08 maio 2015

Maioria das repúblicas de Coimbra pode fechar portas até 2018


Das 25 repúblicas existentes, seis são propriedade delas próprias ou da Universidade de Coimbra ou da Câmara, "mas as outras 19 estão em perigo", alertou Luís Ferreira, membro da associação, recordando que a República 5 de Outubro já fechou em 2013, a República da Praça viu agora o Tribunal da Relação confirmar o despejo, quatro casas estão à venda e as restantes, ao estarem num regime de transição que termina passados cinco anos após a celebração de um novo contrato, estão em risco de acabar.


"2018 ditará o futuro das repúblicas", disse, durante a apresentação da Associação das Repúblicas de Coimbra, considerando que o NRAU facilita o despejo e não salvaguarda as repúblicas.

A nova lei "é uma armadilha para as repúblicas", criticou o presidente da associação recentemente criada, Gonçalo Quitério, afirmando que as repúblicas, ao serem equiparadas a uma microempresa, leva a que haja um aumento máximo da renda anual de um quinze avos do valor patrimonial da habitação e, terminando um período de transição de cinco anos, os senhorios podem estabelecer um valor de renda que desejarem ou despejar os arrendatários.

As repúblicas "são dos poucos patrimónios em Portugal que não estão protegidos", sublinhou, frisando que muitas das repúblicas, "mais dia menos dia", terão problemas e poderão ver as suas portas fechar.

A Associação das Repúblicas de Coimbra, apresentada hoje ao final da manhã no edifício da Associação Académica de Coimbra (AAC), surgiu a partir da necessidade de haver "um órgão dotado de personalidade jurídica", algo que o Conselho das Repúblicas não tem.

O principal foco da associação será em torno do NRAU, querendo realizar várias reuniões com entidades locais e nacionais e com todos os grupos parlamentares, referiu, observando que alguns dos deputados eleitos por Coimbra "sabem o que são as repúblicas, defendem aqui nas ruas, mas não defendem na Assembleia".

Para além desse trabalho, pretendem avançar com "uma petição para elevação das repúblicas a património municipal", avançou Gonçalo Quitério.

O presidente da AAC, Bruno Matias, também presente na apresentação, criticou a visão "económica" do Governo, que "vence qualquer tipo de tradição ou cultura" e que não procura proteger o património.

Já a vice-reitora da Universidade de Coimbra Helena Freitas salientou que este "é um momento crítico para a vida das repúblicas de Coimbra", sendo necessário encontrarem-se soluções que "garantam a sua continuidade no tempo".

Fonte: Notícias ao Minuto

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