A perda de clientes angolanos
foi compensada pelo crescimento geral do turismo em Lisboa. Há dois anos os principais clientes das lojas de luxo da Avenida da Liberdade, em Lisboa, eram sobretudo angolanos. Uma classe média e média alta, juntamente com vários quadros de topo de algumas empresas ligadas ao negócio do petróleo, eram visita regular na capital portuguesa.
Havia famílias que viajavam propositadamente de Luanda, instalavam-se durante fins de semana em alguns dos hotéis de cinco estrelas da zona (entre o Marquês de Pombal e as Amoreiras) e passavam grande parte do tempo entre as lojas de luxo sediadas no eixo da Avenida/Baixa/Chiado.
Durante uma grande parte do ano passado, esse fluxo ainda se manifestou, mas, a partir do verão, quando as quebras sucessivas do preço do petróleo obrigaram a rever algumas das previsões macroeconómicas daquele país africano — profundamente dependente do ouro negro — a frequência de angolanos nas lojas da Avenida da Liberdade passou a ser mais espaçada.
De tal forma que, segundo uma fonte da empresa de consultoria imobiliária Cushman & Wakefield — que analisa com regularidade o comportamento do comércio de rua em Lisboa —, compradores russos, chineses e brasileiros passaram a assumir uma posição de destaque que antes não tinham.
Mas o mais curioso, segundo a mesma fonte, é que “em grande parte ou mesmo na totalidade as quebras originadas pelos clientes angolanos acabaram por ser colmatadas pelo aumento generalizado do turismo na cidade de Lisboa, que tem crescido a um ritmo nunca visto desde que há estatísticas neste sector”.
70 novas lojas
no centro de Lisboa
A procura das lojas sobretudo na Avenida da Liberdade tem sido de tal ordem que, nos últimos anos, grandes marcas internacionais de luxo (como a Prada ou a Louis Vuitton) estiveram em lista de espera para conseguirem uma “boa localização”, segundo a C&W.
No último levantamento elaborado por aquela consultora (e que terminou em março), concluiu-se que abriram 70 novas lojas no centro de Lisboa desde o último estudo de há dois anos. As áreas abrangidas incluem a Avenida da Liberdade, o Chiado, a Baixa, os Restauradores e o Rossio.
Nestas artérias existem, segundo a C&W, um total de 298 lojas e 170 restaurantes, ocupando um total de 96 mil metros quadrados. No Rossio e nos Restauradores concentram-se mais os restaurantes e as lojas de moda ficam sobretudo na Avenida.
Segundo a mesma consultora, o Chiado conta atualmente com uma oferta comercial destinada a um público jovem, “com um poder de compra acima da média e que procura maioritariamente artigos de moda”.
Um dado curioso apurado pela C&W refere que 73% das marcas presentes na Avenida da Liberdade são internacionais, o que, segundo uma analista da empresa, “compara com a maioria dos padrões registados noutras capitais europeias”. Enquanto no Chiado predominam as marcas estrangeiras (42%), na Baixa pombalina 50% são classificadas como marcas independentes, ou seja, que não se integram em nenhuma grande cadeia nacional ou internacional.
Fonte: Expresso
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