O comércio de rua em Lisboa tem vindo a conquistar cada vez mais clientes e continua a consolidar-se como canal de expansão para operadores nacionais e internacionais. Esta é a conclusão de um estudo elaborado pela consultora imobiliária Jones Lang LaSalle (JLL) - o Lisbon Street Shopping - que analisou em detalhe os principais destinos comerciais da capital, onde se destacam a Avenida da Liberdade, Rua Castilho, Chiado, Baixa e Príncipe Real.
Analisando desde a área atualmente ocupada, até às lojas que ainda estão disponíveis e qual o seu fator de atração junto dos turistas, a consultora apurou, por exemplo, que os turistas extracomunitários gastam em média €871 por compra na Avenida da Liberdade (valor medido através do Premier Tax Free) e no Chiado ou na Baixa menos de um terço desse valor (€235). Ou que apesar do frenesim de abertura de lojas, a Avenida da Liberdade é aquela com a maior área disponível para ocupar - cerca de 4.800 m2. Ainda que seja o Chiado a apresentar as rendas mais elevadas (pois é a zona com maior procura), com valores a atingir os €95 por m2, enquanto na Avenida da Liberdade a renda prime é atualmente de €75/m2.
Construída ao estilo dos Champs Elysées, é nesta artéria, com um quilómetro de comprimento, que 63% do comércio de luxo tem loja própria ocupando 30.000 m2 de espaços comerciais segundo as contas da JLL.
"A Avenida da Liberdade tem muitos espaços para ocupar ainda que não tenham disponibilidade imediata. Mas até ao final do ano vão abrir cinco novas lojas de luxo. E depois há edifícios que ainda não começaram a ser intervencionados mas cujos projetos já contemplam espaços comerciais e lojas que estão em funcionamento mas que poderão mudar de ocupante", diz Patrícia Araújo, diretora do departamento de Retalho da JLL.
Disponibilidade zero na Castilho
A Rua Castilho prolonga "a elegância da Avenida da Liberdade" a um segmento também prernium. Aqui, a consultora imobiliária contabilizou 5.500 m2 de lojas, ocupando o sector da moda e acessórios cerca de 60%. Neste trecho é difícil encontrar um bom espaço vago. Atualmente não há mesmo disponibilidade de lojas com montra virada para a rua, refere-se no estudo. Nesta zona que é "morada" de vários hotéis de 5 estrelas e é muito frequentada por executivos e estrangeiros que procuram lojas de prestigio, os gastos médio dos turistas, por compra, ronda os €670.
Já o Chiado junta a história e a tradição portuguesa com as novas tendências e conceitos, convivendo livrarias antigas com as grandes marcas internacionais que são pontos de paragem obrigatória de milhares de turistas e lisboetas que por ali passam. No total, estão ocupados 43.500 m2 de área comercial. Disponíveis apenas 3200 m2.
"É, sem dúvida, a zona de maior procura neste momento. E está com muita falta de espaço. Por isso, é o local com maior pressão nos preços", acentua Maria Empis, responsável pelo departamento de pesquisa da JLL e coordenadora do estudo. O comércio que existe define também as somas desembolsadas por estrangeiros: €235 em média, por compra.
O mesmo que na Baixa, a zona comercial mais antiga da cidade, caracterizada pelas suas ruas simétricas, onde a Rua Augusta se assume como eixo principal. Esta é a "zona de maior potencial de crescimento", diz Patrícia Araújo. "A Rua Augusta é uma zona cómoda, entre o Terreiro do Paço e o Rossio, próximo do Chiado, com bom estacionamento e ponto de passagem obrigatória dos turistas dos cruzeiros. Muita coisa vai acontecer aqui nos próximos tempos. Iremos assistir a uma renovação idêntica à que está a acontecer na Avenida da Liberdade". A Baixa tem neste momento 1.345 m2 de área disponível e cerca de 12.000 m2 de área ocupada.
Aqui misturam-se lojas de souvenirs com lojas de moda, das quais fazem parte algumas das principais insígnias internacionais. A edição espanhola da revista Condé Nast Traveler selecionou a Rua Augusta como uma das mais belas do mundo entre as "31 ruas a percorrer antes de morrer", relembra-se ainda no estudo Lisbon Street Shopping.
A fechar os principais destinos comerciais de Lisboa a consultora escolheu o Príncipe Real. Boémio, alternativo e autêntico são alguns dos adjetivos que se poderiam aplicar ao Príncipe Real. Esta zona, cujo comércio tem vindo a emergir ao longo dos últimos cinco anos, "está definitivamente no radar", alerta a consultora. Conceitos inovadores, ateliês de moda e espaços alternativos têm vindo a implementar-se nesta zona. Conceitos tipicamente de rua juntam-se em palacetes dotados das funcionalidades típicas de uma galeria comercial como a Embaixada e o Entre Tanto.
Com um total de 8.700 m2 de espaços comerciais ocupados, esta zona tem uma elevada representatividade nacional, com mais de 85% dos lojistas com origem lusitana: O preço da renda-prime é o mais baixo: €35 por metro quadrado.
NÚMEROS
- 104 é o número de lojas ocupadas na Avenida da Liberdade, segundo a Jones Lang LaSalle. A Castilho tem 48, o Chiado 284 e a Baixa 105.
- 28,6% é a quota absorvida pelos chineses nas vendas tax free, liderando assim o topo da tabela das vendas a estrangeiros. Seguem-se os brasileiros com 26,7% e os angolanos com 24,5%.
Fonte: Expresso
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