento imobiliário, que se fará sentir nos próximos anos», salienta.

Guia explica alterações

Para ajudar neste processo, a CBRE lançou um ‘Guia da Nova Lei do Arrendamento’, com o objectivo de esclarecer sobre as principais alterações introduzidas, em parceria com a Uría Menéndez – Proença de Carvalho. João Torroaes Valente, advogado da sociedade de advogados, entende que as alterações vão dar um incentivo à actualização pelos senhorios das rendas congeladas há décadas, mediante o novo mecanismo negocial. «A alteração ao regime de obras em prédios arrendados, aliada à simultânea revisão do regime de reabilitação urbana, será um forte incentivo a intervenções», explica.

O mercado tem vindo a responder de forma lenta. Segundo os últimos dados do SIR – Arrendamento, desenvolvido pela Confidencial Imobiliário, no segundo trimestre de 2012 as casas levavam seis meses a serem arrendadas na área de Lisboa. Este período traduz o tempo entre a colocação de oferta e a saída da base de dados. Os concelhos de Sintra e Odivelas foram os que apresentaram maior tempo de absorção, 12 e sete meses, respectivamente. Nos concelhos de Cascais, Almada e Loures, uma habitação demorava apenas três meses a ser arrendada.

Josh Miller, economista sénior do RICS, refere que em Portugal a pouca procura «resulta da deterioração do mercado de trabalho e das dificuldades relacionadas com as restrições de concessão de crédito. O mercado de arrendamento continua a beneficiar da queda nas vendas».

Fonte: Sol

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