11 fevereiro 2013

Malparado: Clientes deixam de pagar 3,5 mil milhões de créditos em 2012


Malparado atinge 12,5 mil milhões nos maiores bancos.

A economia real chegou aos resultados dos bancos. Num ano fortemente marcado pelas dificuldades económicas de famílias e empresas, os clientes dos cinco maiores bancos deixaram de pagar 3,5 mil milhões de euros de créditos. Um factor que foi decisivo para os resultados apresentados pelas cinco maiores instituições financeiras nacionais, obrigando-as a provisionar um total de 5,5 mil milhões, dos quais mais de 60% para créditos em incumprimento. 

Os bancos colocaram ainda dinheiro de parte para fazerem face a perdas potenciais com os imóveis recebidos em dação em pagamento - cujo valor de mercado continua a desvalorizar - e com participações financeiras. Na CGD, as participações detidas na PT, Fundo Discovery e La Seda, bem como os títulos detidos pela área seguradora, obrigaram o banco público a provisionar 538 milhões, 35% do total das suas provisões para 2012. Já o BCP dotou 427,2 milhões para imparidades na unidade grega e mais 358,2 milhões para perdas potenciais nos imóveis entregues em dação em pagamento, ou seja 38,5% do total provisionado no último ano. 

Apesar disso é no crédito malparado que as instituições encontram agora o seu principal factor de pressão. O crédito em incumprimento, há mais de 90 dias, atingiu no final de 2012 um total de 12,5 mil milhões de euros, um aumento de 37% face ao homólogo. Um montante que elevou o rácio médio de crédito malparado nos cinco maiores bancos de 3,09% para 4,42%, provocado em larga escala pelo crédito a empresas. No BCP e na CGD, este rácio atinge os 6,2% e 5,3%, respectivamente. Já o rácio médio de crédito em risco - que inclui, entre outros, também crédito reestruturado - aumentou de 5,93% para 8,09%.

Dados que justificam, em parte, a forte quebra na concessão de novos créditos, dado o risco e o custo que passou estar associado a estes activos. CGD, BCP, BES, BPI e Santander Totta cortaram, no seu conjunto, 10,3 mil milhões da sua carteira de crédito, uma quebra de 3,9%. Quase metade deste valor, 4,7 mil milhões de euros, resulta da diminuição da carteira de crédito do BCP. Também assim se compreende que tenha sido o banco liderado por Nuno Amado a registar a correcção mais expressiva no rácio de transformação depósitos/crédito, que caiu de 143% para 129%. Nota também para a CGD, cujo rácio se encontra já abaixo dos 120% - tal como já acontecia no BPI - atingindo os 114% no final do ano. De lembrar que, segundo imposição da ‘troika', os bancos portugueses estão obrigados a baixar este rácio para os 120% no final de 2014. 

E se em 2011, a maioria dos bancos portugueses conseguiu começar a corrigir este rácio por via de uma forte captação de depósitos de clientes, no último ano esta correcção foi sustentada por via de cortes no crédito, e assim deverá continuar a ser em 2013. A capacidade dos bancos portugueses continuarem a aumentar depósitos parece começar a esgotar-se. 

Embora o montante total de depósitos dos cinco maiores bancos tenha aumentado quatro mil milhões de euros no último ano, 85% deste montante foi captado pelo BCP e CGD, e com um forte contributo da actividade internacional.

Fonte: Económico

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