18 fevereiro 2016

Prudência no futuro do imobiliário


Apesar da Cushman & Wakefield confirmar que em 2015 existiu uma retoma do sector imobiliário, a realidade é que as previsões futuras da consultora são revistas em baixa. Na apresentação do Marketbeat Portugal Primavera 2016, Marta Esteves Costa responsável pelo departamento de Research e Consultoria da Cushman & Wakefield, explicou que “o crescimento dos últimos três meses do ano (2015) ajudou bastante o PIB e confirmou-se o crescimento positivo” da economia portuguesa.


Ainda assim, como adiantou, as “previsões futuras estão a ser revistas em baixa”, ou seja, com algumas precauções isto porque o crescimento continua muito alavancado na procura interna e nas exportações e a política orçamental do novo Governo pode “impactar negativamente o imobiliário”.

Questões como o aumento da carga fiscal, o aumento de IMI, sobretudo nos ativos comerciais, e a revogação de isenções para Fundos de Pensões e Fundos de Investimento Imobiliário (FII) foram levantadas pela consultora como motivos para alguma prudência em relação ao resto do ano.

Ainda assim, Eric van Leuven, Managing Partner da Cushman & Wakefield, revelou que a consultora tem “grandes investimentos na calha” e num volume “superior a 2015”.

Relativamente ao Marketbeat Primavera 2015, Marta Esteves Costa salientou que na área do Retalho existem “novas oportunidades”, nomeadamente de “expansão para os retalhistas”, tendo sido notório um aumento não só das intenções de procura mas também da ocupação efetiva de espaços comerciais, além da “diversificação do formato para os consumidores”.

A par da manutenção do dinamismo no comércio de rua, verificou-se uma nova realidade: os centros comerciais começaram a dar “sinais de inversão”. De acordo com Eric van Leuven, esperam-se “novos centros comerciais construídos de raiz, mais pequenos e com um crescimento sustentado”.

Pela primeira vez a consultora procedeu ao ‘Estudo Transacções 2015’. Embora seja apenas uma amostra, ao nível do retalho revela que Lisboa e Porto registaram a maior proporção da procura de espaços de retalho, 47% e 18% respectivamente; muito embora 35% dos contratos tenham sido negociados “em cidades secundárias”, em espaços fora da Grande Lisboa e Grande Porto.

Ao nível dos escritórios, apesar da evolução positiva e de se terem transacionado 145.000 m2 de espaços de escritórios distribuídos por 256 operações, ou seja, mais 14% que em 2014 e mais 44% em relação à média dos últimos 5 anos, Marta Esteves Costa refere que “as operações continuam a ser abaixo dos 500 m2 (73%), em linha com a dinâmica tradicional do mercado”. Mau grado, a oferta futura dá sinais de retoma e de existir margem para a subida de rendas prime no decorrer de 2016.

No sector Industrial e Logística, as perspectivas da consultora são de que o crescimento na indústria ainda não vai chegar ao imobiliário e que a logística vai manter uma ocupação tímida mas que, ainda assim, se trata de uma actividade de investimento em clara expansão.

No que concerne à hotelaria, embora tenha existido um crescimento do sector fruto do aumento da procura turística, a atividade imobiliária continua ainda tímida, apesar da importante quantia alocada ao sector em termos de investimento na ordem dos 250 milhões de euros. Paralelamente, a consultora diz também que ao nível do residencial, a atractividade de imóveis para projectos de reabilitação urbana é crescente e para tal muito contribui o crescimento do turismo e de um enquadramento legal favorável.

Uma nota ainda para o facto de Portugal estar agora na mira de novos investidores internacionais. Eric van Leuven explicou que “se em 2007 eram os investidores tradicionais, conservadores e FII nacionais e estrangeiros, sobretudo alemães e suíços, hoje a origem geográfica é mais diversa e também é mais diverso o perfil de risco”. Com efeito, este ‘risco’ passa pela procura por um “produto menos prime, com mais área vazia e com preços mais atraentes”, dando o exemplo de um portfólio de retail parques que foi vendido no final do ano e que continha dois ou três espaços com dificuldades e lojas vazias, sendo, como tal, um investimento com um “horizonte mais curto”, conclui Eric van Leuven. Na sequência desta realidade, hoje os investidores enfrentam também uma maior concorrência.

Como a Cushman & Wakefield já tinha anunciado, 2015 atingiu novos recordes de investimento imobiliário, obtendo um volume de negócios no sector comercial de 1.900 milhões de euros, isto é, mais que duplicou o valor de 2014.

Fonte: Magazine Imobiliário

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