04 junho 2014

Estrangeiros dominam compra de imóveis em Portugal


Depois de um 2013 que marcou o seu regresso a Portugal, os investidores internacionais têm vindo a dominar este ano as compras de imóveis no país, uma tendência visível quer para ativos de rendimento quer para reabilitação.
Portugal parece estar definitivamente na moda entre os investidores estrangeiros. A procura por imobiliário nacional por parte de players internacionais tem vindo a crescer este ano, sendo estes os protagonistas dominantes nas compras de imóveis no nosso país, quer nas aquisições de ativos de rendimento quer também já nas compras para promoção, especialmente dirigido ao segmento de reabilitação.

De acordo com a consultora imobiliária JLL, que recentemente divulgou o seu estudo trimestral Market Pulse, todo o investimento imobiliário em ativos de rendimento (ou seja, em imóveis ocupados ou com potencial de ocupação, com capacidade para, por essa via, gerar rendimento) registado no mercado português no 1º trimestre de 2014 foi realizado exclusivamente por investidores estrangeiros, num total de 28 milhões de euros. Neste tipo de investimento, o retalho, especialmente no comércio de rua, foi o principal alvo, já que concentrou 79% do volume transacionado, contra os 21% alocados ao segmento de escritórios, um volume que, neste último caso, reflete a transação de apenas um edifício. Este último segmento deverá, contudo, atrair mais investimento estrangeiro, uma vez que “o número crescente de investidores internacionais que está atualmente a olhar para a Europa do Sul, está agora a selecionar Portugal à procura de produtos (de escritórios) e retornos que não podem ser encontrados noutros mercados”, nota, por seu turno, a Cushman & Wakefield na análise Snapshot do 1º Trimestre referente a Portugal. 

Conforme explicou Pedro Lancastre, diretor geral da consultora JLL, “desde meados do ano passado que se tem assistido a um crescente interesse por parte dos investidores estrangeiros em adquirir ativos imobiliários em Portugal”, um interesse que, sublinha este responsável, é “muito diversificado, quer na sua proveniência, quer no tipo de produto que é procurado”. Pedro Lancastre avança também que “os 28 milhões de euros de imobiliário de rendimento traduzem um valor ainda tímido face aos negócios de grande volume que estão em perspetiva”.

As perspetivas parecem confirmar-se tendo em conta os negócios que foram anunciados já durante o trimestre em curso. Na Avenida da Liberdade, que tem sido uma das localizações preferidas pelos investidores estrangeiros, a JLL anunciou recentemente a venda, a um investidor de origem brasileira, de um parque de estacionamento integrado no edifício com o número 245 desta avenida.

Um pouco mais acima, na Rua Duque de Palmela, um investidor privado estrangeiro, sobre o qual não foram revelados mais detalhes, comprou o edifício que acolhe a sede da fi rma de advogados Uría Menéndez-Proença de Carvalho e que foi vendido pela espanhola Cerquia, estando localizado no nº 23 de Rua Duque de Palmela. Sem revelar mais detalhes sobre esta operação, a consultora CBRE, que representou o vendedor no negócio, sublinhou que o imóvel foi vendido “com rapidez” e “com uma yield recorde” .

Investidores também querem reabilitar

Mesmo ao lado deste último imóvel, no número 21 da Rua Duque de Palmela, a JLL foi responsável pela venda de um edifício a um promotor de origem chinesa, que adquiriu o prédio para posteriormente o reabilitar para habitação. 

Esta é aliás uma tendência que tem vindo também a ganhar corpo entre os investidores estrangeiros que compram imóveis em Portugal, especialmente os oriundos em países que tradicionalmente não eram muito dinâmicos em Portugal, como são os casos dos compradores chineses ou brasileiros, que têm sido os mais dinâmicos.

Já esta semana, a consultora imobiliária Aguirre Newman anunciou que, nos últimos nove meses, concluiu a venda de 5 edifícios, todos localizados no Centro de Lisboa, a investidores chineses, brasileiros e norte-americanos, revelando que três destes edifícios foram comprados com o objetivo de serem posteriormente reabilitados, o que pressupõe um investimento adicional de 13 milhões de euros, ao qual se somam os 23 milhões de euros que totalizaram a compra dos cinco edifícios. Os restantes dois imóveis cuja venda foi mediada pela Aguirre Newman são para rendimento.

Para Paulo Silva, diretor geral da Aguirre Newman, “a concretização destas operações de investimento confere visibilidade às sérias intenções de investimento imobiliário em Portugal por parte de investidores estrangeiros”, nota, avançando que “brevemente outras operações serão anunciados ao mercado”.

Habitação ganha força

A par do investimento institucional, o mercado imobiliário português tem sido fortemente impulsionado pela compra de imóveis por particulares estrangeiros, especialmente no âmbito da atribuição do Golden Visa, sendo os chineses os mais dinâmicos nesta área. Este programa, que já gerou mais de 580 milhões de euros de investimento estrangeiro desde início do ano passado (e até meados de maio deste ano) tem beneficiado sobretudo o mercado habitacional, conforme nota a consultora JLL no seu research. “A par do investimento em ativos de rendimento e adicionalmente ao volume dos 28 milhões de euros transacionados neste âmbito, é de evidenciar ainda a crescente dinamização do investimento no mercado residencial, incluindo apartamentos turísticos e a compra de edifícios para reabilitar. O programa dos Golden Visa tem sido um dos principais impulsionadores deste mercado”, refere a consultora.

Mas além disso, a habitação parece também estar agora no radar do investimento institucional estrangeiro, conforme avança esta semana o inquérito mensal produzido pela Confidencial Imobiliário e pelo RICS. De acordo com este documento, tem vindo a denotar-se um crescente interesse por parte de investidores institucionais estrangeiros no mercado português de habitação, sobretudo devido à possibilidade de recuperação dos preços. Ricardo Guimarães, Diretor da Ci, explica que “muitos dos testemunhos dos intervenientes no mercado que respondem ao inquérito são relativos ao aumento do número de investidores institucionais interessados no mercado português. Estes players reconhecem o dinamismo do mercado, especialmente devido ao potencial para recuperação dos preços”.

Fonte: Público

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