22 janeiro 2015

Santander Totta só dá crédito à habitação com Euribor a um ano


Perante a perspectiva de queda das taxas para "terreno" negativo, os bancos estão a rever as condições nos empréstimos para a casa. O Santander Totta deixou de dar crédito com Euribor de curto prazo, já o Popular acabou com a taxa a um e três meses.
Praticamente todos os créditos à habitação em Portugal estão indexados a uma taxa variável. A referência é a Euribor, na generalidade dos casos a três ou a seis meses.

Mas com a queda acentuada destas taxas, recuando mesmo para níveis negativos nos prazos até um mês, e perante a possibilidade de a de três também baixar de zero, os bano estão a precaver-se do risco de um sinal de menos. O Santander Totta já só permite, contrair créditos com uma taxa a 12 meses, mas outros bancos eliminaram os prazos mais curtos das suas políticas comerciais.

É uma mudança recente. Até ao último trimestre do ano passado, o banco liderado por António Vieira Monteiro apresentava no seu, preçário a indicação de que os contratos de crédito à habitação poderiam ter como indexante a Euribor a seis e a 12 meses. A partir de Setembro, a possibilidade de escolha deixou de existir. No Santander Totta, os novos créditos têm obrigatoriamente de estar indexados a uma taxa a um ano, algo que já é pratica comum em Espanha, por exemplo. Contactado pelo Negócios, o banco não deu explicação para esta alteração. 

Tal como o Totta esticou o prazo do indexante, também o Banco Popular dilatou os prazos das taxas a que os contratos podem estar associados de forma a evitar problemas futuros com indexantes em "terreno" negativo. Actualmente, só permite créditos à habitação com a Euribor a seis e 12 meses, quando até ao final de 2014 era possível escolher entre quatro prazos: um, três, seis e 12 meses. 

O banco retirou já este mês a possibilidade de contrair créditos que são revistos de três em três meses, mas também aqueles que são actualizados todos os meses. Esta medida vai permitir ao Popular evitar que novos créditos possam ter um indexante em valores negativos. A Euribor a um mês baixou de zero no arranque desta semana, mas a média aritmética deste mês ainda é positiva em 0,008%. Mantendo-se com um sinal de menos, passará para negativo, o que irá afectar alguns dos créditos que o banco tem em carteira. 

Aplicar taxas negativas 

O Negócios questionou o Popular sobre como irá reflectir esta taxa negativa da Euribor, nomeadamente dos empréstimos com a taxa a um mês, nos seus clientes. "O Banco Popular actua sempre em respeito aos contratos celebrados", disse fonte oficial da instituição. Esta questão da aplicação, ou não, de taxas de juro negativas, que em teoria seriam descontadas ao "spread", está envolta em grande incerteza tendo em conta a excepcionalidade da situação. 

O Banco de Portugal, questiona-do, mantém silêncio sobre este tema. Não há uma regra quanto à aplicação destas taxas, sendo que alguns bancos já tornaram urna posição. O BCP foi o primeiro. "Sempre que a componente variável da taxa for negativa, considera-se que a mesma corresponde a zero, sendo a taxa determinada pela adição a este valor da componente fixa da taxa, ou seja, do respectivo `spread", disse o banco. 

O BBVA antecipou o problema ao incluir já em meados do ano passado uma cláusula que prevê que uma taxa negativa seja considerada zero, mas não é claro como irá aplicar aos créditos mais antigos. A CGD, disse João Nuno Palma, administrador financeiro do banco, "ainda está a estuda" as taxas negativas, notando que: "Não é directo, depende do tipo de contrato, do que está assinado". O Negócios tentou contactar outras instituições não foi possível, até ao fecho desta edição, saber como irão proceder perante taxas negativas. 

Fonte: Negócios

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