02 junho 2014

Avaliação bancária das casas recua para mínimos de um ano


Os dados contrariam a estabilização ou subida de preços que os operadores do sector imobiliário têm percepcionado. O valor a que os bancos avaliam as casas na altura de conceder crédito à habitação é um dos principais indicadores do preço do imobiliário em Portugal. Depois dos primeiros sinais de recuperação deste indicador sobretudo na segunda metade de 2013, o arranque deste ano está a ser marcado por uma inversão de tendência. 

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, em Abril, o preço médio da avaliação bancária das casas em Portugal se situou nos 990 euros por metro quadrado, o que representa um decréscimo de 0,3%, face aos 993 euros registados no mês anterior, e de 2,4%, tendo em conta o valor médio que se verificava no arranque deste ano. Tratou-se ainda do sexto mês consecutivo de quedas, com o preço médio da avaliação bancária a baixar para o patamar mais baixo desde Abril do ano passado.

Estes dados saltam à vista numa altura em que muitos agentes já apontaram 2014 como o ano do início da recuperação do sector imobiliário. Uma expectativa que, segundo Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal, se mantém verdadeira. "Estas descidas da avaliação bancária não reflectem o mercado, antes pelo contrário. Nas várias zonas do País, aquilo a que assistimos nos últimos meses é à estabilização ou mesmo recuperação residual dos preços dos imóveis", salienta o responsável da imobiliária.

Parte da explicação para o recente recuo de preços poderá estar assim relacionada com a restritividade no financiamento bancário com finalidade de aquisição de habitação. "Tendo em conta a crise e o passado recente, os bancos apertaram muito os seus critérios de avaliação de risco. Neste momento, já se assiste a alguma vontade por parte de alguns bancos em aumentar as operações de financiamento, mas sentimos que continuam muito conservadores na avaliação do risco das operações", explica Miguel Poisson. Esta situação poderá estar a acontecer no caso concreto da avaliação bancária. Como as instituições financeiras actualmente só emprestam no máximo até 70% ou 80% do preço a que avaliam os imóveis, se o valor dessa avaliação baixar, na prática o montante do financiamento a conceder também é menor.

À excepção do Alentejo, onde se observa em 2014 um aumento do valor médio de avaliação das casas (+0,57%), as restantes zonas geográficas são afectadas por quebras de preços. Lisboa (-4,35%), Madeira (-5,13%) e Algarve (-6,73%), são as zonas do País mais pressionadas.

Fonte: Económico

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