Na maioria dos cenários analisados, ao fim de 30 anos, gastou menos dinheiro com o arrendamento do que com a aquisição, no entanto, chega ao fim sem património imobiliário.
Tradicionalmente, os portugueses sempre preferiram ter casa própria, mas esta realidade tem vindo a mudar e são cada vez mais os que vêem no arrendamento a melhor solução de habitação.
O Diário Económico decidiu olhar para as duas soluções para tentar perceber, a longo prazo, quais as implicações financeiras de optar por uma ou outra via. Para tal, foram construídos alguns cenários-base a partir dos quais foram realizadas simulações e comparados os custos globais de arrendar ou comprar casa. No final foi possível constatar que os custos globais do arrendamento são cada vez mais atraentes quando comparados à compra com recurso ao crédito. Isto não quer dizer necessariamente que deve arrendar em vez de comprar: cada via tem as suas vantagens e tudo depende das suas condições financeiras actuais e das suas perspetivas de médio/longo prazo em termos de habitação.
Na prática, nos cenários analisados, ao fim de 30 anos compensa mais arrendar, porque lhe custará bem menos dinheiro. Acontece é que, no caso da compra, no final dos 30 anos terá uma casa sua, mesmo que tenha gasto mais dinheiro; no cenário do arrendamento gastou menos, mas ao final dos 30 anos não terá património imobiliário.
Para esta análise foi tida em conta a média dos preços de compra e arrendamento de T1, T2 e T3, situados em três zonas de Lisboa e Porto, com base em dados do portal imobiliário Casa Yes, facultados pela APEMIP. De salientar que foram considerados preços médios e não individualizados, pelo que no mercado podem-se encontrar valores bastantes diferentes. Para um prazo de 30 anos foram contabilizados os custos totais da compra de casa com recurso ao crédito (incluindo comissões, despesas bancárias, seguros, IMT, IMI e obras) e feita a comparação com aqueles que seriam os encargos caso a solução escolhida fosse o arrendamento. Nas simulações efectuadas através do simulador " Comprar ou arrendar: qual a opção mais vantajosa?" da Deco foram tidas em conta as condições exigidas pelos bancos na concessão de crédito, a necessidade de uma entrada de 30%, um 'spread' mínimo de 2,5% e a média do histórico da Euribor a seis meses (3%) desde 2000. No caso do arrendamento foi considerada ainda uma atualização anual das rendas à taxa de inflação de 2,5%.
Dos seis exemplos simulados, constatou-se que em cinco deles o arrendamento é a opção menos onerosa no longo prazo. Em apenas um dos casos a aquisição sai mais em conta. Num trabalho similar realizado em 2011, a realidade era oposta. com a compra a sobressair como a mais económica. Esta mudança pode ser explicada por várias vias: o encarecimento do custo do crédito (que começa lentamente a regredir), e alguma correção em baixa dos preços do arrendamento.
Face a estes pressupostos, a opção pela aquisição de um T2 usado na zona de Alvalade, em Lisboa avaliado em 212.513 euros, ao fim de 30 anos vai ter um custo total de 458.091 euros, cerca de 89 mil euros a mais do que os encargos totais do arrendamento.A aquisição de um T2 similar na zona de Cedofeita. no Porto, avaliado em 136.607 euros, custaria no final do prazo mais 23 mil euros face ao custo total do arrendamento. Na compra de casa através do crédito, são exigidas ainda entregas iniciais de valores consideráveis: em média em torno de 30% do valor do imóvel. Para muitas famílias trata-se de um esforço financeiro inacessível. Mas quem tenha disponibilidade financeira para assumir estes encargos iniciais, dispõe sempre da mais-valia de, no final do prazo, ficar proprietário do imóvel. É claro que. num cenário hipotético, pode sempre arrendar uma casa e aplicar o que vai poupando num investimento seguro: no final do período pode não ter a casa, mas terá um pé de meia interessante.
Fonte: Diário Económico
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