Uma das grandes lições desta crise imobiliária é que o valor dos imóveis não “sobe até ao céu”, considera, em entrevista, José Gonçalves, especialista nas áreas de Mercados Financeiros e Crédito à Habitação do Instituto de Formação Bancária (IFB).
Alguns bancos estão a reduzir a percentagem financiamento/garantia no crédito à habitação. Considera que esta tendência vai generalizar-se?
Os bancos em Portugal, desde 2011, reduziram fortemente a percentagem financiamento/garantia (LTV – Loan to Value) em função das medidas restritivas que foram tomadas em relação ao crédito de uma forma generalizada. No momento atual, em que as autoridades monetárias (BCE) procuram injetar dinheiro na economia, os bancos, embora tenham mais capacidade de fazer crédito, continuam a tomar medidas prudenciais na concessão deste tipo de financiamento, procurando evitar os erros do passado nesta matéria que tem implicações nas novas regras prudenciais (Basileia II e III), que, no caso de incumprimento, lhes fazem subir as imparidades e obriga os bancos a reforçarem os seus capitais próprios. Concluindo, podemos dizer que os bancos tendencialmente irão trabalhar com LTV mais baixos, fazendo crédito mais seguro em relação à garantia, não deixando todavia, em casos pontuais, como créditos de desinvestimento, ou seja, venda de imóveis que os bancos detêm, que estas percentagens se aproximem dos 100%.
Considera que a possibilidade de os bancos emprestarem 100% ou mais do valor do imóvel está mais próxima agora?
Será difícil os bancos manterem as práticas que tiveram anteriormente antes da crise. O quadro regulamentar atual leva os bancos a serem mais exigentes na concessão de crédito, tendo em conta as garantias oferecidas. Uma das grandes lições desta crise imobiliária é que o valor dos imóveis não “sobe até ao céu”.
Qual a sua opinião sobre o facto de os clientes estarem a optar cada vez mais pelas taxas de juro fixas?
Alguns clientes têm opta- do por fazer o seu contrato à habitação em taxa fixa, porque estas taxas estão extremamente baixas (a referência são as taxas swap) e anteveem que as taxas de juro dentro da zona euro (Euribor), maioritariamente o indexante dos empréstimos à habitação que agora estão negativas, voltarão a subir no futuro, agravando os custos do financiamento.
Fonte: Vida Económica
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