01 fevereiro 2016

Avenida da Liberdade cresce como destino de compras de luxo



É a marca de moda que faltava para consolidar a oferta de luxo na Avenida da Liberdade. A Chanel, cujos acessórios são vendidos em Portugal há 23 anos na loja multimarca Stivali, inaugura na próxima quinta-feira, em Lisboa, o primeiro ponto de venda próprio, na Avenida da Liberdade. O novo espaço tem 50 metros quadrados e, apesar de ocupar parte dos cerca de 600 metros quadrados da Stivali, tem entrada e montra autónomas. Manuel Casal, proprietário da Stivali que vende a Chanel em Portugal, explica que esta abertura se enquadra na estratégia que a marca francesa tem vindo a seguir a nível internacional, com a aposta em lojas próprias em detrimento de pontos de venda multimarca.

Além dos acessórios, malas e sapatos, a nova loja terá também roupa na sua oferta, coisa que até agora não existia no corner na Stivali. “Já tínhamos uma montra Chanel, mas só com acessórios, que era o que vendíamos”, explica Manuel Casal.

O projeto da loja é da responsabilidade do conceituado arquiteto norte-americano Peter Marino, que se dedica à conceção de espaços de retalho para marcas de luxo. Apesar de a arquitetura ter sido desenvolvida pela Chanel, o investimento foi feito na totalidade pela Stivali, mas Manuel Casal escusa-se a revelar o montante envolvido.

Questionado sobre a hipótese de vir a abrir lojas próprias para outras das marcas que vende, Manuel Casal refere apenas que em breve terá novos projetos na Avenida da Liberdade, para onde mudou a Stivali há três anos, vinda da Rua Castilho. "Aumentámos as vendas porque na avenida temos uma visibilidade diferente, temos um espaço quatro ou cinco vezes maior e com mais marcas", avança, garantindo, no entanto, que a maioria da sua clientela é nacional.

A abertura de uma loja própria integrada num espaço multimarca é o caminho que as também francesas Dior e Céline estão a abertura de pontos de venda partilhados na nova Loja das Meias que vai abrir na avenida, transferindo o risco do investimento para os representantes locais.

Patrícia Araújo, diretora de retalho da imobiliária JLL, garante que este formato de abertura não está relacionado com uma eventual falta de espaços comerciais na avenida. "Há edifícios a ser reabilitados e espaços livres. Temos, por exemplo, o número 203 que é um edifício de habitação de qualidade na esquina da Rosa Araújo, com frente de nove lojas, sete viradas para a Rosa Araújo e duas viradas para a Avenida da Liberdade", avança.

Em relação à aposta em espaços menos convencionais (como Paula Amorim, proprietária da Fashion Clinic, se prepara para fazer no Teatro Tivoli), Patrícia Araújo argumenta que "os teatros são espaços muito emblemáticos, apreciados pelas marcas", dando como exemplo o contrato fechado com a Mango para abrir uma loja no edifício do antigo Eden, nos Restauradores. "0 Teatro Tivoli é para ser adaptado, para ter lojas para Rosa a rua", refere a responsável da JLL sobre o imóvel que poderá vir a albergar uma loja Louboutin, hipótese que Paula Amorim (que já vende os sapatos desta marca francesa na Fashion Clinic) se escusa a comentar.

Apesar de a oferta estar a aumentar, Patrícia Araújo garante que o preço dos arrendamentos está estável. "Está, em média, nos €85 por metro quadrado por mês e a tendência para 2016 é as rendas manterem-se", garante a responsável da JLL. Carlos Récio, diretor do departamento de retalho da imobiliária CBRE, por seu lado, avança que a consultora que dirige está a concluir negociações na Avenida da Liberdade em que o montante em causa são €65 por metro quadrado por mês. "Mas se tiver lojas com 100, 120 metros quadrados consigo arrendar a €100 por metro quadrado", refere o responsável da CBRE salientando o tamanho da loja corno uma variável na formação do preço da renda por metro quadrado.

Carlos Récio considera que ainda há mercado para a corrida das marcas de luxo à Avenida da Liberdade continuar em 2016. "Isso não será infinito, por exemplo, se houver um revés económico a nível mundial, porque essas lojas estão muito dependentes do turismo", sustenta o especialista em retalho da CBRE. "Até agora, da nossa experiência de operadores, na avenida nenhuma marca se queixa das vendas. O que dizem é que há transferência nos clientes, mais chineses e menos angolanos", remata.

O responsável da CBRE reconhece que existe o risco de os turistas compradores de marcas de luxo poderem vir a deslocar-se para outra cidade com o mesmo tipo de oferta e que entre na moda, mas considera que Lisboa tem características que os estrangeiros valorizam. "Temos o aspeto da simpatia e da segurança, a boa comida e o bom vinho e o bom clima. Um chinês outro dia dizia-me: 'O vosso ar respira-se'", conclui, acrescentando os benefícios fiscais que determinaram o boom da procura de habitação pelos franceses.

Fonte: Expresso

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