16 setembro 2014

Prestações bancárias em mínimos históricos


Apesar de vivermos a maior crise financeira e económica dos pós guerra nem tudo são más notícias: as prestações do crédito hipotecário pagas pelas famílias irão em breve atingir um valor mínimo histórico.
O fraco crescimento previsto para a zona curo e os fortes riscos de muito baixa inflação ou mesmo deflação levaram o Banco Central Europeu (BCE) a tomar medidas drásticas como a forte queda das taxas de juro de referência, entre outras. Mais recentemente, o seu presidente Mario Draghi afirmou mesmo estar disposto a ir mais além, se necessário, de forma a estimular a procura na zona euro.

Tal facto foi interpretado pelos analistas como sendo um sinal de que houve uma inversão na retórica dominante e de que o banco central está agora disposto a enveredar por medidas de injeção de liquidez massiva na economia a que normalmente se designa por quantitative easing o que, a acontecer, determinará fortemente a política económica dos próximos anos. Essas medidas feiram adotadas muito precocemente pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, com aparentes resultados, dado que as suas economias parecem já estar a retomar, mas contaram sempre com forte resistência da Alemanha.

Em resultado as taxas de juro das dívidas soberanas atingiram novos mínimos e espera-se também uma descida adicional das taxas Euribor que já estavam em forte compressão nos últimos trimestres. A taxa Euribor a 6 meses recua agora para 0,26% e a 3 meses para apenas 0,16%. 

Ora, as taxas Euribor (sobretudo a 3 e 6 meses) são o principal indexante do crédito à habitação com taxa variável. Uma descida das mesmas repercute-se a curto prazo numa descida da prestação mensal significando assim maior "folga" no orçamento da maioria das famílias. 

De facto, de acordo com o INE, no início de 2009 a prestação média no regime geral era de €405/mês (para um capital de €65.500) e em julho de 2014 era de apenas €267/mês (embora para um capital menor de €63.500).

Essa redução, superior a 34% deveu-se sobretudo à queda das taxas de juro, embora outros fatores sejam presentes na equação. No orçamento de uma família com habitação do segmento médio alto os valores serão seguramente muito maiores mas a redução percentual deverá ser tendencialmente semelhante. 

Ainda de acordo com os dados oficiais a taxa média implícita no crédito à habitação tem vindo paulatinamente a descer para 1,5% no passado mês de julho quando a mesma era de 5.8% em janeiro de 2009 significando assim muito menos juros a pagar ao banco. Para os contratos celebrados no último ano, a taxa média é agora de 3,1%, ainda assim menor que no início de 2009 onde ascendia a 5,3%, apesar da fortíssima subida dos spreads para os contratos celebrados após a chegada da troika. 

O facto de se projetar uma pressão do crédito adicional nas taxas de juro Euribor significa que não só as prestações da casa poderão baixar ainda mais um pouco (significando poupanças adicionais de algumas dezenas de euros mensais) como, sobretudo, as mesmas não deverão subir significativamente nos próximos um a dois anos, face à tendência atual. 

Sabendo-se que a pressão sobre os rendimentos e a pressão fiscal deverão continuar nos próximos anos esta é então uma ótima notícia para as famílias com credito hipotecário. De igual forma pode ser um bom indicador para quem quer trocar ou comprar nova casa recorrendo ao crédito. No entanto, não esquecer algumas regras fundamentais na contratação do crédito: analisar as simulações do crédito com incrementos de 1%, 2% ou mesmo 3% da taxa de juro, que a longo prazo poderão acontecer, respeitar taxas de esforço moderadas para o total de créditos (menos de 30% do rendimento mensal) e, sobretudo, escolher a casa certa em localizações menos sujeitas a depreciações de valor a prazo ou que possam mesmo valorizar.

Por Pedro Pimentel, Mestre em Gestão
Fonte: Expresso

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