03 março 2014

Bolsas de imóveis. Bancos estão a praticar spreads a preço de saldo


Além do spread abaixo da média do mercado, pode ainda beneficiar de condições iniciais mais vantajosas se comprar um imóvel à banca. O prazo máximo permitido pode ser alargado e o montante do financiamento pode chegar nalguns casos aos 100%.
Oferecer condições mais atractivas é um dos truques utilizados pelas instituições financeiras para se libertarem dos imóveis que têm em carteira. 

Em muitos casos, apostam na oferta de spreads a preços de saldo. A bolsa de imóveis tem vindo a aumentar, não só devido à falta de capacidade de pagamento por parte dos particulares como também devido às dificuldades dos promotores imobiliários de venderem os imóveis, o que acaba por obrigá-los a entregarem as casas aos bancos, muitas vezes ainda por estrear.

De acordo com a ronda feita pela Associação de Defesa do Consumidor (Deco), em Janeiro, cinco bancos tinham em carteira 5113 casas para alienar (BES com 2593, Santander Totta com 1319, Banco Popular com 800, BPI com 267 e Novagalicia Banco com 134). Para se libertarem destes activos apostam na criação de sites próprios para o efeito, recorrem a serviços de mediação e, acima de tudo, oferecem spreads muito abaixo do crédito tradicional.

Na bolsa de imóveis da banca é possível encontrar spreads a partir de 1% (ver gráfico ao lado. A média fica abaixo dos 3%. Aliás, este último é considerado o máximo a contratar e, mesmo assim, de acordo com a Deco, já será muito elevado. "Se os indexantes (Euribor) subirem a médio e longo prazo, o que é de esperar que venha a acontecer, o impacto no valor da prestação poderá ser incomportável. Neste momento, estes valores são praticamente impossíveis de contratar sem ser pela via da bolsa de imóveis", lembra.

Mas as vantagens não se ficam por aqui: as condições iniciais são mais acessíveis (às vezes nem se paga nada), o prazo máximo permitido pode ser mais alargado e o montante de financiamento pode chegar aos 100%.

NEGOCIAR PREÇO 
Na sua maioria, os bancos garantem facilidade em negociar os preços, mas isso nem sempre acontece. De acordo com o teste realizado pela Deco, apenas o Banco Popular, o BPI e o Novagalicia Banco se mostraram disponíveis a negociar, embora não para o valor proposto: 75% do valor inicial. Já o BES afirmou que, para avançar com a negociação, teria de ser formalizada a proposta, um exemplo seguido pelo BPI.

"Embora não nos tenha sido possível aferir se os preços dos imóveis vendidos pela banca estão realmente abaixo dos do mercado, confirmámos que as circunstâncias de financiamento são, por si só, um atractivo aliciante. Apesar de não ter havido, nalguns casos, abertura para negociar, o nosso conselho é que não deixe de tentar", refere a associação.

Apesar de as condições oferecidas para os imóveis do banco serem, na maior parte dos casos, mais vantajosas, deve ter em conta alguns critérios. Em primeiro lugar, deve encontrar um imóvel que lhe agrade. "As bolsas dos bancos não são assim tão extensas que possibilitem uma escolha quase incondicional. Há limitações ao nível da tipologia ou do estado de conservação, por exemplo. A maior dificuldade pode até estar na localização pretendida."

Outro cuidado diz respeito ao preço pedido. O valor de um imóvel vendido pelo banco não é necessariamente mais baixo. O ideal é comparar com o preço de outros em condições semelhantes que estejam no mercado ou noutros bancos. "Se tiver capitais próprios e não tiver de recorrer ao financiamento, a sua capacidade de negociação será certamente maior. Não correndo qualquer risco com o negócio, o banco poderá mais facilmente conceder uma redução no preço", diz.

Se, depois de analisar estes factores, continuar a achar a casa do seu interesse, avance com a aquisição. "Além de os montantes máximos de financiamento serem superiores, o que possibilita a compra com um volume de capitais próprios mais reduzido, tem a vantagem de ainda poder ficar isento de comissões, diminuindo o esforço inicial que lhe é exigido", conclui a Deco.

Fonte: iOnline

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