13 fevereiro 2015

Bancos nacionais têm 20 mil imóveis para vender


Apenas quatro em cada 10 dos imóveis que estão no balanço das instituições financeiras são residenciais. A maior "fatia" são escritórios, lojas e garagens, o que torna mais difícil para os bancos retirá-los do balanço. Há muita oferta e pouca procura. A crise justificou, nos últimos anos, um aumento dos imóveis entregues aos bancos por entrada em incumprimento. O "pico" já terá passado, mas as instituições financeiras continuam a sentir os efeitos. Têm, actualmente, quase 20 imóveis em carteira, que procuram vender. Destes, mais de metade não são para habitação, revelam os dados recolhidos pelo Negócios, o que torna mais difícil retirá-los do balanço.


Perante níveis recorde de incumprimento, muitas famílias e empresários foram forçados a entregar o imóvel ao banco por não conseguirem continuar a cumprir com o pagamento das prestações.

As dações chegaram a atingir os 5.470 imóveis em 2012, segundo a APEMIP. Número que foi diminuindo e, segundo os últimos dados disponíveis, entre Janeiro e Setembro do ano passado, famílias e promotores imobiliários devolveram à banca 1.933 imóveis.

No arranque de 2015, estão publicitados nos "sites" de 11 instituições financeiras (não foi possível obter dados para o BIC e Deutsche Bank) um total de 19.845 imóveis para venda, sendo que só o Novo Banco é responsável por 6.517.

Juntamente com o BCP, Montepio e CGD, representam cerca de 80% do total de imóveis que estão ainda no balanço das instituições para serem alienados. Destes, só quatro em cada 10 dos imóveis anunciados são residenciais. A grande maioria são não residenciais, isto é, referem-se a escritórios, lojas e garagens. Ao todo, estão incluídos nesta tipologia, 12.215 imóveis.

Esta diferença é justificada pelo facto de "o escoamento de imóveis residenciais acompanhar e, por vezes, superar a procura", explica Ricardo Sousa. Já "no segmento dos imóveis não residenciais, verifica-se exactamente o contrário: a oferta é superior à procura", acrescenta o administrador da Century 21 Portugal. 

Menos vendas

O número de imóveis que os bancos têm em carteira "mantêm-se com indicadores idênticos aos que se tem registado em anos anteriores", acredita Ricardo Sousa. Contudo, as vendas destes activos deverão cair ao longo deste ano, tendo em conta que os imóveis residenciais, que são absorvidos de forma "muito rápida" pelo mercado, estão em menor número nas carteiras dos bancos, acrescenta. 

Além disso, "neste momento, os bancos estão com uma política de retoma de concessão de crédito à habitação" pelo que "é expectável que, havendo menos restrições ao crédito, a tendência da procura de outros imóveis (que não da banca) tenda a aumentar", estima Miguel Poisson.

Ou seja, "com a retoma do crédito bancário o mercado vai ter outra dinâmica e, naturalmente, que o escoamento dos imóveis da banca não se efectuará ao mesmo ritmo do ano passado", conclui o director-geral da ERA Portugal.

Fonte: Negócios

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