A atual conjuntura do segmento de luxo pede que se evitem “excessos de confiança que podem desencadear um movimento de aumento de preços”. De acordo com Gustavo Soares, Managing Director da Portugal Sotheby´s International Realty, “já se verificam pontualmente comportamentos de aumento e retração das decisões de venda por parte dos proprietários, baseados numa expectativa de que agora não faltam compradores”.
Este operador alerta que não é possível “negligenciar que, à data, existem também mais imóveis para venda no mercado”.
Estes comportamentos, “baseados mais na emoção do que na razão”, refere, “alteram pontualmente as leis da oferta e da procura, levando novamente a uma retração do mercado devido à inflação desmesurada dos preços de venda”.
Na sua opinião, Portugal “tem potencial para incrementar ainda mais a venda de imóveis no segmento de luxo nos mercados externos”. Aliás, afirma Gustavo Soares, “mais do que a fiscalidade ou a política, o principal é que surjam projetos imobiliários de qualidade superior”.
Analisando as propriedades vendidas neste segmento, o mesmo responsável nota que “todas elas têm em comum localizações diferenciadas, projetos com assinatura de arquitetos e preços ajustados ao mercado”.
No que respeita à localização, “os municípios poderão pensar os planos de pormenor olhando também para este ‘novo’ segmento”. Em relação à arquitetura, “é fundamental que os promotores a olhem cada vez mais numa perspetiva, real, de mais-valia para o projeto”. Quanto ao preço, Gustavo Soares estima ser importante “considerar o sector da mediação imobiliária como um aliado essencial no processo de venda do imóvel”. Com esta interação plena dos diversos ‘players’, “certamente criaremos melhores condições para promover e vender mais propriedades de luxo a estrangeiros”, remata Gustavo Soares.
Mercado de extrema exigência
A Portugal Sothebys International Realty fechou o semestre com um crescimento “de cerca de 25% em relação a 2015, tanto ao nível de volume de faturação como número de transações”. Este crescimento, afirma o seu responsável, “torna-se ainda mais relevante por ter sido impulsionado por um incremento real do número de negócios realizados”.
Tratando-se de “um nicho”, o segmento de luxo representa estatisticamente “cerca de 2% do total das transações realizadas” em Portugal. Em 2016, o mercado deverá superar as 100 mil transações, estima Gustavo Soares, pelo que “este segmento representa cerca de 2.000 negócios por ano”. Por isso, conclui, “a atenção aos pormenores é uma exigência primordial”.
Por outro lado, “60% a 70% dos potenciais compradores encontram-se em diferentes locais do mundo, tornando muito mais exigente a construção do plano de marketing e divulgação das propriedades em venda”. Por isso, “têm de se utilizar várias ferramentas para chegar aos locais e aos clientes certos, impondo um nível de investimento muito maior que noutros segmentos”.
Por último, Gustavo Soares aponta “a exigência extrema dos clientes envolvidos”. Esta exigência reflete-se portanto numa “maior complexidade ao nível do processo de recrutamento e seleção”. No caso específico da Sotheby’s, de “10 candidatos iniciais, apenas quatro a cinco são selecionados para integrarem durante três meses a formação inicial, e destes, apenas dois a três são efetivamente recrutados”, conclui.
Fonte: Público Imobiliário
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