04 fevereiro 2016

A Europa e a América vão ser os mercados mais importantes de marcas de luxo nos próximos cinco anos


As vendas mundiais de bens de luxo continuam a aumentar de acordo com o mais recente relatório da consultora imobiliária global CBRE – “Luxury Retail”. 70%* das compras de bens de luxo por parte de clientes chineses dizem respeito a transações internacionais, o que resulta no aumento de vendas de 13,4% na Europa Ocidental, 18% na Europa de Leste, 26% em África e 5% na América do Norte, nos últimos dois anos.


Carlos Récio, Diretor da Agência de Comércio da CBRE Portugal, comenta que “Em Portugal podemos assistir a um fenómeno similar com as compras efetuadas pelos turistas chineses a crescerem significativamente nos últimos anos e a terem um peso cada vez mais relevante no universo das marcas de luxo estabelecidas no nosso País. A melhoria na oferta, com cada vez mais marcas de luxo representadas, associada a aspectos como o clima, ambiente, experiência de compra, gastronomia, segurança, entre outros, têm projetado Portugal, e em particular Lisboa, como destino turístico de eleição, começando igualmente a ser reconhecido como um destino de compras”.

Para Andrew Phipps, Diretor de Research e Consultoria da CBRE EMEA, “Os clientes chineses representam 30% das compras de bens de luxo em todo o mundo e 70% dessas compras são realizadas fora da China, revelando assim que a tendência descendente da sua economia levou os consumidores asiáticos a alterarem os seus hábitos de consumo.”

“A nova legislação anti estravagância na China e a diferenças de preços que variam até 70%, entre compras realizadas na China ou noutros mercados, são fatores que levaram à procura de produtos de luxo no mercado internacional, onde os preços são muito mais atrativos”, refere Andrew Phipps em comunicado.

Esta mudança nos hábitos de compra dos chineses está, por sua vez, a proporcionar oportunidades para o crescimento das marcas de luxo nos mercados europeu e americano, que vão ser os principais centros de expansão de marcas de luxo dos próximos cinco anos.

Vamos continuar a ver a Europa e os Estados Unidos da América como territórios-chave para marcas de luxo que se querem expandir. Muitos consumidores com elevado poder de compra da Ásia e de África querem fazer as suas compras de bens de luxo em cidades tradicionalmente ligadas ao luxo. Estes clientes valorizam a autenticidade e a experiência associada a fazerem a compra em Milão ou Nova Iorque”.

Em 2015, o principal mercado europeu para a expansão de marcas de luxo foi a Alemanha, país onde se instalaram 46% das marcas de luxo ou reforçaram a sua presença, seguida de França e Reino Unido com uma expansão de 38% e 31% respetivamente.

De acordo com Andrew Phipps, “A Alemanha, França e o Reino Unido continuam a ser mercados críticos para as marcas de luxo. O desafio passa por descobrir excelentes localizações em áreas que apresentam uma procura extremamente elevada". 

Economicamente, o crescimento de afluência em todo o mundo fez aumentar a necessidade de acesso a produtos de luxo. Com o acréscimo de pessoas com poder de compra para adquirirem bens de luxo e consumidores dispostos a viajarem para fazerem as suas compras e para acederem aos melhores negócios e à melhor experiência”.

Os retalhistas devem focar-se em duas questões essenciais:
  1. A experiência de compra - Os retalhistas compreendem que precisam de ser cada vez mais ágeis para se adaptarem às necessidades de clientes estrangeiros que façam compras na Europa e noutros destinos. Em 2014, os visitantes nigerianos ao Reino Unido aumentaram a sua despesa em mais de 50%. São neste momento os quintos maiores clientes em Londres (em despesa), comprando em média quatro vezes mais que um consumidor do Reino Unido. Já não é suficiente contar com colaboradores que falem mandarim, neste momento é também necessário quem domine iorubá. Os consumidores já não querem apenas fazer compras específicas, mas procuram envolver-se numa experiência de marca autêntica que os faça sentir mais valiosos.
  2. Crescimento para novos mercados - À medida que a riqueza se distribui pelo mundo, África e Índia vão seguir as pegadas chinesas como grandes fontes de poder de compra de marcas de luxo. Os embrionários mercados de luxo africano e indiano suscitam grande interesse devido ao aumento da capacidade de compra e ao alargamento da base de consumidores mais novos que desejam gastar mais dinheiro em bens de luxo. Cidades chave em ambas as regiões vão continuar no radar de retalhistas de renome que planeiem uma expansão ou entrada nestas regiões, muito embora verifiquemos alguns impedimentos ao crescimento, como a qualidade do stock ou os elevados impostos a que as importações são sujeitas.
* Fonte: Bain & Company 2015

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