Caso forme governo, António Costa propõe investir uma fatia de 1.300 milhões de euros do Fundo de Estabilização do Instituto da Segurança Social diretamente no setor da reabilitação urbana. Para o líder socialista, é essencial que o próximo governo possa prosseguir “uma política estável de atração de investimento” para o setor imobiliário, sendo que a reabilitação urbana e o arrendamento deverão ser os principais focos.
E, numa altura em que a questão do financiamento continua a estar na ordem do dia, o secretário geral do PS sugere “direcionar uma pequena parcela de no máximo 10% do Fundo de Estabilização da Segurança Social” em investimento dirigido à reabilitação dos centros das cidades e, dessa forma, ao arrendamento condicionado, isto é, a um mercado de arrendamento direcionado para a classe média e para os agregados familiares mais jovens e no qual as rendas não excedam o valor de um salário mínimo nacional.
Com ativos sob gestão no valor de aproximadamente 13.000 milhões de euros, o Fundo de Estabilidade do Instituto da Segurança Social tem investido fortemente no mercado financeiro da dívida pública. O que a proposta de António Costa sugere é alocar uma fatia “minoritária”, no máximo 10% do seu valor, ao mercado imobiliário, retomando assim a tradição das companhias de seguros e dos fundos de pensões de investir no setor habitacional. A seu ver, esta é uma opção duplamente vantajosa, na medida em que além de permitir “uma aplicação com rendimento atrativo e com baixo risco, permite ao mesmo tempo que esse fundo prossiga com a sua função social de apoiar as famílias portuguesas ao contribuir para que estas possam ter acesso a um mercado habitacional de rendas acessíveis, ao dinamizar a atividade da fileira da construção e do imobiliário e, dessa forma, criar emprego e, ao mesmo tempo, apoiar a revitalização dos centros das cidades portuguesas. Ou seja, “uma medida três em um”, nas palavras de António Costa.
O candidato socialista partilhou o seu programa de governo com a fileira da construção e do imobiliário num Almoço Conferência organizado pela revista Vida Imobiliária ontem em Lisboa, no qual marcaram presença perto de uma centena e meia de profissionais do setor, incluindo diversos líderes associativos.
Período de transição previsto pode ser prolongado
A polémica estalou quando o candidato socialista respondeu à questão colocada pelo presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), Luís Menezes Leitão, sobre se o prazo de transição de cinco anos previsto no Novo Regime do Arrendamento Urbano seria para respeitar ou para prolongar em caso de o PS constituir governo.
Interpelado pelo representante dos proprietários, António Costa disse: “Sem rodeios, que não irei assumir o compromisso de manter em cinco anos o prazo do regime transitório previsto na Lei do Arrendamento, sendo o meu compromisso proteger as famílias que não podem suportar esse fardo”. Uma resposta polémica, que o presidente da ALP contestou, evocando a “injustiça permanente de se exigir ao setor privado, neste caso aos proprietários, que cumpram uma função social; ainda mais quando em muitas das vezes também eles são famílias de rendimentos médios que têm numa habitação arrendada a sua fonte de poupança”.
Evocando a necessidade da “estabilização do ambiente de investimento”, coube a Luís Lima, presidente da APEMIP, que representa os profissionais e empresas de mediação imobiliária, questionar o candidato do PS acerca da sua visão no que toca aos programas fiscais de incentivo ao investimento estrangeiro, que têm contribuído fortemente para o reforço do investimento estrangeiro no setor imobiliário ao longo dos últimos dois anos. A resposta de António Costa foi clara ao declarar-se “favorável a todas as medidas que incentivem a economia e o investimento direto estrangeiro”, incluindo mais concretamente “os tão aclamados regimes do Visto Gold.
Fonte: Público
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