Mercado da habitação apresenta indicadores positivos em Abril

Depois de meses em que a quebra das vendas de habitação foi uma realidade, este mercado começou a apresentar alguns indicadores positivos, como é o caso do aumento do preço médio da avaliação bancária, ao mesmo tempo que promotores e agentes do setor constatam uma melhoria de expetativas nas vendas. 
De acordo com os dados publicados pelo INE, o valor médio de avaliação bancária, realizada no âmbito da concessão de crédito à habitação, situou-se, em Abril, em 984 euros/m2, traduzindo um aumento em cadeia de 0,3% (3 euros/m2), após a forte diminuição de 1,7% (17 euros/m2) registada em Março.

Este acréscimo refletiu os aumentos observados nas regiões Norte (onde se passou de um valor médio de avaliação de 874 euros/m2 em Março, para 880 euros/m2 em Abril) e Centro (variação de 1,7% para um valor médio de avaliação de 828 euros/m2), parcialmente compensados por decréscimos registados nas restantes regiões. Contudo, comparativamente com igual período de 2012, o valor médio de avaliação bancária diminuiu 6,9% em Abril (variação igual no mês anterior). A diminuição do valor médio foi mais intensa nas regiões do Algarve (-10,3%) e Alentejo (-9,2%), onde se observaram valores médios de avaliação de 1183 euros/m2 e de 876 euros/m2 em Abril, respectivamente.

Também o Inquérito Mensal de Conjuntura da APEMIP- Associação dos Profissionais e das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, revela que no primeiro trimestre deste ano, “as expetativas de curto prazo das empresas inquiridas mostram algum otimismo, que se prende essencialmente com o novo regime legal que regula a atividade, bem como os golden visa, que atribuem autorização de residência no país, bem como outras condições atrativas, a estrangeiros que invistam no imobiliário um valor igual ou superior a 500 mil euros, requisito que é visto como um incentivo ao setor do imobiliário e da construção, afetado pela forte quebra de investimento e vendas”.

Contudo, o estudo da associação que agrega as mediadoras imobiliárias adverte, ainda, que “o ambiente socioeconómico que se vive no país, com particular enfâse sobre a restritividade bancária e na deterioração do poder de compra das famílias, tem vindo a refletir-se nos últimos meses de forma negativa nas expetativas futuras da atividade de mediação imobiliária”.

Sinais de estabilização no PHMS

De acordo com o Portuguese Housing Market Survey (PHMS) de abril de 2013, o mercado de compra e venda de habitação voltou a travar a queda de alguns dos seus principais indicadores, dando continuidade aos sinais de estabilização iniciados no mês anterior e que interromperam o percurso de agravamento da performance que este mercado tem vindo a registar nos últimos dois anos.

Em abril, as expectativas sobre vendas tornaram-se positivas pela primeira vez desde Setembro de 2010. O mesmo sucedeu com as novas ordens de venda (ofertas), que aumentaram pela primeira vez desde Outubro de 2010.Considerando os sinais positivos do mês passado, relativos ao maior interesse por potenciais compradores, parece haver motivo para considerar estas tendências como algo mais do que simples variações sem sustentação.

Concessão de crédito estabiliza a partir de 2012

A concessão de créditos à habitação sofreu uma quebra muito significativa desde 2007 até ao momento. Contudo, é visível que a partir de 2012 houve uma estabilização nos montantes concedidos. De acordo com Market Outlook de Maio de 2013, do Gabinete de Estudos da APEMIP, em Agosto de 2012 foram concedidos 161 milhões de euros, em Outubro 156 milhões, subiu novamente em Novembro e Dezembro para 160 e 202 milhões de euros respectivamente e em Janeiro deste ano desceu para os 149 milhões de euros. A prestação média nos novos créditos à habitação também tem tido uma evolução estável, com uma ligeira descida desde Setembro de 2012, em que estava nos 354 euros, em Novembro encontravase nos 340 euros, em Janeiro deste ano nos 321 e Fevereiro nos 312 euros. Para esta situação tem também contribuído a descida do spread médio aplicado, que em Setembro de 2012 estava nos 3,21%, em Novembro já nos 3,06% e em Janeiro com 2,94%. O mesmo se passa com a taxa de juros dos empréstimos concedidos à habitação, que em Agosto de 2012 estava em 3,72%, Outubro em 3,48%,

Dezembro 3,39% e em Janeiro deste ano já nos 3,28%. Por seu lado a Euribor a seis meses e a taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE) têm vindo a baixar. Em Novembro de 2012 a Euribor a seis meses encontravase nos 0,35% e a referência do BCE era de 0,75%, em Janeiro deste ano já estavam nos 0,34% e 0,75% respectivamente e em Março nos 0,33% e 0,75%.

Quanto ao valor médio dos novos créditos concedidos para habitação também tem registado uma descida. Em Setembro do ano passado foi de 75.299 euros, em Dezembro 74.500 euros e em Janeiro deste ano era de 75.042 euros e em Fevereiro de 73.749 euros.

Fonte: Público