
Mais de 25% das famílias escolhe as taxas fixas no crédito à habitação quando há dois anos a opção das taxa fixa era escolhida por menos de 10% dos clientes da ERA. Inclusivamente algumas instituições financeiras começam a ter mais de 40% dos seus clientes a optar por financiamentos com taxas fixas (para os financiamentos aprovados em 2016). “Numa altura em que as taxas de juro estão num nível historicamente baixo, este poderá ser o momento adequado para decidir fixar a taxa do seu crédito habitação e proteger o seu futuro”. Esta é a ideia base de muitas das campanhas do crédito à habitação com taxa fixa, que está a ser levada a cabo por algumas instituições financeiras.
Contudo, as vantagens futuras das taxas de crédito fixas começam a ganhar cada vez mais adeptos, e são cada vez mais as famílias que optam por esta solução na altura de concretizar um crédito à habitação.
De acordo com Miguel Poisson, diretor geral da ERA Portugal, neste momento “mais de 25% dos clientes que compram habitação através da ERA optam pelas taxas fixas”. Na sua opinião, as famílias estão agora muito mais recetivas a escolher uma taxa fixa, por períodos até 30 anos, porque começam a ter receio que, de um momento para o outro, as taxas Euribor possam iniciar a subida. Atualmente “é possível obter no mercado uma taxa fixa, a 30 anos, abaixo dos 3%, o que pode ser muito interessante para muitas famílias que fazem um investimento de longo prazo e que valorizam a segurança", destaca Miguel Poisson.
Refira-se que a taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno negativo, pela primeira vez, a seis de novembro passado, desceu na última semana para -0,160%, novo mínimo de sempre e menos 0,1 pontos base do que na semana passada. Já a Euribor a três meses, em valores negativos desde 21 de abril de 2015, foi fixada, nesta terça-feira, em -0,264%, novo mínimo de sempre e menos 0,3 pontos base do que na véspera. Esta taxa está em valores negativos desde 21 de abril de 2015.
Contudo, o Banco de Portugal tem-se mostrado preocupado com esta evolução e o governador, Carlos Costa, defendeu em abril, no parlamento, que as taxas Euribor já não refletem os custos de financiamento dos bancos quando concedem empréstimos pelo que deve ser criado um indexante autónomo que aproxime o custo dos créditos à remuneração dos depósitos. As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário. De Portugal, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) participa neste painel.
A nível internacional, há preocupações acrescidas tendo em conta que na reunião de março da Reserva Federal (Fed), os banqueiros norte-americanos avançaram com a possibilidade da subida das taxas de juro em abril. Uma situação que não se concretizou tendo em conta a divisão de opiniões que suscitou esta possibilidade.
Mais tranquilidade às famílias
Miguel Poisson destaca o facto de as famílias começarem a ter consciência de que as taxas fixas são agora vistas como uma “forma de encarar o futuro com mais tranquilidade”. Por isso, os casais jovens e os estrangeiros que compram habitação em Portugal encararem esta como a melhor solução. Ao mesmo tempo, alerta, o fato de as famílias usufruírem agora de rendimentos significativamente mais baixos – devido ao aumento dos impostos e à redução dos salários -, e vêm com preocupação um cenário de aumento das taxas de juro, caso optem por um empréstimo com taxas variáveis.
Na sua opinião, as famílias portuguesas apresentam agora uma mudança na sua forma de ver estes aspetos, privilegiando muito mais a segurança de uma solução que pode manter-se inalterada durante várias décadas. Um novo prisma que se aproxima do pensamento das famílias do Norte da Europa, adeptas desde sempre das taxas de juro fixas.
Em termos de resultados recorde-se que ano de 2015 foi o melhor ano de sempre da ERA em Portugal, com um crescimento de 37% face a 2014. Durante o ano passado foram vendidos mais de 10 mil imóveis, num total de 1200 milhões de euros. Destes, 7% pertenciam à banca, num montante global de 80 milhões de euros. Nos primeiros três meses de 2016 a faturação da ERA cresceu significativamente: 36%, em janeiro, 51%, em fevereiro, e 47%, em março.
Crédito à habitação concedido diminuiu em abril
De acordo com os dados do Banco de Portugal, publicados esta semana, em abril os bancos emprestaram 397 milhões de euros para a compra de casa. Contudo, este valor está em queda face ao mês de março, que atingiu os 491 milhões de euros, um valor máximo desde 2011.
Contudo, em 2016, mantém-se a tendência de crescimento do crédito à habitação já registada no ano passado, elevando para 1.615 milhões de euros o total emprestado nos primeiros quatro meses do ano. Este valor representa um aumento de 63% face ao mesmo período do ano passado, tendo em conta que nos primeiros quatro meses de 2015 houve menos de mil milhões e nos primeiros quatro meses de 2014 apenas 669 milhões. O crédito à habitação continua a representar quase metade de todo o dinheiro emprestado às famílias.
Fonte: Caderno Imobiliário do Vida Económica de 17 de junho de 2016
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