Esta semana estará em debate na Câmara Municipal de Lisboa a avaliação de um pedido de informação prévia para construção de um empreendimento imobiliário, no gaveto da Avenida Fontes Pereira de Melo com a Avenida 5 de Outubro, que inclui uma torre com 17 andares, destinada a escritórios e comércio, e prevê uma “praça” com uma “extensa superfície arborizada” na base da torre.
Da autoria do atelier Barbas Lopes Arquitectos, a proposta em publicitação pública foi a vencedora de um concurso de ideias promovido pelo promotor imobiliário (Torre da Cidade) e no qual a câmara participou como membro do júri. Numa informação técnica de Fevereiro, o município sublinha que com esta iniciativa, à qual concorreram seis entidades, se pretendia chegar a “uma solução urbana credível e financeiramente viável, com vista à resolução de um problema urbanístico com mais de 20 anos”.
A solução encontrada prevê a demolição integral dos quatro edifícios hoje existentes no local, que, como se sublinha na memória descritiva do projecto, “não constituem elementos com interesse urbanístico, arquitectónico ou cultural”. Em seu lugar deverá surgir uma torre com 17 andares, formada pela “composição de dois corpos paralelepípedos”, que “pretende assumir-se como um objecto arquitectónico de identidade visual marcante”.
“A volumetria do edifício apresenta nos seus dois volumes altimetrias escalonadas, sendo o volume alinhado com a Avenida Fontes Pereira de Melo com a cércea semelhante à do edifício do Imaviz e o volume com o alinhamento da Avenida 5 de Outubro mais baixo 9,27 m”, diz-se num aditamento à memória descritiva, no qual se conclui que “a cércea e o número de pisos do edifício procuram assim relações de congruência com a envolvente”. Abaixo do solo prevê-se um total de seis pisos, com 243 lugares de estacionamento.
Para a base da torre está projectada uma “praça pública”, “confinada pela Rua Pinheiro Chagas, a Rua Viriato e a Rua Latino Coelho”, através da qual será possível chegar à Avenida Fontes Pereira de Melo, percorrendo a pé um caminho “acompanhado de superfícies comerciais” e onde se admite que seja instalado um quiosque.
Na memória descritiva, a arquitecta Patrícia Barbas explica que no “lado norte” dessa praça haverá uma “extensa superfície arborizada”, que designa como “bosque”. A ideia é que essa área, com “uma plantação luxuriante, diversa na forma, cor e textura”, faça o “remate” da Avenida 5 de Outubro, sirva de “enquadramento de fundo” à Casa-Museu Dr. Anastásio Gonçalves e permita a “integração automática, por meio de cortina verde, da fachada tardoz do edificado situado na Rua Pinheiro Chagas”.
Os autores desta proposta consideram que ela permite “o encaixe entre dois tempos da história”: o “tempo romântico” da casa-museu, que foi projectada por Norte Júnior e distinguida com o Prémio Valmor em 1905, e o “tempo moderno”, do Hotel Sheraton e do Centro Comercial Imaviz.
Este projecto prevê uma “superfície de pavimento” acima daquela que está prevista no Plano Director Municipal (PDM). Na informação técnica exarada pelo município em Fevereiro passado explica-se que isso era comum a todas as propostas apresentadas no âmbito do concurso de ideias, “por se socorrerem da possibilidade de aplicação de créditos de construção previstos no Regulamento Municipal que aprova o Sistema de Incentivos a Operações Urbanísticas Com Interesse Municipal e no RPDM [Regulamento do PDM]”.
Há alguns anos, chegou a estar projectada para este local uma torre com cerca de 30 pisos, da autoria do arquitecto Ricardo Bofill, autor do vizinho Atrium Saldanha. Em redor desta proposta, que incluía um hotel e 70 apartamentos para habitação, gerou-se uma ampla discussão sobre a construção em altura em Lisboa.
Patrícia Barbas e Diogo Lopes, do atelier Barbas Lopes Arquitectos, foram, juntamente com Gonçalo Byrne, os autores do projecto de requalificação do Teatro Thalia, em Lisboa. Este projecto valeu-lhes a nomeação para vários prémios internacionais, incluindo do Museu do Design de Londres e o Prémio Mies van der Rohe 2013.
Fonte: Público
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