As informações reveladas à Lusa por fonte do gabinete do vice- primeiro-ministro Paulo Portas no final de Dezembro dão conta da atribuição de 471 Golden Visa, que na prática se traduzem em autorizações de residência geradas em actividade de investimento. O imobiliário foi a via preferida pelos investidores com esta motivação, gerando €272,4 dos €306,7 milhões investidos por estrangeiros a quem foi atribuído um visto “dourado”, ou seja, com um peso de 89% do total investido.
Com o investimento gerado nos Golden Visa, novas nacionalidades emergiram no imobiliário nacional, com os Chineses a liderarem este movimento de forma destacada (399 vistos atribuídos), seguindo-se a Rússia, Brasil, Angola e África do Sul. De acordo com Paulo Silva, managing director da consultora Aguirre Newman, especialmente na Grande Lisboa, a China é de facto a principal origem destes investidores, “os quais permitiram sair de um mercado letárgico como o existente no início do ano, para um mercado em que de repente os produtos parecem não chegar para as encomendas”.
O sector imobiliário congratula-se com esta nova via de captação de capital para Portugal, a qual terá, em 2013, um impacto bastante positivo num mercado que em 2012 registou um volume de investimento em imobiliário em mínimos históricos, com transacções anuais que não superaram os €125 milhões. Com este investimento gerado nos vistos Gold, o total do investimento imobiliário no nosso país registará um crescimento muito expressivo, considerando que o mercado institucional tinha transaccionado no acumulado do ano até Setembro €235 milhões, de acordo com dados da Jones Lang LaSalle. Estão ainda por apurar os investimentos institucionais concretizados no 4º trimestre.
Além do impacto no volume transaccionado, uma vantagem dos Golden Visa é também a vitalidade que incutiu no mercado imobiliário. “Esta «nova procura» veio criar condições para que muitos projectos incapazes de resistir às restrições do consumo interno estejam neste momento a ser vendidos, permitindo aos promotores/proprietários desalavancar os seus compromissos junto da banca e de terceiros”, explica Fernando Ferreira, Diretor de Capital Markets da Jones Lang LaSalle. “Obviamente que esta captação de investimento estrangeiro para Portugal, é bastante importante no contexto actual do mercado, pois permite escoar o produto imobiliário comercial”, considera ainda Pedro Rutkowski, CEO da consultora WORX.
O balanço para um ano de funcionamento desta medida é, assim, bastante positivo, e, de acordo com Paulo Portas numa declaração à Lusa, prova que “Portugal está de volta ao 'GPS' dos países em que é interessante investir". Para o director geral da consultora imobiliária CBRE, Francisco Horta e Costa,“esta é somente a ponta do iceberg”. O especialista acredita que este valor será multiplicado, quer por via do investimento realizado por particulares, mas também através “do interesse que esta legislação está a gerar em promotores imobiliários oriundos de países como a China e que querem desenvolver projectos de habitação ou turismo residencial no nosso país, para depois venderem o produto acabado aos seus conterrâneos”.
Fonte: Público
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