O investimento estrangeiro em imobiliário está ao rubro em Portugal. Todos dias, as consultoras recebem contactos de investidores à procura de imóveis para comprar, principalmente em Lisboa, e há já muitos e grandes negócios em curso. "Grandes fundos institucionais europeus e norte-americanos estão atualmente em processos de negociação e é esperada a concretização de alguns negócios de valor individual superior a 50 milhões de euros", revela a consultora CBRE.
No total, avançam outras fontes do mercado, as transações em desenvolvimento ou em vias de ser fechadas valem perto de 400 milhões de euros, ou seja, no final do ano, o investimento em ativos imobiliários pode chegar quase ao dobro dos 320 milhões que se concretizaram em 2013. E chegar mais perto dos 710 milhões investidos em 2010 ou dos 946 milhões de 2008.
"O mercado mudou radicalmente. Há muito capital a analisar Portugal e temos um contacto de um novo investidor por dia", disse o responsável pela área de investimento da CBRE, Tim Seconde. De acordo com este responsável, não só regressaram ao mercado os fundos imobiliários alemães que tradicionalmente investiam em Portugal, como há 22 novos tipos de investidores. É o caso dos family offices (empresas que gerem o dinheiro de uma família ou apenas de uma entidade) alemães, suíços, holandeses ou britânicos, mas também de empresas privadas brasileiras e norte-americanas. E, claro, de chineses.
A explicar este boom está o facto de haver muito dinheiro disponível nos grandes fundos institucionais e nos fundos de pensões, que nos anos da crise, entre 2009 e 2012, mal olharam para Portugal.
Na lista de compras estão edifícios de escritórios, lojas de rua, supermercados, restaurantes ou imóveis devolutos para reabilitar e transformar em casas de luxo, a maior parte no centro de Lisboa. Aliás, é precisamente nas zonas do Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Avenidas Novas, Baixa e Chiado que se concentra o interesse destes investidores e a prová-lo está que, dos 110 milhões de euros aplicados na compra de imóveis nos primeiros seis meses, mais de 90% foram nestas zonas.
Começa até a não haver oferta para tanta procura. E não é tanto por não haver produto, mas porque não está à venda ou os proprietários não querem vender para continuar a receber rendimento.
"Temos falta de imóveis disponíveis, mais nos escritórios e lojas de rua", repara uma fonte do mercado, adiantando que se o centro de Lisboa tivesse 20 edifícios de escritórios, modernos, com boas rendas, contratos de longo prazo, que estejam no mercado e custem entre cinco e 20 milhões de euros eles eram todos vendidos até ao final do ano. "Mas não há", diz a mesma fonte. E nas lojas ainda é mais complicado porque a oferta é ainda menor. A alternativa passa, então, por apresentar aos investidores outros imóveis, por exemplo edifícios vazios, mais antigos, que raramente é o que estes investidores pretendem.
Razão para o responsável da área de investimento da Cushman & Wakefield, Luís Rocha Antunes, afirmar que é preciso ser cauteloso. "Interesse existe, mas ao contrário dos anos de euforia em que se comprava logo, agora pondera-se muito mais e querem ativos muito bons e com bons rendimentos."
Venda da sede da EDP foi a maior operação
O negócio mais relevante deste semestre foi a venda da sede da EDP, no Marquês de Pombal. Não só foi a maior dos últimos dez anos. A venda do edifício envolveu nada menos de 56 milhões de euros, cerca de metade de todas as operações realizadas este ano.
A esta operação mediática juntam-se outras transações, menos faladas, mas não menos importantes: a venda da sede da sociedade de advogados Uria Menendez, Proença de Carvalho, um prédio situado no n.o 23 da Avenida Duque de Palmela que pertencia à espanhola Cerquia; ou a loja da Ermenegildo Zegna, no n.o 177 da Avenida da Liberdade, que pertencia ao BPI e foi comprada por um investidor espanhol 6,6 milhões de euros. Ou ainda um edifício devoluto na Duque de Palmela vendido a um investidor chinês, que o vai reabilitar e transformar em um prédio de habitação.
Fonte: Dinheiro Vivo
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