03 julho 2013

Comprar casa, para quê?


Os bancos oferecem hoje um menu caro e limitado para a compra de casa própria.
A regra geral, em Portugal, era viver em casas arrendadas. Até que a queda das taxas de juro e os lucros elevados, fáceis e rápidos garantidos pela construção e venda de casas, a que se aliava uma lei do arrendamento insegura para os proprietários, lançaram os portugueses na aquisição de casa própria. Hoje é um factor de rigidez em várias frentes das mudanças que o país tem de fazer, nas famílias, no mercado de trabalho e nos bancos. E as casas em excesso nem se revelam interessantes como aplicação financeira.

Para compensar erros passados, os bancos oferecem agora um menu caro e limitado para aquisição de casa própria. A par da subida das margens que cobram sobre a taxa de juro euribor, aumentaram as comissões. E alguns apenas facilitam a concessão de financiamento para a compra de casas que têm nos seus balanços, quer porque quem as comprou deixou de as poder pagar, quer porque ficaram com elas por falência das construtoras.

Ainda que não se possa dizer que Portugal teve uma bolha imobiliária como a registada, via preços, pela Espanha ou pela Irlanda, há sintomas de bolha pela quantidade. Basta andar pelas cidades ou pelos seus subúrbios para perceber que existe excesso de oferta. Desde prédios por ocupar ou inacabados nas zonas suburbanas, a apartamentos que se mantêm à venda sem compradores mesmo no centro das cidades.

O excesso de oferta reforçou-se ainda com a actualização do valor dos imóveis e a sua respectiva tributação, a que se somou uma nova lei do arrendamento um pouco menos protectora do inquilino. Ter património imobiliário fechado, sem o rentabilizar, sai hoje bastante mais caro do que antes da reavaliação dos imóveis, o que obrigou a colocar essas casas também no mercado.

Esse aumento da oferta de imóveis também para arrendar reflecte-se na rentabilidade que hoje se consegue retirar deles. De acordo com a Deco, num artigo publicado no Negócios dia 16 de Junho, a rentabilidade anual média da compra de casa para arrendamento é de 3% nas principais zonas residenciais da Grande Lisboa e do Grande Porto.

O excesso de oferta, como sempre, dá vantagens a quem está do lado da procura. Quem precisa de uma casa já não tem hoje como única opção a compra, como acontecia num passado que nem cinco anos tem. Pode comprar barato e pode igualmente arrendar barato.

A grande recessão está a revelar que o arrendamento é uma opção mais flexível do que a compra de casa, especialmente para a classe média que a qualquer momento pode ter cortes no rendimento ou enfrentar na família o despedimento. Quem vive em casa arrendada rapidamente pode mudar de cidade, para onde há emprego, ou mudar de casa para outra mais barata.

Fonte: Negócios

1 comentário:

  1. Completamente falso. Comprar casa continua a ser o melhor investimento. Quem arrenda paga casa até morrer e não têm capacidade de aforro. Comprar é mais barato que arrendar. Quem compra terá custo zero com habitação na idade da reforma. Vivemos cada vez mais anos e com mais qualidade de vida. Quando os rendimentos descerem na idade da reforma quem compra será compensado por não ter custos com habitação.

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