02 outubro 2016

Imobiliário: a bolha que não existe


Portugal tem alavancado a sua recuperação no setor imobiliário em quatro pilares fundamentais: O crescimento do turismo, os programas 'golden visa' e residentes não habituais, os incentivos fiscais à reabilitação urbana e o trabalho da mediação imobiliária nacional. 
A CBRE acaba de anunciar que as dormidas em alojamentos turísticos em Portugal cresceram 11,2% no primeiro semestre de 2016. O país afirmou-se internacionalmente como nunca, registando, de acordo com a JLL, um crescimento no setor de 25%, entre 2013 e 2015.

Entretanto, o programa 'Golden Visa' captou, de 2012 até esta data, mais de 2,2 mil milhões de euros em investimento, que mais do que duplicou (136%) em 2016. 

Quanto aos incentivos fiscais para a reabilitação urbana, tratou-se de uma medida atraente para o investimento, contribuindo para a relativa perda de competitividade comparada da construção nova. 

Por fim, a mediação imobiliária nacional está cada vez menos dependente do mercado local: a Level Constellation conta com clientes de 11 nacionalidades. Recentemente, no Portugal Real Estate Summit 2016, a JLL anunciava a proveniência dos seus clientes de 33 nacionalidades. 

Importa, no entanto, destacar que, apesar de em franco crescimento, o mercado imobiliário nacional é ainda de reduzida dimensão: a JLL refere que em Lisboa e para o segmento alvo do mercado atual, existem apenas cerca de 700 unidades em comercialização, não existindo produto acabado para venda. Ou seja, a uma procura intensa, responde, presentemente, uma oferta de pequena dimensão, em zonas prime, que se encontra, naturalmente, a exercer pressão sobre os preços. 

Para que se afira da inexistência de qualquer bolha no setor em Portugal, numa análise comparativa relativa ao investimento de 1 milhão de euros no setor, resulta que se compram, com esse montante e para o mesmo tipo de produto, em Londres 25 m2, em Paris 40 m2, em Madrid 83 m2. Em Lisboa, 125 m2. 

Nos próximos tempos, deverá registar-se um crescimento sustentado da oferta e um maior equilíbrio com a procura, que tenderá, apesar de tudo, a crescer também. 

Da atual situação do mercado, pode-se concluir que os preços em zonas prime de Lisboa deverão tender, proximamente, para uma convergência e estabilização, nos 8.000 €/m2. Nas restantes zonas e cidades, deverão acompanhar a tendência de ligeira subida, não se prevendo, no entanto, as alterações substanciais dignas de nota.

Num recente discurso nas Nações Unidas, Justin Trudeau, primeiro-ministo do Canadá, recomendou ao mundo que, todos os dias, escolhesse a esperança em vez do medo. Os portugueses têm de escolher a esperança. Tendo. também, de escolher a gestão responsável das capacidades imensas de Portugal e dos Portugueses, gerindo o atual momento de excelência do mercado imobiliário no sentido do seu crescimento sustentado e da sua afirmação internacional.

Não há bolha imobiliária em Portugal.

Por Pedro Vicente, Diretor-geral da Level Constellation, empresa promotora de capitais chineses
Fonte: Jornal Económico

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