O crescimento do mercado de habitação de luxo deverá continuar alicerçado no investimento externo, com a procura oriunda de novos mercados e novos perfis de compradores. O segmento de luxo em Portugal atravessa uma tendência de “continuado aumento do investimento estrangeiro, particularmente de outras nacionalidades que tradicionalmente não olham para Portugal como um destino de investimento”.
De acordo com Francisco Quintela e Carlos Penalva (na foto), partners da Quintela e Penalva, o que irá contribuir para esta realidade “é não só o desenvolvimento do país enquanto destino turístico e mesmo residencial - sendo cada vez mais um local elegido por start-ups, por exemplo, o que com o Websumit só irá intensificar-se - como também a crescente divulgação do país”.
Por outro lado, consideram, “com a elevada taxa de rentabilidade que neste momento é possível com investimentos imobiliários, no segmento luxo, em certas zonas de Lisboa, por exemplo, o interesse dos investidores portugueses também aumentou significativamente e a tendência é que este crescimento seja acentuado”.
Estes operadores observam que “enquanto apenas cerca de 20% do total investido em imobiliário em Portugal tem origem estrangeira, no segmento de imóveis de luxo este valor sobre para 51%”. Assim, “apesar deste crescimento de investimento nacional no segmento de luxo”, é de prever que “os investidores estrangeiros deverão continuar a ser quem mais investe”.
Novos mercados e procura
Neste cenário, a projeção internacional de Portugal e das cidades de Lisboa e Porto como destinos de excelência “atraiu vários investidores institucionais e particulares para a compra de imobiliário de luxo”. Nos últimos anos, “o número de clientes de origem brasileira, francesa, chinesa e portuguesa que procuraram imóveis de luxo cresceu significativamente nas zonas de Lisboa, Porto e Algarve”, apontam Francisco Quintela e Carlos Penalva.
Em relação aos investidores internacionais, “para além da crescente atratividade e “trendiness” de Portugal enquanto destino, o incentivo fiscal dado a residentes não habituais e o ‘Golden Visa’ motivaram uma crescente procura neste sector”.
Este enquadramento, perspetivam, “deverá manter-se, pois contribui para a atração de investimento estrangeiro no país, sendo que o sector imobiliário é dos poucos setores da nossa economia - muito necessitada de investimento - que mantem uma elevada atratividade”.
Em paralelo, a procura dos chamados Vistos Gold tenderá a crescer. “No passado mês de Março, o programa de atribuição deste incentivo atingiu o máximo mensal de concessões desde a sua criação, em finais de 2012. Salienta-se ainda que nos primeiros três meses deste ano já se registou cerca de metade do total de vistos concedidos ao longo de todo o ano de 2015”.
Por outro lado, “o atual Governo está a estudar a criação de vistos especiais para profissionais altamente qualificados, start-ups e cientistas que queiram vir para Portugal. Deste modo, se os indicadores do setor do turismo se mantiverem parece que o comportamento político irá continuar a visar este tipo de incentivo ao investimento estrangeiro”. As principais nacionalidades que apostam no país são os brasileiros, angolanos, chineses, russos e franceses.
“O mercado de luxo é o mais atrativo para a maior parte. Isto deve-se muito ao facto dos próprios incentivos, como o dos Vistos Gold, pressuporem investimentos mais elevados. No entanto, procuram imóveis com características diferentes e incentivos distintos”, salientam.
Assim, os chineses “são aliciados pelo regime do Golden Visa”. De acordo com os últimos dados oficiais, a China continua a dominar a tabela com 2.248 Vistos Gold concedidos no total, seguida pelo Brasil com 110 e a Rússia com 99, referem aqueles especialistas.
“As casas que os investidores chineses mais procuram são de construção nova e há uma clara preferência pela zona do Parque das Nações”. Os brasileiros “procuram muito o estatuto de residente não habitual devido a questões fiscais, bem como os franceses”.
Ambos franceses e brasileiros “procuram casas nos centros históricos, urbanos, principalmente em Lisboa e no Porto, embora o tipo de imóvel seja totalmente distinto. Os primeiros procuram casas restauradas ou para restaurar, mesmo que seja sem elevador, enquanto os brasileiros investem principalmente em novos condomínios de luxo”, resumem.
Lisboa destaca-se
No que se refere à procura por este segmento, esta “é tradicionalmente mais orientada para os centros urbanos e para o Algarve”, resumem os partners da Quintela e Penalva. E se “Lisboa continua a ter mais procura do que o Porto”, a Invicta “tem registado um crescimento muito significativo do seu mercado imobiliário”. Ambos os responsáveis salientam que “o centro histórico do Porto valorizou perto de 50% desde 2009, algo que reflete um significativo crescimento da dinâmica de investimento”.
Este ano, o foco dos investidores tem sido mais centrado e Lisboa e no Porto. Os preços de casas no Algarve desceram 1,7% no primeiro trimestre de 2016, situando-se o preço médio em 1.309 euros/m2.
Já o centro histórico de Lisboa “foi o mercado que mais cresceu em Portugal em 2015”, sendo que “as casas localizadas em três freguesias do centro histórico da nossa capital valorizaram 22,3% no ano passado”.
Os valores do imobiliário de Lisboa destacam-se do resto do país, com as exceções do Porto e do Algarve. No entanto, “até em Lisboa existem várias realidades”, apontam. “A valorização média que ocorreu em 2015 nas casas da capital foi cerca de 7%”. Esta média “é muito pouco ilustrativa, pois na Baixa, Chiado, Avenida da Liberdade e Bairro Alto, os aumentos nos preços imobiliários variaram entre 18% a 30%, entre 2014 e 2015, com os preços médios a chegar aos quatro mil euros/m2”.
Aliás, “já há casas no Chiado e na Avenida da Liberdade a sete e dez mil euros/m2. Mas não é apenas a zona histórica da cidade – o Parque das Nações também já tem preços que rondam os seis mil euros por metro quadrado, ou mais”.
Fonte: Público Imobiliário
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