22 janeiro 2015

Lisboa entre as 10 cidades europeias mais procuradas para investimento imobiliário


Estudo internacional refere que a capital portuguesa está entre as 10 cidades europeias a que os investidores internacionais estarão mais atentos este ano. A subida de Lisboa no ranking é “impressionante”, de acordo com o estudo publicado há dias pelo Urban Land Institute (ULI) e pela PwC. De acordo com a edição de 2015 do Emerging Trends in Real Estate Europe, a cidade portuguesa está este ano entre as 10 cidades europeias que registam maior interesse por parte dos investidores em imobiliário na Europa, o que traduz uma evolução de 17 posições (26ª para 9ª) no ranking “European Cities for Existing Property Investments” face à edição anterior.


Lisboa beneficia do “enorme aumento da popularidade das oportunidades de investimento imobiliário em diversas cidades que foram especialmente atingidas de forma negativa no última baixa de mercado”, refere o documento, apontando a par da capital exemplos como Madrid, Atenas, Amsterdão, que são todas entradas novas no top 10 e que registaram subidas de entre 16 e 23 posições neste ranking. A lista, que estima quais serão os mercados europeus de investimento imobiliário mais ativos em 2015 de acordo com mais de 500 profissionais da área imobiliária, é liderado por Berlim, seguindo-se Dublin e Madrid. E, além das já referidas, integram ainda as 10 posições cimeiras as cidades de Hamburgo, Birmingham, Copenhaga e Londres, esta última na 10ª posição, abaixo de Lisboa.


A composição do ranking devese, sobretudo, à crescente concorrência que se sente nos mercados imobiliários de referência na Europa pelos ativos prime e que tem levado os investidores deslocar-se para “ambientes menos competitivos”, procurando “novas oportunidades em cidades secundárias em recuperação, ativos secundários ou oportunidades de promoção”, explica Lisette Van Doorn, chief executive da ULI Europa. Esta tendência, que já se verifi ca nos Estados Unidos há alguns anos e que estava já evidenciada no relatório da ULI em 2014 “com a entrada dos investidores na Irlanda e Espanha”, ganha ritmo nesta edição com “Atenas, Amesterdão, Birmingham e Lisboa a serem citadas como focos de interesse” acrescenta Lisette Van Doorn.

De acordo com o estudo do ULI e da PwC a subida de Lisboa no ranking é precisamente um reflexo do crescente interesse na “reemergente” Europa do Sul e beneficia, em parte, do alargamento do foco para além de Espanha. Em comentário aos resultados do estudo, Gilberto Jordan, Chairman da ULI Portugal, sublinha que “o forte ajuste do mercado aliado à perspectiva de um aumento da capacidade competitiva do tecido empresarial nacional, com a redução do peso do Estado e a atratividade de Portugal para viver ou para o investimento produtivo de origem internacional, atraem investidores estrangeiros para ativos nacionais, em particular imobiliários, na área metropolitana de Lisboa, cidade capital”. Na sua opinião, “o interesse por Lisboa é o resultado de uma grande e diversificada gama de fatores que confluem para a valorização deste importante ativo chamado “imobiliário””.

O país é visto de forma positiva, com o estudo a evidenciar que “Portugal teve uma saída limpa do resgate financeiro de €78 mil milhões” e a sua “ economia está a melhorar, com o Banco de Portugal a estimar um crescimento do PIB de 1,5% em 2015”. Para Eric van Leuven, Managing Partner da consultora imobiliária Cushman & Wakefield, também essa saída “limpa” do programa de assistência financeira, além do “regresso aos mercados financeiros, e da melhoria (mesmo que tímida) de outros indicadores como o crescimento económico e o desemprego” levaram a que o mercado português voltasse a “atrair investidores que, pressionados pelo peso do capital por investir, percecionam Lisboa como sendo uma cidade com um grau razoável de sofisticação e de transparência, aliado a rentabilidades superiores às de outros países da zona Euro”. Esta procura de maiores retornos é também apontada por Simon Hardwick, real estate partner na PwC Legal e um dos autores do estudo. O responsável refere que “a vaga de investidores altamente capitalizados que está a entrar nos mercados imobiliários europeus é inteligente e sofisticada”, acrescentando que a “sua necessidade de preservar e criar nova riqueza irá, afastá-los dos mercados core, onde muitos sentem que o valor ganho será pouco, deslocando-se para ativos, promoções e cidades que lhes permitam ter a oportunidade de alcançar melhores retornos”.

Retalho e escritórios destacados

No que concerne o mercado imobiliário, o estudo destaca os escritórios no centro de Lisboa, que registam uma estabilização quer das rendas quer das prime yields. “Há uma crescente concorrência pelo número limitado de ativos prime”, o que “levou a uma viragem no mercado de investimento”, nota o estudo. Aliás, um dos inquiridos no estudo vai mesmo mais longe, afirmando que “a ‘cadeia alimentar’ no mercado mudou, como os compradores no fundo e os vendedores no topo”.

Também quem trabalha no mercado aponta a esta limitação de ativos prime como um obstáculo ao crescimento do mercado. “A principal condicionante à concretização das intenções de investimento prende-se com a falta de produto que se ajuste aos requisitos procurados”, diz Paulo Silva, Managing Director da consultora imobiliária Aguirre Newman. Para este responsável, isso deverá trazer “uma valorização dos ativos existentes sendo que aqueles que são mais interessantes serão como que sujeitos a ‘leilão’”.

Por outro lado, a dimensão do próprio mercado poderá também ser um handicap, já que, se é verdade que “os investidores internacionais estão a impulsionar o mercado” em Portugal, “os que procuram negócios de grande dimensão terão dificuldades em encontrá-los”, refere outro inquirido citado pelo estudo.

Pedro Lancastre, Diretor Geral da consultora imobiliária JLL, confirma a atratividade do imobiliário nacional para os investidores estrangeiros, referindo que o investimento externo pesou 86% do volume transacionado em 2014, que a consulta estima tenha atingido os 715 milhões de euros. E para este responsável, “tudo indica que a aposta destes investidores se deverá manter ou mesmo reforçar-se ao longo deste ano”.

O estudo considera que o retalho prime nacional parece ser um segmento interessante para os investidores, que indicam o crescimento sentido nas vendas, o poderá fazer aumentar as rendas. Os centros comerciais em Lisboa e arredores “oferecem boas perspectivas de investimento”, nota o estudo, embora apenas se “tiverem um mix alargado de inquilinos e estiverem numa boa área de influência”. Para Pedro Lancastre, também o comércio de rua “para rendimento nas zonas de comércio mais dinâmicas e os edifícios de escritórios nas zonas mais prime são uma excelente oportunidade que tem registado uma procura crescente”. Mas, na sua opinião “é a reabilitação urbana em Lisboa que oferece mais oportunidades”, destacando que a maior procura a que temos assistido é para imóveis que são reconvertidos em habitação ou em apartamentos turísticos”.

Fonte: Público Imobiliário

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