28 janeiro 2017

Luís Lima. “É necessário que o setor financeiro volte a financiar a construção”


O maior desafio do setor imobiliário prende-se com “a escassez cada vez maior de produto imobiliário, o que faz aumentar os preços que, por vezes, se encontram a valores superiores ao que seria desejável”, afirma Luís Lima.
“Para corrigir este problema, é necessário que o setor financeiro volte a financiar o setor da construção, para que haja construção nova, que irá promover a estabilização de preços”, acrescenta o presidente da APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal.

Quais são as prioridades do novo mandato?
A grande prioridade e desafio no nosso horizonte prende-se com a nossa disponibilidade para assumir mais responsabilidades perante o sector imobiliário.
Recentemente, a APEMIP lançou um inquérito junto de empresas de mediação imobiliária a operar em Portugal, e mais de 90% afirmaram reconhecer que a Associação reúne todas as condições para assumir mais responsabilidades em prol da melhoria das condições para a credibilidade da classe e do mercado imobiliário. Mais do que nunca, é imperativo defender o setor, sobretudo num período em que o investimento imobiliário é cada vez mais importante no panorama económico do país, tendo sido essencial para minimizar os impactos da crise.
Esta situação obriga a um grau de responsabilização muito maior por parte de todos os que operam neste mercado, por forma a garantir a credibilidade do sector, e a APEMIP está preparada tal, sempre em parceria com o Estado e conjugando todos os esforços para que em conjunto possamos desenvolver um trabalho que promova um mercado imobiliário mais fidedigno, transparente, e que beneficie toda a sociedade, que também exige isso de nós.
A par disso, continuaremos a promover a internacionalização do mercado imobiliário português, tentando promover, fora do país, regiões que são ainda pouco procuradas mas que têm um grande potencial de crescimento.

Como analisa o atual momento do mercado imobiliário e da mediação em Portugal?
O momento é muito positivo. Desde o final de 2013 que temos vindo a assistir a uma retoma do setor, mas não há dúvida de que 2016 foi um ano fabuloso para o mercado, e 2017 tem todas as condições para ser ainda melhor.

Elevada carga fiscal sobre o imobiliário

Quais são as perspetivas de evolução futuro e os desafios a enfrentar?
O nosso imobiliário tem um grande potencial de valorização e segurança. As perspetivas de evolução focam-se na descentralização do investimento, que hoje está muito centrado nas principais cidades, para outras regiões do país. Mantêm-se também as oportunidades no mercado de reabilitação urbana, para recolocação destes imóveis no mercado, através do arrendamento urbano ou alojamento local.
No que diz respeito aos desafios, o maior de momento prende-se com a escassez cada vez maior de produto imobiliário, o que faz com a procura se supere à oferta existente, e, consequentemente, aumenta os preços que por vezes se encontram a valores superiores ao que seria desejável. Para corrigir este problema, é necessário que o setor financeiro volte a financiar o sector da construção, para que haja construção nova, que irá promover a estabilização de preços.

O adicional do IMI e o agravamento fiscal no alojamento local poderão afetar negativamente a dinâmica turismo-imobiliário?
Só no decorrer deste ano assistiremos ao impacto que o Adicional de IMI terá sobre o setor imobiliário. Na minha opinião, a receita será diminuta face ao impacto negativo que teve sobre a perceção da credibilidade do sector imobiliário.
Quanto ao agravamento fiscal no alojamento local, é mais imposto sobre o património, a juntar a todos os outros que são suficientemente elevados. Infelizmente, um dos grandes problemas do mercado imobiliário é, efetivamente, a elevada carga fiscal que sobre ele cai.

Está cada vez mais em voga arrendar para depois explorar o imóvel para fins turísticos sem se ser proprietário do mesmo. Que pensa desta situação? É legal ou ilegal?
Com o aumento do turismo em Portugal, o alojamento local tem sido cada vez mais procurado, sendo um negócio para muitos proprietários. Esta questão do subarrendamento deve ser sempre do conhecimento do proprietário do imóvel, cuja autorização para promover este negócio deve ser devidamente solicitada pelo arrendatário.

Os preços dos imóveis estão a subir e as taxas de juro mantêm-se baixas. Partindo do pressuposto de que os juros tenderão a acompanhar a subida dos preços no futuro, este é o momento ideal para se investir no imobiliário? E, se assim for, deveria evitar-se incorrer num risco de endividamento excessivo por parte das famílias, como aconteceu no passado?
Como referi, em Portugal o imobiliário tem um grande potencial de valorização, e como tal o investimento no mercado imobiliário é um bom negócio.
Claro está, que não deveremos incorrer nos mesmos erros que cometemos no passado, nomeadamente no que diz respeito ao endividamento excessivo, mas neste aspeto também o setor financeiro tem sido mais cauteloso, uma vez que as condições para concessão de crédito são mais apertadas do que eram a uma década atrás, reduzindo o risco sobre a concessão de crédito à habitação.

Fonte: Vida Económica

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